terça-feira, 12 de novembro de 2013

Sobre os empréstimos de jogadores


Mais uma vez, o Guimarães não pôde utilizar Abdoulaye contra o Porto. Para o campeonato aconteceu uma história qualquer no autocarro à ida para o jogo, e o jogador acabou por não ir sequer para o banco. Agora parece que Rui Vitória arranjou outra história sobre poupar Abdoulaye, que sofria de fadiga depois de ter feito 90 minutos contra o Bétis. Desculpas esfarrapadas que não convencem nem os seus próprios adeptos.

Foto: Pedro G. Lima / ASF

Apesar de haver legislação específica que permite a utilização de jogadores emprestados contra os clubes de origem, o Porto lá vai fazendo do país parvo com estas encenações. Nada que surpreenda, vindo de quem vem.


Mas a verdade é que se Abdoulaye jogasse e tivesse a infelicidade de cometer um erro que prejudicasse a equipa, cá estaria eu a protestar contra a pouca vergonha que é usar um jogador emprestado para facilitar a vitória num jogo. Seria um caso de ser preso por ter cão e preso não ter.

Por isso, parece-me que o único caminho é proibir o empréstimo de jogadores a outros clubes da mesma divisão. Esta política de formar e comprar para emprestar não faz sentido por vários motivos:
  • Os clubes devem deter os passes de jogadores de que realmente precisam, em vez de contribuírem para a especulação dos valores de transferências e de salários (p.ex.: quantos jogadores Porto e Benfica já compraram só para não irem parar ao Sporting, e que depois nem sequer fazem parte do plantel?)
  • Já existem as equipas B para acomodar alguns jogadores que não têm lugar num futuro próximo no plantel principal
  • Desvirtuam a competição, pois determinados clubes podem apresentar-se na máxima força contra umas equipas, e desfalcadas contra outras, por fatores extra-desportivos
As leis sobre os empréstimos têm vindo a ser ajustadas ao longo dos anos de forma a tornarem a competição mais pura. Se continuam a haver clubes que optam por usar estratagemas que lhes permitam contornar a legislação e o espírito de lealdade competitiva que essas mesmas leis procuram assegurar, então é sinal de que as leis devem continuar a ser alteradas. E como já se percebeu que boa fé é coisa que não abunda por cá, e que haverá sempre gente a tentar contornar o espírito da lei, o melhor é proibir os empréstimos de uma vez por todas.