segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O dedo do treinador no golo de Samaris

Basta ver os gestos de Rui Vitória junto à linha a orientar o ataque da equipa que daria ao golo do jogador grego:

(obrigado, @baavin)

Compreende-se a irritação do treinador quando Nélson Semedo optou por não colocar a bola no flanco, pois perdeu-se a oportunidade de somar um cruzamento à estatística de jogo. Que mania esta dos jogadores tentarem criar desequilíbrios pelo centro do terreno...

Live to steal another day

Sexto jogo da época, sexto jogo em que fomos prejudicados de forma clara e inequívoca pela arbitragem. Gostaria muito de centrar a conversa no jogo propriamente dito, mas na realidade aquilo que se passou ontem em Coimbra não foi futebol. Entraram em campo duas equipas para jogar futebol e enquanto houve jogo uma delas foi de tal forma superior que era claro que seria uma questão de (pouco) tempo até que o vencedor ficasse definido. Mas infelizmente (e previsivelmente) Bruno Esteves e os seus auxiliares acabaram com o jogo de futebol muito antes de terem sido cumpridos os 90 minutos.

Pode-se dizer que o Sporting teria sempre a obrigação de derrotar a Académica independentemente dos erros do árbitro, mas isto chegou a um nível de roubo descarado que invalida esse tipo de conversa. Que raio: até a melhor das equipas começa a duvidar de si própria quando acumula resultados negativos. E se na base dos resultados negativos estão sobretudo decisões erradas das equipas de arbitragem, então definitivamente não estarão reunidas as condições ideais para que os jogadores rendam aquilo que podem e devem. Porque não há plano de jogo que resista à intranquilidade e desconcentração que este tipo de interferências da arbitragem causam em qualquer jogador.

Em condições normais, o Académica - Sporting teria sido um jogo sem história. Como tal, não estou a ver como se possa fugir da questão de arbitragem, porque a história que houve deve-se única e exclusivamente a Bruno Esteves e Vítor Pereira.



Positivo

A qualidade de jogo enquanto houve jogo - o Sporting não colocou um ritmo infernal na partida, mas praticou um futebol de bastante qualidade que rapidamente começou a dar frutos. A equipa chegou ao 2-0 com naturalidade, criou outras oportunidades que poderiam ter dilatado ainda mais o resultado, e esteve sempre segura a defender. Ou seja, o Sporting fez tudo aquilo que tinha que fazer para sair de Coimbra com uma vitória confortável. Inclusivamente reagiu bem ao penálti mal assinalado que deu o golo à Académica, voltando a assediar de imediato a baliza de Lee com novas ocasiões para marcar. Mas toda essa determinação demonstrada pelos jogadores acabou por ser quebrada pelo penálti claríssimo sobre Slimani que Bruno Esteves optou por não assinalar e, na sequência, pela expulsão de Jorge Jesus. A partir daí o futebol acabou, em todos os sentidos possíveis.

As mudanças no onze - as apostas de Jesus em Esgaio e Mané resultaram. O avançado fez uma excelente primeira parte, destacando-se não só pelo excelente golo que marcou mas também pela forma como foi servindo os seus companheiros. Esgaio teve uma exibição bastante positiva, mas não é justo para João Pereira que se compare o nível de oposição que um e outro tiveram. De qualquer forma, parece-me que Esgaio fez o suficiente para justificar nova oportunidade no onze na visita ao Rio Ave.

Slimani, sempre Slimani - marcou um golo de elevada nota artística e sofreu dois penáltis (o primeiro não foi assinalado pelo árbitro, o outro deu o 3-1 da tranquilidade), e pelo meio foi o guerreiro determinado e incansável a que já nos habituou. Vai com 3 golos nos últimos 4 jogos, se contarmos com aquele que marcou em Moscovo e que foi anulado pelo checo de serviço.


Negativo

Bruno Esteves, como não poderia deixar de ser - o Sporting já tinha um historial de jogos com este árbitro que antecipava alguns dissabores se lhe dessem oportunidade para isso. À primeira que surgiu, apitou um penálti de Adrien inexistente que ressuscitou uma Académica que parecia já conformada com a derrota. Penálti esse que surge na sequência de uma jogada que começa com esta placagem não assinalada sobre João Mário:


Na sequência desta falta não assinalada, há um passe em profundidade para um jogador da Académica que parte em posição legal. Poucos segundos depois, Adrien faria um corte limpo jogando primeiro a bola para longe, dando-se de seguida o inevitável choque com o adversário. Penálti. Alguns minutos depois, um jogador da Académica toca na bola mas deixa-a jogável para Slimani, e o contacto posterior efetivamente impede o argelino de avançar para a baliza. Aí já não foi penálti. Jesus protestou com razão. Pelo que as imagens mostraram, Jesus nem foi particularmente efusivo, mas para Bruno Esteves foi o suficiente para a expulsão.

Na segunda parte o árbitro lá apitou dois penáltis para o Sporting. Deve ter sido muito a contragosto, mas suponho que tenha sido o instinto de sobrevivência da sua carreira a funcionar. Se não o tivesse feito, estaríamos perante uma arbitragem do calibre daquela de João Capela, e provavelmente Bruno Esteves nunca voltaria a apitar o Sporting. Assim acabou por se proteger, e seguramente que não tardará a aparecer num jogo nosso. Live to steal another day.

A expulsão de Jesus - JJ tem que perceber que já não está no Kansas. O furacão do defeso levou-o da Luz para umas paragens em que a realidade é bem diferente. É melhor que se mentalize que as bruxas malvadas não lhe darão sossego.


Outras notas

Afinal Adrien também falha penáltis - fica aqui registado, só para efeitos estatísticos. Se há alguém com créditos para falhar penáltis, então Adrien é essa pessoa. Na realidade fico mais preocupado com as duas ou três perdas de bola em local proibido que o nosso capitão voltou a cometer. Para compensar, fez uma magnífica assistência para Mané abrir o marcador.

Bruno de Carvalho com o seu treinador - ao contrário do que disse o repórter da SportTV no princípio da segunda parte, Bruno de Carvalho não foi expulso. Foi para a bancada por opção, como sinal de apoio ao treinador. E ainda bem que o fez, o presidente esteve muito bem nessa atitude.



Ganhámos, mas não consegui extrair qualquer tipo de prazer ou satisfação nesta vitória. A certeza cada vez mais forte de que somos um alvo a abater por quem deveria ser o primeiro defensor da justiça no futebol deixa-me revoltado. Foi declarada guerra ao Sporting. Infelizmente não vejo outra forma de descrever aquilo que está a passar.

(fotos: página de Facebook do Sporting; Record)

domingo, 30 de agosto de 2015

A Liga NOS é uma farsa

Intervalo. Em vez de estarmos no descanso com uma vitória que a exibição em campo antevia ser confortável, vamos para os balneários com uma vantagem de apenas um golo.

Bruno Esteves não engana. Vem com uma missão. Assinalou penálti de Adrien inexistente que vem no seguimento de uma jogada em que há uma falta de um jogador da Académica. E não assinala um penálti claríssimo sobre Slimani que nos voltaria a dar um avanço de 2 golos.

Nada que não se estivesse à espera, na realidade. Mas continua a custar, semana após semana após semana.

A Liga NOS é uma farsa.

#DiaDeSporting: Tem a palavra Ricardo Esgaio

A titularidade de Esgaio será provavelmente o maior ponto de interesse de uma partida que temos obrigatoriamente que ganhar. Apesar da assistência para o golo de Teo em Moscovo, as exibições de João Pereira têm sido pouco convincentes e a forma como deitou tudo a perder no jogo com o Paços fez soar os sinais de alarme em relação ao estado da posição de defesa direito do plantel.

Não quero fazer de João Pereira o bode expiatório dos maus resultados recentes - está longe de ser o único jogador a quem se deve exigir melhor -, mas parece-me que esta é oportunidade ideal para Esgaio convencer Jesus em como pode ser a solução de que o clube precisa. Se arrancar uma boa exibição hoje, terá duas semanas para ser trabalhado com o resto da linha defensiva nos treinos (já agora aproveito para agradecer a Fernando Santos por não ter convocado Paulo Oliveira). Não sou propriamente um dos maiores crentes nas capacidades do nosso nº 47 para ser o nosso lateral direito titular no presente e futuro, mas ficarei imensamente satisfeito se Esgaio provar que estou enganado.

De resto, que devemos esperar hoje da nossa equipa? O mínimo é um empenhamento em campo que não deixe dúvidas que existe o desejo de ultrapassar o desaire de quarta. Depois, a inteligência para perceber que enquanto não estivermos a ganhar por 3 golos o resultado não estará seguro, e a plena mentalização de que o árbitro Bruno Esteves é menino para ir com um serviço encomendado para hoje.

Muita atenção a este árbitro: foi ele que nos tirou a vitória ao Paços na época passada ao anular um golo a Montero nos minuto finais por fora-de-jogo inexistente; e perdoou duas expulsões e um penálti ao Marítimo na visita a Alvalade há dois anos, em que acabaríamos por vencer por 3-2. De resto, é mais um daqueles árbitros que já demonstrou ser rigoroso disciplinarmente quando as falta são cometidas por jogadores do Sporting, mas só começando a mostrar cartões aos adversários numa fase muito adiantada da partida.

Em relação ao onze, Jesus já confirmou o regresso de Jefferson e Slimani, e acredito que poupará Ruiz - um dos jogadores que mais tem acusado o esforço ao longo das partidas. Para além disso, um dos três médios que iniciaram o jogo em Moscovo (Adrien, Aquilani e João Mário) deverá sair. Eu daria uma oportunidade a Mané.


sábado, 29 de agosto de 2015

O dia em que a realidade do CM conseguiu superar a ficção

Como não poderia deixar de ser, as redes sociais não tardaram a ser inundadas com piadas a explorar o caso da coca do Zé do Benfica. Aqui ficam alguns exemplos:







via @hugotiago_

via @sobrerui


via Um azar do Kralj




Mas por muita imaginação que os adeptos do futebol tenham demonstrado ao longo destes últimos dias, nada, mas mesmo NADA supera a cobertura que o CM fez sobre a operação Porta 18. Como se costuma dizer, a realidade (do CM) conseguiu superar a ficção. Ora vejam:


"Buscas" e "emocionam". Ora aí está uma combinação de palavras que nunca imaginei ler na mesma frase. Mas há mais. É imperdível o tocante texto que o diretor da publicação, Octávio Ribeiro, decidiu partilhar com o público numa destas páginas:


Octávio apenas falhou ao não escrever "Vieira, o Bom" sempre que se referiu ao presidente do Benfica. De resto, muito bom esforço por parte do escriba. Aliás, esforço é a palavra certa para descrever este trabalho do CM. Não é comum vermos o Correio da Manhã a comportar-se como uma dócil revista cor-de-rosa num caso de criminalidade, em vez da abordagem habitualmente implacável que o caracteriza, à boa maneira do pior dos tablóides. Nada contra, mas que fico com curiosidade para saber o motivo desta inesperada mudança de atitude, lá isso fico...

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Algumas considerações sobre o tratamento do caso do motorista de Vieira

1. Para um gestor de elite, negociador implacável, uma das maiores dádivas colocadas na Terra por Deus Nosso Senhor desde Jesus Cristo (segundo o evangelho de Nuno Luz), Vieira tem andado a falhar demasiado na avaliação do caráter das pessoas que o rodeiam. Primeiro, quando deixou um treinador incompetente e intratável (a avaliar por aquilo que muitos elementos da máquina de propaganda benfiquista têm dito de Jesus) comandar a sua equipa durante 6 anos. 


Agora, tem esta desagradável surpresa com um indivíduo que era seu motorista ainda antes de ser presidente do Benfica, que voltou a ser seu motorista enquanto presidente do Benfica, e que teve como prémio pela sua lealdade o cargo de diretor de um departamento recém-criado. E ficámos hoje a saber que este diretor ex-motorista também se entretinha nas horas vagas a ameaçar o opositor de Vieira às eleições de 2009, Bruno Carvalho.


2. Não menos extraordinária é a forma como o Benfica conseguiu abafar esta notícia durante dois meses. Não são muitos os casos neste país em que se consegue fazer com que investigadores, magistrados ou jornalistas se mantenham calados. Foi preciso ser o JN, diário do Porto muito ligado ao clube de Pinto da Costa a revelar a notícia. E não é preciso ser-se particularmente perspicaz que a notícia foi libertada com a benção de Pinto da Costa, avaliando pelo tweet que o Porto fez no dia anterior à sua publicação (e que podem ver à direita). Para quem não perceber a indireta, a porta 18 era o local do Estádio da Luz por onde entravam os cidadãos colombianos que José Santos recebia. Ou seja, parece que definitivamente o leitão azedou.

3. Por outro lado, o CM, normalmente tão bem informado quando o tema envolve a dose certa de podridão, foi apanhado completamente de calças na mão. No dia seguinte a referida publicação comete a proeza de fazer uma capa em que apresenta Vieira como um homem generoso com ar de sofrimento, cuja confiança foi traída e que agora está a fazer todos os possíveis para ajudar a investigação. Não digo que Vieira não esteja a colaborar, mas é um ângulo surpreendentemente benevolente atendendo à lixeira ética que regula o trabalho das pessoas do Correio da Manhã (reparem que estou a evitar a palavra jornal e jornalistas).

4. Entretanto, os jornais desportivos fazem referências envergonhadas ao assunto, longe das capas. É claro que não se trata de um assunto desportivo, mas quando há antecedentes como a da capa em baixo à esquerda...


... fica-se com a ideia de que se calhar justificar-se-ia que A Bola colocasse algum destaque na capa de hoje que podem ver em cima à direita.

5. O Benfica pode e deve condenar o assunto, mas não pode negar que é um problema que envolve o clube. Trata-se de um dirigente do clube (interessante a forma como o Benfica tentou a impingir a ideia de que se tratava de um ex-funcionário, quando na realidade apenas deixou de o ser depois de ter sido preso) que usava as instalações e uma viatura do clube para o desenvolvimento da sua atividade paralela.

6. Em função destes acontecimentos, houve quem oportunamente levantasse o pó a palavras antigas que hoje ganham todo um novo significado, como estas palavras que Pinto da Costa dedicou a Vieira em 2012 (que podem ver à direita).

Não nos podemos esquecer de que falamos de dois velhos conhecidos, que partilharam uma bela amizade durante anos e que saberão seguramente muito da vida do outro.

Resultado do sorteio


Besiktas, Lokomotiv Moscovo e Skenderbeu (Albânia). Desportivamente é favorável, em termos de desgaste de viagens dificilmente poderia ser pior.

Besiktas tem Quaresma, Mario Gomez e Rhodolfo (um dos jogadores que se falou em que estaríamos interessados). O Lokomotiv foi 7º classificado na liga russa na época passada, este ano vai em 3º a 4 pontos do CSKA. Quanto aos albaneses são totais desconhecidos.

Falta aguardar para saber qual o calendário que nos calhará e as implicações que poderá ter para as jornadas seguintes do campeonato.

Sorteio da Liga Europa

O meu entusiasmo pela nossa participação na Liga Europa não é propriamente grande, mas como sorteio é sorteio e vice-versa, aqui vão algumas considerações sobre o que nos poderá calhar daqui a pouco.


Hipótese não me £*%@#Sporting, Fiorentina / Liverpool, Mónaco / Fenerbahce, Rosenborg / Partizan

Hipótese programa de milhasSporting, APOEL, Lokomotiv, Qarabag

Hipótese quê, é possível termos sorteios favoráveis?Sporting, APOEL, Slovan Liberec, Sion

Balanço das arbitragens: 2ª jornada

Sporting 1-1 P. Ferreira (Manuel Oliveira)

11: João Mário pica a bola, que bate no braço de Hélder Lopes; o árbitro não assinalou penálti - decisão certa, o jogador do Paços parece ter a preocupação de manter o braço encolhido, apesar de não estar totalmente colado ao corpo, e a distância é suficientemente curta para que o lance possa ser considerado como de bola na mão

45': Slimani cai na área, o árbitro mostra amarelo por simulação - decisão certa - o jogador do Paços coloca as mãos nas costas de Slimani, mas não parece haver um movimento suficientemente forte para o derrubar; de qualquer forma, a jogada devia ter sido anulada imediatamente antes por fora-de-jogo do argelino

65': Slimani é derrubado por Fábio Cardoso e cai na área, o árbitro não assinala qualquer falta - a infração é indiscutível mas acontece fora da área, e deveria ter sido mostrado amarelo ao jogador do Paços

78': Cícero cai na área após se ter embrulhado com João Pereira, o árbitro assinala penálti - decisão certa, João Pereira coloca os braços nas costas do jogador do Paços e pode ter estorvado a sua progressão

78': João Pereira é expulso na sequência do lance anterior - decisão errada, Cícero não tinha hipóteses de chegar à bola, pelo que não se cumpriam todos os requisitos para justificar a expulsão do defesa do Sporting

=: o erro acontece após os 75' (limiar que coloco para considerar uma grande possibilidade de uma expulsão nestas circunstâncias ter influência no resto do jogo); como tal, apesar do erro, arbitragem com poucas possibilidades de ter influência no resultado


Marítimo 1-1 Porto (Hugo Miguel)

90'+4: Existem dúvidas sobre uma eventual falta sobre Maxi Pereira na área do Marítimo no momento do cabeceamento à barra - decisão certa, o jogador parece saltar para a bola sem qualquer tipo de interferência

90'+4: Na sequência do cabeceamento, existiram dúvidas sobre se a bola terá entrado ou não na baliza - decisão certa, a bola bate em cima da linha, pelo que não foi golo

=: arbitragem sem influência no resultado


Arouca 1-0 Benfica (Nuno Almeida)


17': Mitroglou cai na área após contacto de Hugo Basto; o árbitro não assinalou penálti - decisão errada, a ação do defesa do Arouca parece contribuir para o desequilíbrio o avançado do Benfica antes de tocar na bola

56': Victor Andrade remata e há dúvida se a bola bate no braço de Lucas Lima; o árbitro não assinalou penálti - decisão certa, a bola não bate no braço do jogador

90'+5': Golo anulado a Jonas por suposta falta de Lisandro - decisão certa, Lisandro vai de pé em riste na direção do defesa do Arouca e faz jogo perigoso

=: é razoável assumir que, convertendo o penálti não assinalado sobre Mitroglou, o Benfica teria melhores hipóteses de chegar à vitória (X2)



Estatísticas da jornada



Estatísticas acumuladas




Classificação



Jogos com influência da arbitragem no resultado



Erros de arbitragem com o resultado em aberto



Erros de arbitragem com o resultado em aberto agrupados por árbitro, desde 2013/14




quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Rescaldo da eliminação do Sporting na Champions

A participação de JJ na Champions deste ano



Resumo da eliminatória a duas mãos entre o Sporting e o CSKA



#NotSportingLisbon



JJ Master Plan


Há vida para além da Champions

A eliminação de ontem foi um autêntico soco no estômago, mas a vida continua e há que começar a delinear uma estratégia para atacar o muito que ainda há para ganhar esta época. Apesar disso, não podemos deixar de fazer um balanço da eliminatória e perceber o que falhou. Vamos por partes.

A eliminatória com o CSKA, os erros da equipa e de Jesus

Cometemos erros? Cometemos vários e acabámos por pagar bem caro por eles. Mas não me parece que seja honesto alguém colocar em causa o trabalho que está a ser desenvolvido quando é fácil perceber que o Sporting teria passado a eliminatória com maior ou menor dificuldade se não tivesse sido vergonhosamente prejudicado pelas equipas de arbitragem de ambas as partidas. 

Também podemos questionar as decisões de Jesus em relação à abordagem à partida e a forma como mexeu (ou não mexeu) na equipa durante a segunda parte, quando o desgaste começava a ser visível. Mas vejamos: o Sporting fez uma excelente 1ª parte, procurando correr poucos riscos para não entregar ao adversário um jogo à sua medida, e chegou ao intervalo a ganhar. Até aqui, nada a apontar. Começa a segunda parte, e sofremos um golo fortuito devido a uma má abordagem à bola de Adrien e um ressalto infeliz que acabou por dar golo marcado com o cotovelo. Jesus refresca o ataque. Sofremos o 2-1 pouco depois, mas na resposta o jogador que Jesus lançou em campo marcou um golo que nos deveria ter dado o apuramento. Jesus falhou de facto ao não ter refrescado mais a equipa, quem sabe se não teríamos ido para prolongamento com mais de dois pares de pernas frescas em campo.

Mas antes de começarmos a criticar tudo a torto e a direito, pensemos no que elogiaríamos e criticaríamos se apenas um dos quatro lances que nos prejudicaram tivesse sido julgado de maneira diferente.

Para mim a questão da arbitragem de ontem morreu a partir deste parágrafo. Ao contrário do que se passa na arbitragem nacional, estes roubos contínuos nas competições europeias (Schalke, Wolfsburgo, CSKA por duas vezes) não são algo de pessoal contra o Sporting - foi apenas uma questão de termos tido o azar de apanhar os adversários errados. Espero que o Sporting não gaste desnecessariamente energias em protestos à UEFA, e se limite a entalar Fernando Gomes de forma a que o presidente da FPF tenha que aparecer em público em defesa de um clube que representa.


O impacto da eliminação no resto da época

Conforme já escrevi, creio que não nos livramos de termos que vender um jogador bem vendido, provavelmente ainda nesta janela de transferências. A questão poderá agravar-se em setembro na eventualidade da decisão do TAS sobre o caso Rojo não nos ser favorável, mas aí parece-me que será suficiente vender outro jogador após o final da época - desde que antes de 30 de junho. Se for William o jogador a ser transferido em agosto / janeiro, seguramente que não precisaremos de vender um segundo jogador.

Para além disso, fica mais difícil arranjar folga para reforçar a equipa nas posições que parecem estar mais carenciadas (lateral direito e ponta-de-lança semelhante a Slimani). Tal só acontecerá através de um negócio de oportunidade, quem sabe se agarrado à venda que teremos que fazer.

Em termos de consequências negativas de natureza desportiva, é isto. Não é de todo um cenário catastrófico. Quando Bruno de Carvalho referiu em entrevista aquela frase polémica do desconhecimento do orçamento para este ano, estava a ser prudente em função do pior cenário que podia acontecer. Prudência que se percebeu na forma como foi abordado o mercado. O pior cenário concretizou-se, e agora há que fazer os ajustes necessários para que a época decorra sem quaisquer problemas de tesouraria.


As oportunidades que surgem da eliminação

Dentro do muito mau que foi a eliminação da Champions, existem oportunidades que deveremos aproveitar de forma inteligente.

Espero que os responsáveis pelo futebol do Sporting se lembrem daquilo que foi a época em que Leonardo Jardim foi o nosso treinador. Sem competições europeias, a equipa pôde focar-se exclusivamente nas competições nacionais e isso ajudou-nos a garantir - apesar de termos um orçamento muito inferior aos adversários diretos e uma equipa completamente nova - um segundo lugar confortável e a qualificação direta para a Champions da época seguinte.

Se dependesse de mim, o Sporting ignoraria a Liga Europa tanto quanto possível. Usaríamos exclusivamente segundas linhas, afetando o menos possível o plano de treinos para a jornada seguinte do campeonato. 

Entre a 4ª e a 12ª jornada, todos os jogos para o campeonato antecederão ou se seguirão a uma jornada da Champions. O foco dos nossos adversários estará obrigatoriamente dividido, e isso pode ser uma vantagem a nosso favor. Mais: o Benfica - Sporting da 8ª jornada vai disputar-se poucos dias depois de uma jornada europeia.

Não nos podemos esquecer que o trabalho de Jesus está apenas no princípio. A equipa vai melhorar (e muito) ao longo da época. Temos um plantel mais forte e equilibrado do que aquele que Leonardo Jardim dispunha. Temos uma base de equipa muito mais experiente. É verdade que o Porto também está mais forte do que no tempo de Paulo Fonseca, mas não deixará de ter uma tarefa difícil de reconstruir uma equipa sem os jogadores de classe mundial que vendeu / perdeu este defeso e que não foram adequadamente substituídos. E creio que todos estarão de acordo em como o Benfica atual não tem nada a ver com a equipa que dominou o futebol nacional na época de 2013/14.

Não é altura para lírismos, temos que ser pragmáticos. As probabilidades de vencermos a Liga Europa são ínfimas. O dinheiro que dá é pouco significativo e os jogos às quintas-feiras são uma dor de cabeça para recuperar fisicamente os jogadores para a jornada seguinte. Não nos podemos esquecer do que aconteceu naquela sequência Wolfsburgo / Porto. Aproveitemos a Liga Europa para rodar os jogadores menos utilizados, de forma a não desgastar os habituais titulares e termos alternativas mais aptas a entrar na equipa a qualquer momento.

Não havendo dinheiro da Champions e confrontos com tubarões que exigem o esforço máximo dos jogadores para termos uma participação digna, temos que colocar as fichas todas nas competições nacionais. Deixemos o desgaste dos jogos a meia semana para os outros. Podermos estar focados totalmente no campeonato é uma vantagem enorme. Espero sinceramente que não desperdicemos esta oportunidade.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Um revés enorme, mas está longe de ser o fim da época

As notícias da nossa morte que se seguirão serão manifestamente exageradas.

Nem que seja com um golo do Patrício


#DiaDeSporting: Uma autêntica final

E chegámos ao dia da grande decisão. O jogo de hoje pode não ser um caso de vida ou de morte em relação à generalidade da época, mas qualquer sportinguista percebe tudo aquilo que estará em causa neste final de tarde em Moscovo. 

Para além das injecções de prestígio e motivação que se obtêm com a participação na maior prova de clubes à face da Terra, há uma questão financeira importantíssima que determinará o peso que os nossos soldados terão que carregar durante uma época longa e extenuante. O dinheiro da Champions pode impedir saídas indesejadas e até, quem sabe, permitir um reforço de última hora para o clube. Ao invés, não tendo acesso a esse dinheiro, seguramente que seremos forçados a emagrecer o plantel - se em agosto ou em janeiro será sobretudo uma questão de tesouraria a determiná-lo, mas estou mais inclinado para a primeira hipótese.

É por isso um daqueles dias em que todos os jogadores que entrarão em campo terão que corresponder à enorme responsabilidade que lhes será confiada. Se há jogo em que não será aceitável que qualquer dose de esforço fique por gastar, é este, pois os russos testarão a nossa equipa ao limite da sua capacidade.

Serão 90 minutos de sofrimento que quase de certeza oferecerão golos para ambos os lados. A vantagem alcançada em Alvalade dá-nos alguma folga para gerir o jogo da forma mais inteligente que conseguirmos, mas sem qualquer margem de erro.

Jorge Jesus disse na conferência de imprensa que entre o risco do ataque e o risco da defesa correrá sempre o primeiro. Percebe-se a ideia - marcarmos um golo no momento certo poderá orientar a eliminatória para o nosso lado -, mas teremos que ser mais solidários a defender do que fomos nos primeiros 45 minutos da 1ª mão. Os extremos terão que apoiar os laterais quando não tivermos bola, os médios terão que se desdobrar em sucessivas ações de resgate e salvamento, os avançados não podem deixar o portador da bola respirar. E cabeça no lugar, sem asneiras daquelas que fizemos com CSKA e Paços. Com bola precisamos sobretudo de evitar perdas comprometedoras. Conseguindo tudo isto em campo e juntando-lhe um índice de concretização mais positivo do que o que temos tido esta época, e estaremos com os dois pés na fase de grupos da Champions.

E já agora, uma arbitragem decente, também pode ser?

Jesus referiu que Adrien e Teo Gutiérrez deverão regressar ao onze, o que estraga a ideia que eu tinha de que Mané poderia ser aposta para aproveitar o previsível adiantamento inicial dos russos. Isto significará que provavelmente voltaremos ao onze da Supertaça e Tondela, com a exceção da troca do lesionado Jefferson por Jonathan Silva (cuidado com as bolas na cara, rapaz!):


A partida de hoje será uma autêntica final. Que o talento dos nossos jogadores se revele em toda a sua plenitude e que a sorte não nos abandone. Depois da vergonha de arbitragens que nos afastaram dos oitavos de final da Champions e nos prejudicaram há uma semana, merecemos finalmente ser felizes na Europa. 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Meteram o Miguel Relvas a liderar a formação do Benfica?

É que pelos vistos agora, no Benfica, um ano de estágio na equipa B dá direito a equivalência a uma formação completa nas camadas jovens.
in A Bola, via @captomente

Liga faz-de-conta

Não, ao contrário do que poderão estar a pensar, este post não é sobre arbitragem ou colinhos. É certo que a arbitragem é a maior fonte de desvirtuamento da verdade desportiva, ao redor do qual as mais ferozes lutas de dirigismo se disputam, mas não é o único caso em que as ações praticadas por quem está à frente dos clubes deixa muito a desejar no que à proteção do espetáculo e da indústria do futebol diz respeito. 

Existem outros casos que vão passando mais ou menos despercebidos e que vão provando que a Liga portuguesa, quando comparada com as melhores da Europa, não passa de uma competição faz-de-conta patrocinada pela falta de capacidade e dignidade da maioria dos dirigentes que temos.

Três exemplos: 

1. Os preços dos bilhetes praticados por determinados clubes nas visitas dos grandes são uma total falta de respeito pelos adeptos. Um bom exemplo disto são os preços tabelados para o Académica - Sporting do próximo domingo:


Num estádio com capacidade para 30.000 pessoas, devem contar-se pelos dedos de uma mão as vezes que a Académica conseguiu uma lotação esgotada (se é que alguma vez isso aconteceu). Pedir a um adepto que pague 35€ ou 40€ (a que se juntam o custo de deslocação e outras despesas - o adepto também tem que comer e beber) num jogo da 3ª jornada que se disputará no princípio da noite de um domingo, é única e simplesmente puro oportunismo. Mais, é um oportunismo idiota, porque facilmente colocariam mais do dobro de pessoas pagantes nessas bancadas se metessem os bilhetes a metade desse preço.

O aumento das assistências que todos desejam passa muito por criar o hábito de ir ao futebol a quem o faz sistematicamente pela televisão. Uma política de preços que é uma autêntica exploração apenas contribui para que muitos potenciais espectadores não se sintam tentados, por uma vez sequer, a largar o conforto do sofá ou o rebuliço das mesas dos cafés.

É urgente a regulamentação do preço dos bilhetes - tema que é mencionado no programa de candidatura de Pedro Proença -, mas infelizmente, como poderemos ver em ambos os pontos que se seguirão, é muito provável que a falta de bom senso dos dirigentes dos clubes acabe por impor uma solução que ficará bastante aquém do que é exigível.


2. Os empréstimos de jogadores são uma das formas que Porto e Benfica encontraram ao longo dos últimos anos para desvirtuar a competição, inundando os clubes da I Liga com jogadores emprestados que acabavam invariavelmente lesionados ou adoentados em vésperas de defrontar a equipa de origem. Ou seja, muitos dos clubes estavam impedidos de se apresentarem na máxima força contra certos adversários. 

Neste defeso, os clubes entenderam que se impunha aprovar nova legislação. Mas em vez de restringirem a sério a quantidade de jogadores emprestados, o acordo a que chegaram permite que no limite um grande empreste 45 jogadores a equipas da mesma divisão - e com o bónus de os impedirem de defrontarem o seu clube de origem. Uma oportunidade desperdiçada de se corrigir algo que tresandava, optando-se antes por se borrifar a questão com uma ou duas bombadas de mata-moscas para disfarçar o cheiro.


3. Vamos com duas jornadas e já dois clubes preferiram abdicar da vantagem de jogar no seu estádio, de um relvado que conhecem muito melhor e com uma maior percentagem de apoio nas bancadas, optando por jogar em casa emprestada pelo proveito financeiro proporcionado por um estádio que permitisse acomodar 20 e poucos mil adeptos adversários. O Tondela tem a desculpa das obras a que o seu estádio está atualmente a ser sujeito, enquanto que o Arouca desta vez nem se deu ao trabalho de fingir que se zangou com a Câmara Municipal, mas a verdade é que ambos os jogos deveriam ter sido disputados nos respetivos estádios - em horários compatíveis com as condições que têm. No caso do Tondela, havendo obras a realizar, que fossem feitas em tempo útil durante o defeso. Não tendo um estádio em condições a que possam chamar de casa, que dêem o lugar a outro clube que as tenha.

Se a um clube é permitido jogar num campo com melhores condições e no qual pode colocar mais adeptos seus, e aos seus rivais diretos a mesma gentileza não é aplicada, então mais uma vez estamos a falar de uma forma de desvirtuar a competição.

Pior: só ontem soube que os clubes se debruçaram recentemente sobre este tema e aprovaram nova legislação. E o que decidiram?

in A Bola, via Sou Portista Com Muito Orgulho

Ou seja, optaram por legalizar aquilo que deveria ser impedido. A partir de agora, é certinho que qualquer clube com um estádio com capacidade inferior a 10.000 pessoas (e falamos de METADE das equipas da I Liga) ficará seriamente tentado a disputar em campo neutro o seu jogo em casa  contra equipas que estão a disputar o título. Ou seja, vergonhas como as do Estoril - Benfica no Estádio do Algarve e do Arouca - Benfica de há duas épocas em Aveiro, disputados numa fase decisiva do campeonato e que facilitaram a tarefa de um dos candidatos ao título, poderão agora multiplicar-se livremente.

É isto que temos: dirigentes que são incapazes de proteger a competição, preferindo invariavelmente seguir pelas soluções mais fáceis e não pelas soluções certas. Definitivamente não merecem os poucos momentos sublimes que a nossa liga nos vai proporcionando, como este golo que Suk marcou ontem à Académica.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

"Como a Doyen tentou forçar o Sporting a vender Rojo", por Pippo Russo

Artigo escrito na última sexta-feira para o site Calciomercato.com. O artigo original pode ser lido AQUI e, como já começa a ser habitual nos textos que dizem respeito ao Sporting, deixo aqui a tradução.



Um documento fundamental. Trata-se do contrato assinado entre a Doyen Sports Investments e a antiga direção do Sporting Clube de Portugal no verão de 2012 para a transferência do defesa argentino Marcos Rojo para Lisboa. Jogador que no verão de 2014 está no centro de um conflito entre o fundo maltês e o clube verde e branco, que entretanto tinha passado a ser conduzido pelo novo presidente Bruno de Carvalho. A controvérsia à margem da venda de Rojo ao Manchester United levou à quebra do contrato de TPO que tinha sido assinado entre a Doyen e a antiga direção sportinguista encabeçada pelo presidente Luís Godinho Lopes.

Segundo a versão de Bruno de Carvalho, a rotura do contrato é justificada pelas pressões feitas no verão de 2014 pela Doyen para convencer o Sporting a vender o jogador. A Doyen alega por sua vez nunca ter feito qualquer pressão sobre os clubes (Sporting incluído) para a cedência dos jogadores em que o fundo investiu, e que portanto os leões são culpados de uma rotura de contrato ilegal. Um contrato cujo conteúdo, até agora, não era do conhecimento público. Mas ontem, graças ao precioso trabalho desenvolvido por Tariq Panja da Bloomberg (LER AQUI), ficámos a saber mais. E aquilo que ficámos a saber contradiz a defesa do fundo, que se baseia no argumento de não ter influenciado a política do clube. Mas antes de analisar o conteúdo do contrato revelado pela Bloomberg é conveniente fazer um resumo rápido da história.

No verão de 2012 o Sporting Clube de Portugal, presidido por Godinho Lopes, contratou dois jogadores graças ao financiamento da Doyen Sports Investment: falamos de Zakaria Labyad, um ala de dupla-nacionalidade holandesa e marroquina, proveniente do PSV Eindhoven, e ainda de Marcos Rojo, proveniente do Spartak de Moscovo. O site da Doyen dá a notícia na área Press Room, especificando que o fundo financiou 35% da aquisição de Labyad e 75% da aquisição de Rojo (LER AQUI). Em relação a este último, cujo custo foi de 4 milhões, a Doyen pagou 3. Trata-se portanto de um caso de Third Party Investment (TPI), um esquema em que um fundo financia uma percentagem da aquisição de um jogador e como tal tem o direito a receber uma soma calculada a partir dessa percentagem numa futura venda. Passaram-se duas épocas, durante as quais Labyad não esteve particularmente impressionante. A conversa foi diferente com Rojo, protagonista no Brasil de um ótimo mundial com a finalista Argentina. A sua cotação disparou, e partir daí o conflito explode. Rojo faz pressão para ser cedido, enquanto o Sporting (que entretanto passou a ser liderado por Bruno de Carvalho) prefere mantê-lo ou vendê-lo por uma cifra mais elevada. No espaço de alguns dias chega-se a um confronto entre o jogador e o clube, mas posteriormente o Sporting decide vender Rojo ao Manchester United por 20 milhões. Nessa mesma altura o clube decide não entregar à Doyen a quota de TPI, acusando o fundo de ter estado na origem da atitude de Rojo e, como tal, ter entrado em incumprimento contratual. E fá-lo publicamente através de um comunicado detalhado no qual emergem detalhes grotescos a propósito da conduta do fundo e do seu CEO, Nélio Lucas (LER AQUI). Dos 20 milhões amealhados na venda, o Sporting entrega apenas os 3 milhões do investimento inicial a título de restituição. Por outro lado, contratualmente, cabe-lhe entregar ao Spartak Moscovo 20% das mais-valias realizadas acima de 5 milhões: portanto, 3 milhões. Sobram 14 milhões, que o Sporting retém para si. Se tudo tivesse corrido conforme o contrato, a única coisa certa seriam os 3 milhões a pagar ao Spartak. Tudo o resto é um mistério que não podemos resolver sem ler o contrato, com muitas interrogações a surgirem. Os 3 mihões entregues ao Spartak deveriam estar a cargo do Sporting e Doyen segundo a percentagem (25% e 75%), ou apenas a cargo do Sporting? Os 75% reclamados pela Doyen seriam calculados sobre a totalidade da venda (20 milhões) ou sobre os 17 que sobraram depois da parcela a que o Spartak tinha direito? Interrogações que permanecem sem resposta, porque Bruno de Carvalho declarou a nulidade do contrato assinado com a Doyen durante a presidência de Godinho Lopes. Para além disso, há que acrescentar que existem outras versões sobre a estrutura do valor de aquisição de Rojo comparticipado por Doyen e Sporting Clube de Portugal, o que faz-nos perceber o nível de incertezas que existem neste negócio. Um comentário de um internauta português no artigo da Calciomercato.com que citámos mais abaixo, reporta outros valores, e revela uma hipótese chocante: segundo notícias reportadas por alguma imprensa portuguesa no dia em que explodiu o conflito entre o clube e o fundo, o Sporting estava obrigado contratualmente a pagar uma prestação de 1 milhão por época por Rojo, como se o jogador estivesse alugado.

Por seu lado, a Doyen referiu não ter feito pressões sobre o Sporting para a venda de Rojo e recorreu ao TAS em Lausanne, pedindo um ressarcimento calculado com base em 25 milhões de euros. Segundo o fundo, na realidade, há que considerar ainda o valor de Nani, jogador que o Manchester United cedeu por empréstimo ao Sporting no âmbito do negócio de Rojo. As audiências do TAS, que contaram com um desfile de testemunhos "ilustres" a favor do fundo (LER AQUI), iniciaram-se em meados de junho e a sentença deverá ser conhecida em setembro. Mas agora, aqui ficam os detalhes revelados pela Bloomberg, graças aos quais podemos ter uma ideia mais precisa.

A Bloomberg refere que, no contrato, Sporting e Doyen estabeleceram em 8 milhões a cifra mínima para a venda de Rojo, que seria o dobro do valor pago ao Spartak no momento da aquisição. E neste ponto, refere a Bloomberg, aparece uma cláusula que vai ao encontro das alegações do clube. A cláusula diz, de facto, que na eventualidade de chegar ao clube uma oferta igual a esse valor ou superior, e se o clube recusasse, teria que pagar à Doyen 75% do valor recusado. Para ajudar a perceber, façamos um exemplo. Suponhamos que Rojo interessa ao Bayern, e que o clube bávaro apresenta ao Sporting uma proposta de 10 milhões. E vamos assumir que o Sporting rejeita essa oferta pelo seguinte motivo: porque nesse momento não pretende privar-se do jogador, ou porque crê que o pode vender por um valor mais alto nessa janela de mercado ou numa janela de mercado posterior. E bem, se a Doyen não concordasse com a decisão do Sporting de não aceitar os 10 milhões, poderia pedir ao clube para ser compensada em 7,5 milhões. Não me parece uma liberdade total, do ponto de vista do clube. Assim como não é a outra cláusula do contrato que estabelecia que, se o clube renovasse com o jogador sem o consentimento da Doyen, o clube deveria ressarcir o fundo no prazo de 3 dias uma cifra designada como "juro". Cláusula que, como especifica o artigo da Bloomberg, estão fora do perímetro das regras da FIFA, que proíbem "qualquer entidade externa de influenciar (um clube), em matérias relacionadas com o recrutamento e com o mercado de transferências, a independência, as políticas e a composição do plantel. Para além disso, no artigo vem citado o peremptório SMS enviado por Nélio Lucas a Bruno de Carvalho, já mencionado no comunicado oficial do Sporting de há um ano. Um comportamento para o qual não há comentários possíveis.

Seguramente que o contrato conterá numerosos outros detalhes dignos de nota. Mas aqueles que são citados pela Bloomberg são mais que suficientes para definir a forma como esta questão deverá terminar. É difícil sustentar que certas cláusulas contratuais não são instrumentos de pressão sobre um clube.

sábado, 22 de agosto de 2015

Um filme já muito antigo

O jogo de hoje tem que ser obrigatoriamente analisado segundo dois aspetos, cada qual ajuda a explicar o resultado final e em que nenhum pode anular o outro. 

Primeiro, o exibicional. A exibição foi frouxa, notou-se que a equipa jogou umas rotações abaixo daquilo que consegue, adormecendo à sombra de uma vantagem mínima. O Sporting podia ter ido atrás do segundo golo para resolver em definitivo o resultado? Podia e devia. 

Segundo, a arbitragem. Manuel de Oliveira é nome de cineasta, e este Manuel Oliveira deu vida a um guião que lhe foi colocado nas mãos, tendo feito os possíveis para criar uma obra de ficção que agradasse aos produtores que o nomearam. Desde coisas tão pequenas como a gestão dos descontos (0' na 1ª parte e 3' na 2ª parte é absolutamente ridículo), passando pela forma como foi deixando os amarelos no bolso para jogadores do Paços (só começam a sair a 10 minutos do fim, numa altura em que já nós jogávamos com 10), inúmeras faltas a favor do Sporting por marcar (algumas das quais de grande perigo), e coroada com a absurda expulsão de João Pereira. O Sporting teria tido menos dificuldades para ganhar se o árbitro tivesse feito o seu trabalho de forma competente? Seguramente.

Ou seja, podíamos ter jogado melhor, mas é bastante possível que com uma arbitragem decente tivesse sido suficiente para assegurar os três pontos.



Positivo

O lance do golo - excelente a visão de Ruiz a fazer a bola atravessar a área colada ao relvado para um belo remate de primeira de Carrillo, a despachar a bola para o canto da baliza com grande classe. Aliás, o peruano fez mais uma exibição de grande categoria.

A entrada de Gelson - boa exibição do miúdo que, por duas vezes, esteve perto do golo e deliciou o estádio com requintes técnicos de encher o olho. Nunca se esconde, assume a responsabilidade quando lhe põem a bola nos pés, e vai para cima dos adversários. Vai chegar longe.

A atenção de Rui Patrício - não defendeu o penálti, mas Rui Patrício esteve muito bem no punhado de vezes que foi obrigado a intervir, uma delas de grande dificuldade. Está em grande forma. 

O apoio à equipa - mais uma excelente assistência no estádio, a ultrapassar as 40.000 pessoas, que nunca deixou de tentar empurrar os jogadores para a vitória, mesmo a poucos minutos do fim quando o Paços já tinha empatado e estávamos a jogar com 10. Indiscutivelmente, os melhores adeptos em Portugal.


Negativo

A expulsão de João Pereira - não vou discutir aqui se foi ou não falta - vou deixar isso para mais tarde, tal como os lances de possível penálti sobre Slimani - mas não estavam encontrados todos requisitos para a expulsão do defesa direito sportinguista. Nestas situações para que haja lugar a expulsão é necessário que o avançado tenha a bola controlada no momento da falta. Ora, o jogador do Paços não tinha quaisquer hipóteses de chegar à bola. Penálti, 1-1 e o Sporting a jogar com menos um no tempo que restava, o que definitivamente não ajudou a nossa tarefa.

A (falta?) de João Pereira - no estádio não vi nada porque estava a olhar para a bola. Vi uma repetição ao chegar a casa e não fiquei convencido de que tenha havido falta: João Pereira está em contacto com o jogador do Paços mas não parece puxar ou empurrar o adversário. Terei que ver mais algumas vezes o lance, e de outros ângulos, para formar uma opinião. Mas independentemente disso - e por isso coloco esta questão como negativa - foi de uma enorme falta da inteligência de João Pereira pôr-se a jeito numa situação daquelas para que o jogador do Paços pudesse cavar o penálti. A cereja azeda no topo do bolo sem sabor que foi a generalidade da sua exibição.

Jogo em poupança - não me refiro às alterações no onze inicial - Aquilani fez um jogo satisfatório, Montero nem por isso, mas não foi por aí que empatámos o jogo -, mas sim ao ritmo imposto pela equipa em geral. Nem sequer às substituições: eu teria tirado Ruiz em vez de Jefferson, mas também não foi por aí. Apesar de ter estado sempre por cima do jogo, notou-se que o Sporting jogou uns níveis abaixo daquilo que já mostrou - muito provavelmente por causa do ultra-decisivo jogo de quarta-feira. Ou seja, foi um aspeto negativo porque a equipa sabe fazer melhor, mas se calhar até devia ter sido suficiente para vencer.



À hora que escrevo este texto, já o Porto fez o favor de empatar na Madeira e prosseguir a sua seca de vitórias na ilha, o que torna este empate um bocadinho menos doloroso. De qualquer forma, não apaga o amargo de boca do que se passou hoje em Alvalade: foi (mais) um aviso sério de que temos que ser muito melhores do que os adversários se queremos ganhar. Infelizmente, este aviso custou-nos dois pontos.

#DiaDeSporting: Ganhar, por todos os motivos e mais algum

Creio que já todos percebemos que toda a pressão externa que tem sido posta sobre o Sporting só acontece porque estamos a ganhar. Conseguimos de forma quase milagrosa conquistar a Taça de Portugal e evitar cair num buraco psicológico semelhante ao da derrota no Jamor três anos antes, pusemos fim a um relacionamento conflituoso entre a direção e a equipa técnica que desgastou todos os sportinguistas e ainda conseguimos sair mais fortes com a contratação do melhor treinador a que poderíamos aspirar (e que na realidade parecia um alvo inatingível), fomos construindo um plantel com mais e melhores alternativas apesar de o exercício preferido da pré-época da comunicação social ter sido a previsão da debandada dos melhores jogadores da equipa, e ainda tivemos o descaramento de conquistar a Supertaça com uma exibição categórica que não deixou dúvidas a ninguém.

Definitivamente este não era o cenário que determinadas figuras do nosso futebol anteviam para o Sporting às 18h45 do dia 31 de maio de 2015. É caso para dizer que os planos saíram-lhes todos furados. Oh, se saíram.

Não podendo orientar a agenda mediática para os conflitos internos do Sporting, com a falta de soluções do plantel, para os resultados pouco convincentes, para o facto de o presidente não se poder sentar no banco por ordem do novo treinador, procuram-se agora outros ângulos: aquilo que nosso treinador fazia ou deixava de fazer no seu antigo clube, endeusam-se os nossos jogadores que estão em fim de contrato, lançam-se suspeições sobre fontes de financiamento do Sporting - apesar de sermos o único clube dos grandes que apresenta lucro operacional sem recorrer a vendas de jogadores e cariz ilegal -, ou acusam-se treinador e presidente de terem falta de ética.

É também por isto que temos que continuar a ganhar. 

Seria uma agradável surpresa não sermos prejudicados pela arbitragem, mas é melhor não contarmos com facilidades nesse departamento. Também seria bom que conseguíssemos jogar já um pouco com o importantíssimo desafio de Moscovo, fazendo uma ou outra alteração pontual que desse minutos a jogadores que podem ter um papel importante a desempenhar num futuro próximo, e também para poupar alguns dos jogadores que têm mostrado maiores dificuldades para manter a intensidade necessária durante os 90 minutos.

Eu colocaria Carlos Mané (que vejo como potencial titular em Moscovo no lugar de Teo) e Aquilani 
(precisa de minutos para aperfeiçoar o entrosamento com os colegas) no lugar de Bryan Ruiz e João Mário (para os poupar para Moscovo):


Mas na realidade, creio que Jorge Jesus não irá mudar nada. Não só porque não é o seu estilo mexer muito na equipa sem necessidade, mas também porque sabe como ninguém que é nestes jogos que se ganham e perdem campeonatos.

De uma forma ou outra, é para ganhar. Força, Sporting!

Bom dia! Hoje é #DiaDeSporting

Para ver e rever até à exaustão, com som alto nos auscultadores e a imagem em ecrã inteiro.


Melhor Goleiro de Portugal é nosso.
Posted by Sporting Brasil on Quarta-feira, 19 de agosto de 2015

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Contextualizando a notícia de que a CMVM irá investigar os investimentos de Álvaro Sobrinho no Sporting

1. A notícia é do Observador.

2. O conteúdo da notícia baseia-se numa carta enviada pela CMVM ao parlamento indicando que estão a ser investigados todos os investimentos de Álvaro Sobrinho em Portugal - dos quais o Sporting é uma gota no oceano.

3. Em momento algum é referido o Sporting em tal carta, pelo que o título do Observador é apenas sensacionalismo puro com o objetivo de caçar visitas ao site.

4. A jornalista que escreveu o texto chama-se Liliana Valente. A sua conta de Twitter é esta que podem ver de seguida:


(obrigado, Belfodil) - para quem não percebeu, Liliana Valente está a falar de Jorge Jesus

5. Esta carta é uma resposta a um requerimento feito por Duarte Marques, deputado da nação e detentor do recorde do Guiness do maior rácio de virgulas por cada palavra escrita, no qual refere "em particular o anunciado reforço da posição do dr. Álvaro Sobrinho na SAD do SCP, cotada e sob escrutínio e avaliação da CMVM”.

6. Para quem não conheça a peça, este é o deputado Duarte Marques:


7. O anunciado reforço da posição de Álvaro Sobrinho na SAD do Sporting em €20M não envolveu qualquer investimento em dinheiro, pois a contrapartida foi a devolução dos passes de jogadores do Sporting que estavam em posse da Holdimo e que tinham sido adquiridas no tempo de direções anteriores do Sporting. O único dinheiro que na altura se falou que Álvaro Sobrinho aplicaria no clube tinha a ver com o pagamento de algumas obras na Academia - que até à data não foram realizadas - e no autocarro da equipa de futebol. O autocarro foi comprado, mas desconheço se foi com recurso a meios próprios do Sporting ou de Álvaro Sobrinho.

8. O investimento que o Sporting tem feito na equipa de futebol e a cautela revelada nos negócios - não perdendo a cabeça por Danilos ou Mitroglous - é o melhor indicador de que não existe nenhum poço de petróleo em Alvalade. Quem afirmar o contrário ou não sabe fazer contas ou é simplesmente desonesto.

9. Resumindo: