segunda-feira, 23 de junho de 2014

Não nos podemos queixar da sorte

                                                                                                                                                            
Dificilmente o jogo poderia ter começado de melhor forma. Um golo marcado por Nani aos cinco minutos, na sequência de uma enorme cortesia dos jogadores adversários, colocou-nos na posição que mais se adequa às características dos nossos jogadores: dar a iniciativa ao adversário e tentar matar o jogo em contra-ataque.

Infelizmente não soubemos aproveitar essa benesse. Os americanos mandaram totalmente no jogo sem que a nossa seleção conseguisse pô-los em sentido aproveitando o seu adiantamento. Até à meia-hora de jogo fomos sufocados pela cavalgada dos americanos pelo nosso flanco esquerdo. André Almeida fez o que lhe foi possível, atendendo que estava completamente abandonado pelos colegas. Só quando Meireles encostou à esquerda para dar o apoio que se impunha há muito, é que o jogo acabou por estabilizar. No final da primeira parte veio o único momento de infelicidade, quando Nani fez um grande remate a 30 metros ao poste e Éder, na recarga, obrigou Howard a uma excelente defesa.

Mais uma vez as lesões apareceram em força: Postiga aguentou pouco mais que dez minutos, e André Almeida jogou em sacrifício na fase final da primeira parte, acabando por sair ao intervalo. William entrou para o meio e Veloso passou para defesa esquerdo. Já não considero as lesões uma infelicidade - são demasiados casos para ser uma simples questão de sorte ou azar.

William entrou muito bem. Portugal parecia controlar a partida, mas os EUA conseguiram empatar num grande remate de fora da área, na segunda vaga de um canto. Pouco depois deram a volta num lance em que a nossa defesa esteve aos papéis. 

A partir daí, a ausência de ideias a atacar da nossa seleção ficou completamente exposta aos olhos do mundo. Bolas despejadas para a área, com Bruno Alves já a jogar ao lado de Ronaldo e Éder, sem qualquer resultado prático. Mas eis que a sorte normalmente nos bateu à porta, com Varela a fazer mais uma vez o papel de salvador e a marcar um excelente golo na última jogada do jogo, que nos deixa ainda com ténues hipóteses matemáticas de seguirmos em frente.

Individualmente, gostei de Beto, Ricardo Costa, William Carvalho e João Moutinho. Raúl Meireles foi uma nulidade desde cedo - foi quase sempre o último a partir para o ataque e o último a chegar à linha defensiva quando os americanos atacavam, com um raio de ação limitadíssimo, incapaz de pôr o pé quando a bola passava a poucos centímetros dele. Só deu nas vistas quando fez alguns remates quando já jogava a extremo, pouco antes de sair. Nani foi o único que assumiu a responsabilidade de carregar a equipa, mas tirando o golo e o remate ao poste esteve desastrado. Ronaldo não existiu, com exceção do cruzamento para o golo de Varela.

No entanto é justo que diga que o que correu mal não teve a ver com falta de vontade dos jogadores. Fizeram o que lhes foi possível dentro das limitações físicas, técnicas e táticas que são evidentes a todos.

Agora liguem as calculadoras. Somos peritos nisso, mas normalmente a história não acaba bem.