quinta-feira, 31 de março de 2016

Fernando Mendes


Fonte: WikiSporting

Toda uma grande carreira dedicada ao Sporting, durante a qual esteve presente em vários momentos de glória do nosso clube, incluindo a vitória na Taça das Taças.

Recomendo a leitura do texto que o site do Sporting fez sobre a carreira de Fernando Mendes enquanto jogador e treinador do Sporting: LINK 

Deixará saudades na família sportinguista.

A opinião que faltava do especialista em calotes

O jornal Sporting avançou hoje com um passatempo em que oferece um voucher de refeição de 301€ a quem conseguir a frase que melhor faça justiça às ofertas de "cortesia" que o Benfica faz às equipas de arbitragem.

Como resposta, João Gabriel escreveu no Twitter:


Fiquei sensibilizado pela preocupação que João Gabriel demonstrou. Ele sabe do que fala. É que podem não saber, mas nestas coisas de não pagar, João Gabriel é um grande especialista.


157 (CENTO E CINQUENTA E SETE) calotes. Não é para qualquer um. Obrigado pela preocupação, João Gabriel!

E vai daí, talvez aquela mensagem tenha sido escrita com segundas intenções...



Ficção aterradora

Jorge Coroado foi, provavelmente, o melhor árbitro de todos aqueles de que tenho memória (melhor até que Proença, que infelizmente tinha um desempenho nas competições nacionais que ficava muito aquém das suas prestações internacionais). Coroado cometia erros, alguns deles graves - como qualquer árbitro -, mas sempre o tive como uma pessoa imparcial. Isto, numa época em que os Guímaros e os Martins dos Santos estavam muito mais à vontade para resolver partidas - já que nessa altura eram poucos os jogos com transmissão televisiva e não existiam repetições de múltiplos ângulos que permitissem uma melhor avaliação do seu trabalho.

Coroado sempre teve uma personalidade muito vincada enquanto árbitro, que se foi apurando ainda mais após o abandono de atividade. Não aprecio o Coroado-juíz do Tribunal d'O Jogo, e o Coroado-comentador é demasiado polémico para meu gosto. A ideia que faz passar nas suas opiniões é que nenhum árbitro é suficientemente bom. Na realidade, até é capaz de ter razão, mas da forma como debita as suas sentenças fica a ideia que não é tanto o sentido de justiça do juiz a orientar a escrita, mas sim o ego do juiz.

Fiz esta introdução por causa daquilo que Coroado escreveu no jornal O Jogo na última terça-feira.

Na origem de cada texto está a pessoa que o escreve. Essa pessoa tem a sua forma de ser e tem as motivações que o levam a escrever as coisas que escreve. Não sei o que levou Coroado a escrever aquilo que escreveu na terça-feira. Não sei se está a pensar em candidatar-se ao Conselho de Arbitragem daqui a uns meses. Não sei se só agora "inventou" o enredo que montou. O que é facto é que esta "ficção" que escreveu está carregada de pormenores que, por acaso, até têm vários pontos de contacto com a realidade da arbitragem portuguesa.

Para quem não leu, aqui fica o texto:


Todos vimos como Tiago Martins e Fábio Veríssimo subiram a internacionais sem terem arbitrado um único jogo da I Liga. Todos vemos árbitros como Bruno Paixão ou João Capela a destruir, semana após semana, os jogos de futebol que dirigem, mas por artes mágicas nunca tiveram a infelicidade de serem despromovidos. Todos vemos uma nova geração de árbitros manifestamente incompetentes - ou que têm apenas a infelicidade de manifestar incompetência quase sempre a favor dos mesmos - a tomar conta do quadro de árbitros de primeira categoria. Todos vimos o que aconteceu a Marco Ferreira, um dos melhores árbitros em 2013/14, a ser despromovido em 2014/15, e todos ouvimos o que alegou o árbitro madeirense. E sabe-se lá o que estará o CA a cozinhar para as classificações finais desta época.

"Protegidos" que são promovidos ao patamar mais elevado? Elementos de grupos de fãs não legalizados que são incentivados a inscreverem-se em cursos de árbitros de futebol de onze? Seria interessante que Coroado, no seu próximo texto, começasse a dar nomes às personagens, porque esta peça de ficção tem todos os elementos para se tornar num clássico da literatura moderna.

(via Tu Vais Vencer)

quarta-feira, 30 de março de 2016

Senhor João Mário

Vale a pena ler o artigo da FourFourTwo sobre João Mário, por Tom Kundert: LINK.

Afinal ainda foi pior do que eu pensava

As 2ª e 3ª figuras do Estado português a distribuírem cumprimentos antes do jogo, com António Costa por perto. A 1ª figura só apareceria após o intervalo.



Gostava mesmo de saber quem convidou o miúdo para aquele lugar.

Sinais de esperança

Depois da deprimente exibição da seleção contra a Bulgária, o jogo de ontem acabou por deixar alguns sinais de esperança para a nossa participação no Euro 2016. Apesar de a Bélgica ter várias baixas de peso (Hazard, De Bruyne, Kompany e Vertonghen) e de o fio de jogo coletivo português ainda continuar caótico (por exemplo, abusou-se dos cruzamentos - apesar de um deles até ter dado golo), não deixou de ser uma vitória contra uma boa seleção, em teoria mais forte que qualquer um dos nossos adversários na fase de grupos no Europeu.

Mas para que esses sinais de esperança se venham a converter em algo mais palpável, é fundamental que Fernando Santos faça a sua parte: convoque e coloque a jogar aqueles que realmente têm ainda algo a dar à seleção, e não olhe para nomes, empresários, quotas de clubes e índices de popularidade dos atletas no momento de escolher os 23 que irão a França.

Os próximos compromissos da seleção já serão após o fim das competições de clubes, e será bom que Fernando Santos não desperdice as poucas oportunidades que ainda tem para consolidar rotinas entre os jogadores que, na sua cabeça, formarão o onze principal. 


Lembro-me, por exemplo, dos jogos desperdiçados por Paulo Bento nos últimos jogos de preparação antes da equipa partir para o Brasil, mudando de esquemas táticos e trocando jogadores de posição como quem muda de roupa nos provadores de uma loja de pronto-a-vestir. Tentou um duplo-pivot com William e Veloso contra a Grécia. A seguir, contra o México, usou Fábio Coentrão como médio centro (!) e André Almeida como defesa esquerdo, para depois contra a Irlanda voltar a colocar Coentrão na lateral. Para além disso, conseguiu apresentar equipas completamente diferentes nos três jogos de preparação. O resultado ficou à vista: pode ter havido o problema dos índices lesionais do Dr. Jones, mas houve também muita responsabilidade do treinador no fracasso que foi a participação no mundial.

Até junho pode haver muitas evoluções positivas e negativas na forma dos jogadores mas, neste momento, parece-me que o melhor onze não pode abdicar de um meio-campo com Danilo (espero que William suba de produção até ao final da época para disputar o lugar), Adrien e João Mário. Cédric oferece mais na lateral direita que Vieirinha e, à falta de Fábio Coentrão, Raphael Guerreiro apresentou bons argumentos (apesar de também gostar de Antunes). É escusado dar mais tempo de jogo a Éder (que parece estar numa pilha de nervos sempre que joga pela seleção), a Bruno Alves e a Eliseu. Bernardo Silva, André Gomes e Rafa terão uma palavra a dizer na conquista da titularidade. Não é justo fazerem-se apreciações definitivas de Renato, mas não acrescentou absolutamente nada no tempo de jogo que teve em ambas as partidas. E quando Moutinho estiver recuperado, que seja obrigado a lutar pelo lugar que ontem foi de Adrien. João Mário tem que jogar sempre.

P. S.: parece que o miúdo que invadiu o campo no jogo contra a Bulgária voltou a dar sinais de vida na partida de ontem. Depois de ter sido colocado nas capas de jornais, entrevistado por jornais e televisões (ele e os pais) e transformado num herói nacional, foi convidado para ver a partida de ontem... num camarote. Se isto é verdade, que triste é este país que premeia gente que pratica atos que deviam ser, no mínimo, desencorajados.

terça-feira, 29 de março de 2016

Como se diz "complexados" em francês e em flamengo?

Dirijo esta pergunta ao jornalista Eduardo Pedrosa Marques, do jornal A Bola. Isto porque ontem, após a conferência de imprensa, o site de A Bola parecia aquele soldado que marchava no sentido contrário de todos os outros numa parada militar.

via @va5co

Hoje, na edição em papel, mantiveram essa versão.


Pelos vistos houve aqui alguma coisa que falhou na tradução de português para português...



É sempre bonito quando um jornalista altera propositadamente uma frase para lhe mudar o sentido. Ainda por cima numa coisa sem qualquer importância como esta. Como é que se diz "complexados" em francês e em flamengo?

As quatro fases emocionais do benfiquista no caso dos vouchers

Tem sido bastante interessante acompanhar a forma como a nação benfiquista tem lidado com a oferta de vouchers de refeições que o seu clube faz a árbitros, delegados e observadores. Em certa medida, faz lembrar a reação de um indíviduo a quem é retirada uma substância ou negado um hábito em que estava viciado. Normalmente, os especialistas falam em cinco fases emocionais na forma como se lida com essa perda: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação, não necessariamente por esta ordem.

No caso dos benfiquistas, se bem se lembram, a reação inicial à divulgação feita por Bruno de Carvalho foi... de raiva:


No dia seguinte, os benfiquistas entraram na fase da negação, afirmando categoricamente que não existia qualquer referência a refeições no dito voucher. Apenas estava contemplado, diziam, a visita a um espaço museológico:

Retirado de Hugo Gil e Benfica

Rapidamente, no entanto, se passou para a fase da negociação. Lá reconheceram que os vouchers incluíam mesmo jantares. Numa primeira versão, contava-se que apenas 7 vouchers tinham sido utilizados (e nenhuma dessas pessoas era árbitro) e faziam-se contas considerando unicamente o preço de custo do kit, que era de apenas 24 euros. Ou seja, muito abaixo do limite de 200 euros estipulado pela UEFA e pela própria Liga (na realidade o limite é de 200 francos suiços, ou seja, cerca de 180 euros).


Mais tarde, lá se soube que existiram mesmo árbitros a usufruir da refeição.


Uns meses mais tarde, já se falava de 10% de vouchers utilizados (ou seja, apenas em 2014/15, foram usufruídas cerca de 112 refeições de um universo de 1120 ofertas) e que as refeições contemplavam a sugestão do chefe. Mas, na realidade, não foi só o número de vouchers utilizados que aumentou. Por conveniência, o limite da UEFA também foi alargado para tamanhos XL.


Resta saber se, da mesma forma que existia um Kit Eusébio especial para árbitros, delegados e observadores, também existia uma sugestão do chefe específica para estes comensais.

E ficamos por aqui. A parte da depressão - considerando a total disponibilidade revelada por árbitros, FPF e Liga para enterrar o assunto tão rapidamente quanto possível - não chegou a ocorrer, nem nunca ocorrerá. Quanto à aceitação, bem, vamos em março de 2016 e os kits continuam a ser oferecidos sem qualquer pudor. 

Em contrapartida, a falta da depressão e aceitação pareceu ser compensada nos benfiquistas por um efeito secundário: uma grave de dificuldade na interpretação de textos. O jornal Sporting fez na semana passada um ensaio do valor que poderia ter uma refeição no estabelecimento em causa. Sim, foram ao restaurante, verificaram os preços, simularam uma refeição que poderiam ter feito se não tivessem que olhar a custos, e deixaram pistas suficientes no texto para que os leitores concluíssem que não consumiram de facto os produtos que mencionaram. Apesar disto, foram vários os benfiquistas a assumir que os jornalistas do Sporting gastaram mesmo 1000€.




O pior é que este efeito, aparentemente, contagiou jornalistas. É certo que eram jornalistas da CMTV - que, como sabemos, possuem um sistema imunológico contra a interpretação incorreta de factos, declarações ou textos que, por defeito, está altamente debilitado. Mas de qualquer forma, a bem do rigor científico, há que registar a ocorrência.

Raiva - Negação - Negociação - Problemas com o português: eis as 4 fases emocionais do benfiquista no caso dos vouchers.

(para mais sobre este assunto, recomendo a leitura de um post do blogue Bancada de Leão, AQUI)

segunda-feira, 28 de março de 2016

A recandidatura de Bruno de Carvalho

Bruno de Carvalho deu ontem uma entrevista ao jornal A Bola, por ocasião dos três anos de presidência, em que fez um balanço do seu mandato e anunciou a sua recandidatura ao cargo.

A ida de Bruno de Carvalho a votos em 2017 não é propriamente uma notícia bombástica - a sua não candidatura é que seria, de facto, uma enorme surpresa -, mas vem ao encontro das expetativas de maior parte dos sportinguistas. Estou convencido que será necessário existir uma conjugação de fatores altamente improvável para que Bruno de Carvalho não seja reeleito: uma lista opositora com um nome muito forte (neste momento só vejo um, e não acredito que avance), uma época de 2016/17 desastrosa desde o princípio (possível mas não provável), e que se formasse uma falha geológica nos terrenos do pavilhão que obrigasse a que a obra fosse abortada.

Tenho, no entanto, que fazer duas observações sobre o momento e a forma do anúncio da recandidatura. Em primeiro lugar, creio que esta não era a altura certa para o fazer. Ao dar o tiro de partida para a pré-campanha das eleições de 2017, qualquer lista da oposição fica mais que legitimada para fazer o mesmo - e isso, quando a época está numa fase absolutamente crítica, não me parece propriamente benéfico para o clube.

Em segundo lugar, também não compreendo a escolha do jornal A Bola para a entrevista. Mesmo considerando que não foi feita por nenhum diretor / subdiretor do jornal (ter Bruno de Carvalho frente a frente com Fernando Guerra ou José Manuel Delgado só mesmo num ringue de boxe), não gosto de ver o presidente a dar motivos aos sportinguistas para comprar esse jornal. Bem sei que o Record tem revelado ultimamente uma vontade descarada de agradar ao mundo vermelho, mas poderia ter sido encontrada outra alternativa.

Retomando o assunto principal, por tudo o que já referi atrás e pelo que escrevi no post do balanço destes três anos de presidência, fico obviamente satisfeito com o anúncio da recandidatura do presidente. As qualidades que tem revelado, os resultados alcançados e a importância preponderante que teve na aproximação do clube aos sócios e adeptos, fazem de Bruno de Carvalho o mais óbvio dos nomes para a liderança do clube no quadriénio 2017-2021. Independentemente disso, será sempre positivo que apareçam listas alternativas que promovam um debate construtivo sobre o presente e o futuro do clube.

sábado, 26 de março de 2016

Via sacra e circo

Tradicionalmente, os jogos particulares da seleção são enlatados que suscitam um interesse muito reduzido. Vê quem não tem nada melhor para fazer, sabendo-se à partida que os acontecimentos presenciados serão chutados para um recanto pouco utilizado do cérebro, pois raramente produzem algo que valha realmente a pena reter. O jogo de ontem não foi diferente, pelo menos no que diz respeito ao futebol propriamente dito.

Os búlgaros foram um par de vezes à nossa área e marcaram sem saber como. Os portugueses acamparam no meio-campo adversário e falharam golos atrás de golos, também sem saber como. A quantidade de oportunidades criadas não podia, no entanto, ser mais enganadora em relação à qualidade da exibição da nossa seleção. Não existe uma equipa. É mais que evidente que, com esta (falta de) ideias de jogo, só iremos no Euro 2016 até onde Cristiano nos conseguir levar. A ideia de Fernando Santos em meter o meio-campo do Sporting até se compreende, mas só pode resultar se houver um sentido coletivo de qualquer espécie a ligar os vários setores. Talvez fosse mais eficaz meter um meio-campo composto por jogadores do Benfica (p.ex.: André Almeida / Renato / Pizzi) que, assim como assim, já estão habituados a viver no meio do caos tático e da inspiração do fora-de-série que têm lá na frente. Fica a sugestão.

De qualquer forma, já todos sabiam que, jogasse a seleção bem ou mal, ganhasse ou perdesse, pela margem mínima ou por goleada, os holofotes estariam todos apontados para a estreia de Renato Sanches. E, há que reconhecê-lo, o circo que estava anunciado não desiludiu.

Pelo contrário, fez completa justiça à histeria em massa que a comunicação social e o Benfica (passe a redundância) têm promovido desde que o miúdo entrou no onze de Rui Vitória. Começando pelas múltiplas referências da RTP a este momento histórico, a humildade que o repórter de campo sentiu em Renato enquanto este se preparava para entrar, as ovações do público sempre que tocava na bola e, para terminar de forma épica, a invasão de campo para o abraço que (previsivelmente) estará nas capas dos jornais de sábado. Uma coisa é certa: se Renato conseguir passar por isto sem se deslumbrar, é sinal que terá força mental para concretizar o potencial que tem. Caso contrário, será mais um para juntar a uma longa lista de enormes promessas benfiquistas que acabaram por não dar em nada. E não é porque o talento não estivesse lá. Simplesmente, há gente que nunca aprende.

sexta-feira, 25 de março de 2016

40 pinceladas de génio

Krassimir Balakov.


Falando de Iuri Medeiros

Na quarta-feira passada, quer o Record quer O Jogo noticiaram na capa que Jorge Jesus conta com Iuri Medeiros para o plantel do próximo ano. Qualquer pessoa minimamente atenta se apercebe da excelente época que Iuri está a fazer no Moreirense, confirmando o potencial que todos lhe reconhecíamos e demonstrando qualidades que poderão fazer dele uma peça muito útil para o Sporting versão 2016/17.

A propósito disto, parece-me oportuno colocar aqui uma análise feita pelo @VeDrIx7 (Vedrix no ForumSCP) à influência de Iuri na época do Moreirense. Aqui fica:




Estive a analisar a influência de Iuri Medeiros no jogo do Moreirense, com base nos resumos que estão disponíveis online (de 3/4 minutos) de todos os jogos da liga em que participou.

Em primeiro lugar, o Moreirense marcou esta época um total de 32 golos na liga. Iuri não participou em três jogos: as duas primeiras jornadas por opção, e no jogo com o Sporting, por impedimento legal. Com Iuri em campo, o Moreirense marcou 22 golos em 1.820 minutos, o que dá uma média de um golo a cada 83 minutos.

Analisando os lances de maior importância em que Iuri participou, temos os seguintes números:
  • Golos: 7
  • Assistências: 8
  • Penáltis sofridos: 3 (2 resultaram em golo, 1 falhado)

Ou seja, Iuri teve influência directa em 17 de 22 golos enquanto estave em campo. Mas não se ficou por aqui:
  • Lances de perigo criados, finalizados por ele ou por colegas: 51 (!)
  • Remates aos postes: 4

Olhando apenas para os lances de bola parada:
  • Golos: 0
  • Oportunidades de golo com remate seu: 6 (2 nos ferros)
  • Oportunidades de golo falhadas após passe seu: 7

Enfim, é muita coisa, muita jogada, influência absurda na manobra ofensiva.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Três anos de presidência

Adore-se, goste-se, antipatize-se ou odeie-se Bruno de Carvalho, nenhuma pessoa que acompanhe o futebol português em geral e o Sporting em particular poderá negar que o clube está hoje incomparavelmente melhor do que estava no dia em que o seu mandato começou. Está melhor ao nível da sua saúde financeira, ao nível da sua capacidade desportiva, e na vitalidade demonstrada enquanto instituição desportiva de referência em Portugal.

Não é por obra do acaso que o clube está melhor. Isso deve-se ao facto de Bruno de Carvalho e a sua equipa terem encontrado soluções para inúmeros problemas que assolavam o clube. E é preciso haver muita desonestidade intelectual para se reduzir os méritos desta direção ao aproveitamento de uma reestruturação financeira que, segundo alguns, já estaria completamente definida por Godinho Lopes, ao aproveitamento da qualidade dos produtos da academia que tinham sido trabalhados nos anos anteriores, ou a uma escolha acertada de treinadores.

Por muito que custe a algumas pessoas, o clube só conseguiu sair do buraco em que estava metido porque houve capacidade para reconhecer os problemas, definir as prioridades certas e alocar de forma globalmente eficaz os poucos recursos existentes, tudo isto numa conjuntura de pesadelo em que não havia grande margem para errar. Uma má escolha de treinador, demasiado dinheiro desperdiçado em contratações inúteis, ou uma falha grave ao nível da gestão do clube, e todo o edifício poderia desabar de um momento para o outro.

Obviamente que foram cometidos erros, mas que não são muito significativos no panorama geral de tudo aquilo que foi alcançado. O clube regressou aos títulos que fugiam desde 2008, está efetivamente a disputar o título de campeão nacional com clubes que dispõem de muito mais recursos (dentro e, sobretudo, fora de campo), registou-se uma enorme valorização do plantel, recuperou-se a esmagadora maioria dos direitos económicos dos jogadores que tinham sido vendidos ao desbarato, e o clube voltou a apresentar lucros de forma consistente (apesar do prejuízo nas últimas contas semestrais, acredito que o ano vai acabar positivo) em contraste com os prejuízos anuais de 35, 40 ou 45 milhões que foram uma das imagens de marca das direções anteriores.

E há ainda que referir aquela que será, provavelmente, a maior vitória estratégica da equipa de Bruno de Carvalho até ao momento: impedir que os nossos rivais conseguissem concretizar uma bipolarização do futebol português que parecia irreversível. A rápida recuperação da competitividade da equipa de futebol e o aumento significativo do número de sócios e das assistências em Alvalade foram fundamentais para que o Sporting garantisse um contrato de direitos televisivos ao nível de Benfica e Porto. Não nos podemos esquecer que, há um par de anos, Benfica e Porto discutiam entre si um sistema de repartição do bolo de direitos que deixaria o Sporting com uma fatia aproximada à do Braga. Tivessem levado adiante os seus objetivos, e teria sido cavado um fosso orçamental para a próxima década impossível de ultrapassar.

Não menos importantes foram outras medidas estruturantes para o clube, como a construção do pavilhão ou a criação da Sporting TV. Há 3 anos não seriam mais que uma miragem. A Sporting TV é hoje uma realidade e o pavilhão está muito perto de também o ser.

A postura conflituosa de Bruno de Carvalho será, seguramente, a faceta mais controversa da sua presidência. Os processos colocados a antigos dirigentes, o episódio Doyen, a rutura com Marco Silva, a agressividade contra Benfica, Porto e outras figuras e corporações do futebol português, geraram muitos anticorpos - não só nos rivais, mas também em muitos sportinguistas. Há quem goste, por ver nisso um compromisso de defesa do clube face a quem o ataca. Há quem não goste, por ver banalizada a imagem e a palavra do presidente do Sporting. Falando por mim, não posso dizer que goste de ver, mas considerando a conjuntura parece-me que esta estratégia de conflito aberto é - apesar dos exageros que acaba por proporcionar - um mal necessário.

Bruno de Carvalho tem duas características que considero essenciais para se ser presidente do Sporting: um amor ao clube acima de qualquer suspeita e uma determinação de ferro. Moldaram o seu estilo de presidência e foram fundamentais para a recuperação do clube. Existem formas diferentes de se liderar um clube, baseando-se noutro tipo de estratégias e valências, mas duvido que o Sporting tivesse ultrapassado a pior crise da sua história com um presidente que não tivesse essas duas características em abundância. 

Em jeito de balanço destes três anos de mandato: considerando o trabalho feito, os antigos dirigentes que tivemos, e as pessoas que se mostraram disponíveis para liderar o clube em 2013, não tenho dúvidas que Bruno de Carvalho foi o homem certo que apareceu no momento certo para o Sporting.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Tempo de utilização de jogadores portugueses


Os horários da 28ª jornada

O Record adiantou ontem, no seu site, que o Benfica - Braga deverá ser jogado na sexta-feira, dia 1, e que o Belenenses - Sporting será disputado no dia 4 à noite, ou seja, numa segunda-feira.

É surreal que a LPFP não tenha os horários definidos para a 28ª jornada, a apenas 9 dias do seu início. É uma demonstração de incompetência, de incapacidade organizativa, e de uma tremenda falta de respeito para com os adeptos que querem ver os jogos e precisam de planear a sua vida em função das datas em que os seus clubes competem. Infelizmente, este atraso no agendamento das partidas não é um caso isolado: ainda no princípio de 2016 houve uma jornada a meio da semana cujos horários foram conhecidos apenas 7 dias antes.

Situações destas continuam a suceder-se, apesar de no programa de candidatura de Pedro Proença ter sido incluída a intenção de aproximar a liga portuguesa às necessidades dos adeptos:


Para já, zero valores no trabalho feito neste sentido. O planeamento antecipado de data e hora dos jogos é o que sabemos, continua a não existir qualquer política de regulação dos preços dos bilhetes, enquanto que os horários atrativos continuam a ser uma raridade - e que nas poucas vezes que acontecem se devem sobretudo a limitações de calendário que forçam a haver vários jogos importantes no mesmo dia.

Bem sei que Pedro Proença foi eleito com a ajuda do Sporting - que nunca poderia, por uma questão de princípio, apoiar uma reeleição de Luís Duque -, mas duvido que este apoio fosse renovado se houvesse novas eleições num futuro próximo. Tem sido demasiado mau, seguramente muito abaixo das expetativas que existiam no momento em que o ex-árbitro decidiu avançar.

P.S.: Do ponto de vista dos adeptos, é ridículo que se empurre um Belenenses - Sporting para uma segunda-feira. Um jogo que poderia à partida registar uma assistência muito interessante no estádio, ficará limitado pelo sacrifício que se está a pedir aos potenciais milhares de espectadores que têm que trabalhar no próprio dia e levantar-se cedo na manhã seguinte. Do ponto de vista desportivo, no entanto, é benéfico para o Sporting, pois dá a Jorge Jesus dias adicionais para preparar o jogo com o plantel completo - não esquecer que são muitos os jogadores que estarão ausentes dos trabalhos por estarem a representar as respetivas seleções (no caso do Benfica, por exemplo, Jonas jogará na madrugada de dia 30, o que significa que regressará com muito pouca antecedência para a partida com o Braga).

P.P.S.: É apropriado que o Benfica defronte o Braga no dia 1 de abril. Nada como fazer um jogo do Benfica no dia das mentiras para fazer justiça ao que tem sido este campeonato. :)



terça-feira, 22 de março de 2016

RIP TVI24

Aparentemente, o tal quadro com erros factuais que mencionei no post anterior, foi utilizado ontem pelo Prolongamento para lançar a discussão sobre os anos que o Sporting passou sem ter penáltis contra.


Foi mesmo assim, engoliram sem mastigar. RIP TVI24, venderam a alma ao Guerra.

(obrigado, @tonicasubtonica)

"Tempo sem penalties contra no campeonato"

A resposta corporativa dos benfiquistas ao aniversário sem expulsões ou penáltis assinalados contra centrou-se numa estatística referente ao final do século passado: segundo os benfiquistas, vergonha maior do que este ano de indultos atrás de indultos, é o Sporting ter estado 5 anos sem ter um penálti assinalado contra.

Fonte: Hugo Gil e Benfica

Coloco aqui este quadro apenas porque me apareceu várias vezes na minha timeline do Twitter e foi, ao que parece, a base em que assentou a argumentação benfiquista. Na realidade, há dois erros factuais neste quadro. O primeiro é que o tal período não começou a 11-01-1996. O Chaves - Sporting, a que essa data se refere, foi na verdade disputado a 30-12-1995, mas uma falha da iluminação do estádio forçou a que os últimos dois minutos fossem disputados a 11 de janeiro do ano seguinte, ou seja, cerca de duas semanas depois. O penálti foi assinalado a 30 de dezembro de 1995.

Mas existe um outro erro: a 28 de abril de 1996, na 32ª jornada da época de 1995/96, houve um penálti assinalado contra o Sporting em Barcelos. O penálti foi defendido mas, a bem do rigor, deveria ter sido considerado nesta "análise".


Portanto: o Sporting não viu um penálti ser-lhe assinalado contra entre 28 de abril de 1996 e 3 de dezembro de 2000. Só que a história não está a ser contada na totalidade, porque a impunidade do Benfica se verifica não só nos penáltis, mas também nos vermelhos. E neste período de 4 anos, 7 meses e 5 dias em que o Sporting não teve penáltis assinalados na sua área, foram exibidos a jogadores da equipa um total de 21 cartões vermelhos. Vinte e um.

1995/96 - nas últimas 2 jornadas não houve nenhum vermelho (9 cartões vermelhos nessa época)
1996/97 - 4 cartões vermelhos
1997/98 - 9 cartões vermelhos
1998/99 - 5 cartões vermelhos
1999/00 - 3 cartões vermelhos
2000/01 - até 3 de dezembro não houve nenhum vermelho (2 cartões vermelhos nessa época)

Se aquilo que os benfiquistas querem provar é que o Sporting foi protegido pelas arbitragens durante esse período, eu respondo que já vi proteções mais eficazes. Mantendo-se esta cerimónia das equipas de arbitragem perante o jogo violento ou à margem das leis dos jogadores do Benfica, quantas décadas terão que passar para lhes serem mostrados 21 cartões vermelhos?

Mas essa nem é a questão. O tempo que uma equipa esteve sem penáltis ou expulsões é uma curiosidade, mas não é o principal, pois o que realmente interessa é se durante esse período existiram ou não motivos para haver penáltis ou expulsões. E no caso do Benfica, têm-se acumulando praticamente em todas as jornadas erros críticos que os beneficiam. Em alguns casos de forma clara, noutras através de um benefício da dúvida bem forçado que, a maior parte das vezes, é recusado às outras equipas.

E em 2015/16, já tivemos isto...

Benfica - Estoril: penálti de Luisão por assinalar (o resultado era 0-0)

Benfica - Paços Ferreira: penálti de Mitroglou por assinalar(o resultado era 0-0)

Porto - Benfica: 2º amarelo perdoado a André Almeida (o resultado era 0-0)

Benfica - Sporting: agressão de Samaris a Bryan Ruiz

Benfica - Sporting: agressão de Fejsa a Adrien

Braga - Benfica: penálti de Lisandro sobre Hassan, com o resultado em 0-2 (LINK)

Setúbal - Benfica: penálti de Jardel sobre Suk, com o resultado em 0-0 (LINK)
Setúbal - Benfica: 2º amarelo perdoado a Lisandro contra o Setúbal, por simulação de penálti, com o resultado em 0-1

Benfica - Rio Ave: 2º amarelo perdoado a Samaris (LINK)

Guimarães - Benfica: cartão vermelho perdoado numa agressão de Eliseu, com o resultado em 0-0
Guimarães - Benfica: penálti de Fejsa, com o resultado em 0-0
Guimarães - Benfica: penálti e expulsão perdoada a Lisandro, com o resultado em 0-0
Guimarães - Benfica: 2º amarelo perdoado a Jardel, com o resultado em 0-1

Benfica - Arouca: penálti de Lisandro não assinalado, com o resultado em 1-0 (LINK)

Sporting - Benfica: penálti de Lindelof não assinalado, com o resultado em 0-1 (LINK)
Sporting - Benfica: expulsão perdoada a Renato Sanches, com o resultado em 0-1 (LINK)

Boavista - Benfica: expulsão perdoada a Eliseu, com o resultado em 0-0

Totalizando: 8 penáltis e 10 cartões vermelhos perdoados. Não está nada mal...

segunda-feira, 21 de março de 2016

O melhor momento do jogo de sábado

O 3º golo do Sporting, finalizado por João Mário, foi uma pequena obra de arte. Começando pela magnífica finalização em arco e de primeira, obviamente, mas também pela tabelinha perfeita entre Adrien e Slimani, e pelo trabalho individual do capitão a furar do centro para a esquerda.

Uma jogada em que a bola passou por: Rui Patrício, Bruno César, João Mário, Teo Gutierrez, Bruno César, William, Adrien, Coates, Schelotto, Adrien, Slimani, Adrien e finalmente João Mário. Apenas Rúben Semedo e Bryan Ruiz não participaram na jogada.

Ah, e a forma como Adrien festejou... <3

Resumo do Sporting B 5 - 0 Oliveirense

O Sporting B conseguiu ontem uma vitória importante sobre a Oliveirense, que nos coloca na 11ª posição, 8 pontos acima das posições de despromoção. Faltam ainda 9 partidas, pelo que a manutenção não está assegurada, mas as coisas começam a compor-se.

Os jogos que faltam são:

38ª J: (F) Penafiel (13º)
39ª J: (C) Chaves (2º)
40ª J: (C) Gil Vicente (7º)
41ª J: (F) Ac. Viseu (17º)
42ª J: (C) Benfica B (21º)
43ª J: (F) Aves (9º)
44ª J: (C) Porto B (1º)
45ª J: (F) V. Guimarães B (19º)
46ª J: (C) Braga B (11º)

Aqui fica o golo: golos de Chaby (2x), Geraldes, Podence e Elói.

Parabéns a você, nesta data querida...

Está cumprido um ano seguidinho sem expulsões nem penáltis assinalados contra para o campeonato! O Eliseu e o Fábio Veríssimo explicam como foi possível tamanha proeza.

domingo, 20 de março de 2016

Tarde que se resolveu cedo

Se existem tardes perfeitas no futebol, esta seguramente que ficou muito perto de poder ser assim considerada. Estádio praticamente cheio - com muita juventude nas bancadas -, uma primeira parte arrasadora com futebol de grande qualidade e uma eficácia finalizadora decente, que permitiu que se registasse um fenómeno raro em Alvalade: jogo resolvido ao intervalo e uma segunda parte totalmente tranquila.



Positivo

A primeira parte - quarenta e cinco minutos de nota artística elevada que se traduziu em quatro golos sem resposta. Não me lembro do último jogo para o campeonato em que o Sporting foi para o intervalo com uma vantagem tão dilatada. Mas a verdade é que o Sporting já realizou esta época outras primeiras partes tão dominadoras quanto esta. A diferença, hoje, esteve sobretudo na eficácia da finalização, apesar de Ruiz, João Mário, Gelson e William terem ficado a dever outras 5 prendas às redes de Bracali. 

Senhor João Mário - dois golos, papel importante no golo de Ruiz e muito, muito futebol, a toda a largura do campo. Mais um carimbo na caderneta das enormes exibições, que está cada vez mais preenchida nesta época. É impossível pensar no melhor Sporting sem João Mário. O único aspeto negativo foi o outro par de ocasiões para marcar que não aproveitou.

Finalmente, Teo - decisivo pelos dois golos que marcou (curiosamente, bateu mal na bola nos dois casos, mas o que interessa é que as meteu lá dentro). Mas os seus melhores momentos foram a assistência para João Mário no 2-0, e o excelente trabalho a servir Gelson aos 80'. Foi importante e justificou a titularidade, o que é uma melhoria significativa em relação a tantos jogos em que foi um a menos em campo. Se continuar assim já não será mau.

Dois golos de bola parada - ambos os golos de Teo foram tirados a papel químico: canto batido por Bruno César na esquerda, desvio de Coates / William no centro da área para o segundo poste, onde estava Teo para finalizar. O Sporting começa finalmente a tirar algum proveito deste tipo de lances com alguma regularidade, depois dos recentes golos ao Boavista e do tento madrugador que desbloqueou a vitória fácil na Choupana.

Outros destaques individuais - Slimani não fez um único remate, mas esteve muito participativo e foi peça chave no terceiro e no quinto golo. Coates e Semedo tiveram mais um jogo competente, tendo sido obrigados a fazer uso da sua velocidade para conter ou acabar com os contra-ataques do Arouca. William foi importantíssimo para o equilíbrio defensivo da equipa. Bruno César cumpriu de forma bastante satisfatória o papel de lateral.

O ambiente nas bancadas - foi maravilhoso ver tantas crianças no estádio - é certo que foi o dia das escolinhas, mas não foi apenas por isso; o horário do jogo também ajudou -, provavelmente ter-se-á cantado o melhor O Mundo Sabe Que até à data, e uma magnífica assistência de mais de 46.000 espectadores. Venham mais tardes assim.


Negativo

A flash interview de Jesus - as palavras de Jesus dirigidas a Slimani pareceram-me excessivas. Slimani estava visivelmente chateado por ter sido substituído, não devia ter feito aqueles gestos de frustração quando já estava sentado no banco, mas não justificava uma resposta tão violenta do treinador. Bastava ter dito que era normal que quisesse marcar golos, mas que quem manda é ele e ponto final. Da forma como o fez, apenas serviu para arranjar tema de conversa para toda a semana. Na conferência de imprensa foi mais brando, mas o mal já estava feito.

Momentos de desconcentração - as duas principais oportunidades do Arouca antes do golo surgiram de erros desnecessários dos nossos jogadores: uma perda de bola de Adrien no meio-campo e um canto mal batido (creio que por Bruno César). Na segunda parte houve mais algumas situações em que a equipa facilitou - seguramente fruto da descompressão de uma partida que estava resolvida -, mas isso é perfeitamente compreensível. Há que dizer que o Arouca justificou o golo que marcou (que foi irregular, no entanto), tendo obrigado Rui Patrício a aplicar-se em várias ocasiões.



Vitória indiscutível e primeira posição recuperada provisoriamente. Tem a palavra o Benfica (e o Boavista, já agora). Quanto a nós, faltam 7 finais. Mantendo esta qualidade de jogo, não há como não acreditar que podemos ser campeões.

sábado, 19 de março de 2016

Maravilhoso

Entrada das equipas! #DiaDeSporting

Publicado por Sporting Clube de Portugal em Sábado, 19 de Março de 2016


O perigo amarelo

Dos 8 jogos que faltam para o final da época, será consensual que os desafios de risco mais elevado para o Sporting serão as deslocações ao Dragão e à Pedreira. No entanto, não coloco a receção de logo ao Arouca muito abaixo na escala de dificuldade. O Arouca ocupa um surpreendente quinto lugar, mas isso não é fruto do acaso. Lito Vidigal pode ser uma pessoa detestável, mas é um treinador extremamente pragmático, que conhece muito bem as limitações dos seus jogadores e sabe tirar o melhor partido das suas qualidades.

Este Arouca ganhou a Benfica e Porto, e ficou muito perto de fazer a mesma gracinha contra o Sporting na primeira volta. É uma equipa que se sabe fechar e que é suficientemente venenosa para constituir uma séria ameaça no contra-ataque. Para além de que poderemos esperar o recurso a todo o tipo possível de expedientes de antijogo.

Contra isto, o Sporting precisará de ser uma equipa concentrada e paciente, e decidida a não desperdiçar tempo na procura do primeiro golo. Na realidade, tem que ser tudo aquilo que foi na primeira parte contra o Estoril, mas sem a parte do desperdício à frente da baliza.

Depois dos maus resultados contra o Vitória de Guimarães e o Benfica, a equipa e os adeptos souberam responder de forma exemplar na presença em força nas bancadas e na atitude dentro das quatro linhas. Os 42.000 bilhetes que, ao final da tarde de ontem, já estavam vendidos, são a confirmação de que os sportinguistas estão incondicionalmente com a equipa. Felizmente, os jogadores têm-nos dados bons motivos para acreditarmos neles até ao fim.

Balanço das arbitragens: 26ª jornada

Estoril 1-2 Sporting (Manuel Mota)

67': Remate contra o braço de Aquilani na área do Sporting, o árbitro não assinala penálti - decisão certa, o jogador do Sporting tem o braço imóvel, colado ao braço, sem aumentar a mancha, pelo que não há motivos para penálti

80': Alegações de penálti por Coates prender o braço a um adversário na área do Sporting - decisão certa, os jogadores têm os braços enganchados mutuamente, não há falta

=: arbitragem sem influência no resultado


Porto 3-2 U. Madeira (Manuel Oliveira)

12': Amilton cai na área ao disputar a bola com Chidozie, o árbitro não assinalou penálti - decisão errada, o jogador do Porto impede o adversário de disputar o lance colocando-lhe o braço no pescoço, havia motivo para penálti

70': Brahimi cai na área ao tentar cabecear uma bola, com Paulinho a colocar o braço nas costas; o árbitro não assinalou penálti - decisão certa, Paulinho tem o braço das costas do adversário mas não parece empurrar, Brahimi acaba por cair por estar desenquadrado com a bola ao tentar cabeceá-la

=: um penálti por assinalar com o resultado em 0-0; o Porto tinha tempo para a reviravolta, mas a tarefa seria mais complicada (1X)


Benfica 4-1 Tondela (Luís Ferreira)

1': Golo anulado a Mitroglou por fora-de-jogo - decisão certa, o jogador do Benfica está ligeiramente adiantado no momento do passe

21': O árbitro assinala uma falta ofensiva a Karl Junior por falta sobre Lindelof - definitivamente não existe falta do jogador do Tondela, o que se pode discutir é se existiu falta para penálti do defesa do Benfica; há um empurrão que fica ali muito no limite do que pode ser considerada uma carga de ombro legal; aceita-se que o árbitro não considerasse penálti

=: arbitragem sem influência no resultado



Estatísticas da jornada



Estatísticas acumuladas



Classificação



Jogos com influência da arbitragem no resultado



Erros de arbitragem com o resultado em aberto



Erros de arbitragem com o resultado em aberto agrupados por árbitro, desde 2013/14


sexta-feira, 18 de março de 2016

40 anos de amor incondicional

Parabéns, Juve Leo!


RIP João Mário

Deus Renato ainda agora chegou e já lhe cortam a cabeça. :)



(obrigado. Tiago!)

A opinião que faltava sobre o sorteio da Champions

O negócio Brahimi

Ao longo dos últimos meses, o Football Leaks foi revelando uma série de documentos que permitem entender o quão complexo é o negócio Brahimi. Aquilo que parece, à primeira vista, ser um simples negócio de compra e posterior venda de parte do passe a um fundo, tem, na realidade muitas outras ramificações. Nada que surpreenda quem tem acompanhado os leaks com detalhe, no entanto. De seguida fica uma cronologia de todo o negócio, que se baseia na informação constante dos contratos que foram publicados.


I. Antes da transferência

O passe de Brahimi era partilhado por duas entidades:

  • Granada, o clube onde jogava o argelino;
  • Fifteen Securisation, uma empresa com base no Luxemburgo.

A forma como o passe estava dividido entre as duas partes não é conhecida. O Granada é um clube detido pela família Puzzo. Da Fifteen Securisation sabe-se pouco, mas um dos seus administradores é conhecido: Raffaele Riva, que é também o presidente do Watford, clube inglês que é detido... pela família Puzzo (LINK).


II. A transferência para o Porto

Assim que ficou decidida a transferência de Brahimi para o Porto, houve uma movimentação à formalização da venda do jogador. A Doyen e a Fifteen Securisation chegaram ao seguinte acordo: a Fifteen Securisation abdicava da sua percentagem de direitos económicos de Brahimi em favor do Granada (que passava a ser detentor de 100% do passe); em contrapartida a Doyen pagava 3 milhões de euros à Fifteen Securisation.


Paralelamente a esta cronologia, para melhor compreensão dos direitos e dos custos suportados por cada uma das entidades envolvidas neste negócio, irei atualizando um pequeno quadro-resumo:


A 22 de julho de 2014, o Granada vende os direitos federativos e 100% dos direitos económicos de Brahimi ao Porto, por €6,5M.



Numa carta paralela assinada na mesma data, o Porto compromete-se a ceder ao Granada 20% das mais-valias de uma futura venda. O valor a considerar para o cálculo dessa mais-valia é o excedente da transferência a partir dos €10M, deduzindo-se adicionalmente o valor a suportar do mecanismo de solidariedade e o custo de comissões até um máximo de 5% do valor da venda.



Numa segunda carta, também datada de 22 de julho de 2014, o Granada informa o Porto que cedeu os direitos das mais-valias referidos na carta anterior à Doyen. Não há nenhum leak que indique que tenha havido um pagamento adicional da Doyen ao Granada por esta transferência de direitos. No entanto, é possível que a Doyen tenha recebido este direito como contrapartida do pagamento de €3M que tinha feito anteriormente à Fifteen Securisation em favor do Granada.



A 23 de julho, Porto e Doyen assinam o ERPA, o típico contrato de TPO que regula as obrigações e deveres de cada uma das partes. O Porto cede 80% do passe de Brahimi à Doyen por contrapartida de um pagamento de €5M.

Fica definido que, na eventualidade de uma futura venda, a Doyen deverá receber pelos seus 80% um montante nunca inferior a €8,5M mais 10% de juros ao ano. Por seu lado, o Porto fica com o direito de recomprar até 55% do passe de Brahimi (que, juntando-se aos 20% com que o clube ficava inicialmente, significava que o Porto poderia vir a ter até 75% dos direitos económicos). Os valores estipulados para essa recompra são:
  • 20% por €2,3M, a acionar até 01.05.2015;
  • 10% por €1,2M, a acionar até 01.05.2016;
  • 10% por €1,5M, a acionar até 30.06.2015; ou por €3M após essa data, até 01.08.2017;
  • 10% por €2M, a acionar até 30.06.2016; ou por €3M após essa data, até 01.08.2017;
  • 5% por €1,5M, a acionar até 01.08.2017.


A 24 de julho, a Doyen assina um acordo com a Denos, uma empresa de consultoria, em que se compromete a pagar €1,5M pelos serviços prestados pela consultora em todo o processo da transferência de Brahimi.



A 24 de setembro de 2014, ou seja, dois meses depois de a transferência estar concluída, o Porto concordou pagar à Vela (empresa do universo Doyen) 5% das mais-valias de uma transferência futura (considerando o valor que o Porto receberá e não o total do negócio) pelo papel da empresa na intermediação do negócio. Para além disso, o Porto concordou pagar mais 5% de mais-valias caso seja a Vela a intermediar o negócio da venda.


Para efeitos de simplificação, e perante a mais que provável participação da Vela/Doyen no negócio de venda de Brahimi do Porto para o seu futuro clube, assumirei no quadro resumo que a Doyen terá direito a mais 10% de mais-valias.



III. O Porto recompra 30% do passe

Em junho de 2015, o Porto recomprou 30% do passe de Brahimi por €3,8M, acionando o 1º e o 3º ponto do call option.



IV. A renovação de Brahimi

A 1 de setembro de 2015, o Porto comprometeu-se a pagar €500.000 à Vela caso o processo de renovação de Brahimi se concluísse com sucesso durante o mês seguinte. O jogador acabaria por renovar contrato dentro desse período.

Para além disso, a Doyen concordou suportar a parte do aumento salarial de Brahimi caso, no momento da venda, o fundo detenha ainda 50% dos direitos económicos do jogador.



V. A futura venda de Brahimi

Resta saber se o Porto irá exercer a opção de recompra dos 25% dos direitos económicos que ainda estão previstos no contrato com a Doyen, tendo para isso que pagar €4,7M. A partir daqui, é especulação minha. Em teoria deverão fazê-lo, pois o valor adicional que terão a receber da venda de Brahimi seguramente compensará essa despesa. No entanto, não estou tão seguro que isso irá acontecer. Por outros leaks, sabemos que o Porto tem pedido vários tipos de ajuda à Doyen, nomeadamente um empréstimo para fazer face a obrigações fiscais prestes a vencer. Para além disso, a cláusula de ressalva dos 50% colocada na renovação, dá a entender que não é certo que o Porto irá exercer o direito dos tais 25%, caso contrário essa cláusula seria desnecessária - o Porto simplesmente assumiria a responsabilidade pelo aumento salarial.

Para ficarmos com uma ideia genérica daquilo que Porto e Doyen ganharão com o negócio, depois de todas as contas feitas, vou apresentar dois cenários. Um em que o Porto mantém os 50%, outro em que recompra os 25% e fica com um total de 75% dos direitos económicos de Brahimi.

Mais uma vez, para efeitos de simplificação, não vou considerar valores amortizados de passe nem comissões de intermediação adicionais ou outras despesas relacionadas com a transferência. Também não vou considerar a responsabilidade do aumento salarial após a renovação de contrato.

a) Porto 50% / Doyen 50%


O Porto dificilmente não terá lucro com toda esta operação, mas as mais-valias que obterá não serão muito significativas. Se Brahimi for vendido por €50M (um montante bastante improvável, apesar de não ser impossível - remember Mangala), o Porto fará uma mais-valia aproximada de €13M. Muito curto para um jogador que não foi assim tão caro. A Doyen, por seu lado, terá um lucro de cerca de €26M. Ou seja, o dobro.


b) Porto 75% / Doyen 25%



Neste cenário, os ganhos do Porto são mais significativos, subindo quase aos €18M caso o jogador seja vendido por €50M. Mas mesmo tendo o Porto 75% dos direitos económicos, a Doyen conseguirá sempre um ganho líquido superior àquele que o clube terá.