sábado, 30 de abril de 2016

Até ao fim!

Grande jogo, grande exibição, grande vitória, mais uma demonstração de classe da melhor equipa portuguesa da atualidade!

É para lutar até ao último segundo!

SPOOOOOOORTING!!!

#DiaDeSporting: Clássico é clássico

O jogo de ontem da Luz acabou com um resultado desfavorável para as nossas aspirações, mas não se pode dizer que o desfecho tenha sido inesperado. Quem sabe como funciona o futebol português, não precisou de ver mais de 15 minutos do jogo de ontem para perceber que o resultado não poderia ser outro que não a vitória do Benfica. Absolutamente nada surpreendente, a partir do momento em que Bruno Paixão foi o nomeado para arbitrar a partida. Mas isso é passado, e hoje, ao Sporting, só interessa ganhar.

Não será, obviamente, um jogo fácil. Bem pelo contrário. A segunda metade de época do Porto tem sido uma desilusão para os seus adeptos, mas é um erro pensar que a nossa tarefa estará simplificada pelo atual momento dos anfitriões de hoje. É verdade que o Porto não está a apresentar um futebol de encher o olho, é verdade que a equipa parece atravessar uma fase animicamente complicada - o que também se compreende pelo facto de ter ficado afastada do título bem mais cedo do que é habitual -, mas num jogo como o de logo é bem possível que consiga encontrar a motivação necessária para despertar a qualidade que os seus jogadores indiscutivelmente têm. Pode não estar em causa qualquer objetivo em concreto, mas é normal que os jogadores do Porto façam tudo ao seu alcance para ganhar ao Sporting - não para dar o título ao Benfica, mas pela questão de honra que sempre existe nestas ocasiões.

Quanto ao Sporting, não existe margem para errar. As nossas possibilidades para vencer o campeonato são cada vez mais reduzidas, mas temos a obrigação de jogar para ganhar. Mandar no jogo, como aconteceu em todos os 31 jogos que realizámos até agora para a Liga e, de preferência, sem aqueles desperdícios inacreditáveis que aconteceram em praticamente todos os jogos em que perdemos pontos até hoje. Cumprindo-se estes dois requisitos, acredito plenamente que a equipa voltará do Porto com os três pontos.

Vencer, e mandar de novo a pressão para o lado de lá. É para lutar até ao último minuto.


#DiaDeSporting: Taça CERS

Força, rapazes! Tragam de novo o caneco para Lisboa!


sexta-feira, 29 de abril de 2016

As fontes do Braz

Ele há coisas que realmente são de uma enorme coincidência.

Num dia, Rui Gomes da Silva desafia Bruno de Carvalho a mostrar a defesa do Sporting junto do Tribunal Federal Suiço, relativo ao recurso apresentado no caso Rojo. É natural que se presuma que Rui Gomes da Silva tinha conhecimento do conteúdo do documento elaborado pelos advogados do Sporting, caso contrário não desafiaria Bruno de Carvalho a mostrá-lo.

No dia seguinte, Rui Pedro Braz revelou, no Mais Bastidores, detalhes da defesa do Sporting junto do Tribunal Federal Suiço, relativo ao recurso apresentado no caso Rojo.

Primeiro, Rui Gomes da Silva. Depois, Rui Pedro Braz. É tanta, tanta, TANTA a coincidência, que os espectadores do Mais Bastidores devem ter ficado assim de espanto enquanto Rui Pedro Braz revelava ter acesso ao documento:


Presumo que não terá sido ninguém do Sporting ou do Tribunal Federal Suiço a passar o documento ao Benfica. Por exclusão de partes, não é difícil imaginar como terá chegado o documento às mãos dos dirigentes benfiquistas. Por inclusão de partes, também não é difícil imaginar como terá chegado o documento às mãos de Rui Pedro Braz.

P.S.: interessante o facto de o Mais Futebol, num artigo de opinião publicado ontem sobre as últimas declarações de Lopetegui, ter recorrido a um vídeo com as palavras de Rui Pedro Braz sobre o caso para sustentar essa mesma opinião. Curiosamente, este recurso às opiniões de Rui Pedro Braz aconteceu precisamente algumas horas depois de Bruno de Carvalho ter criticado o comentador da TVI através do Facebook. Não digo que seja inédito - porque não leio tudo o que vai sendo escrito -, mas não é comum ver-se uma peça de opinião de um jornalista encostar-se à opinião de um comentador de casa alheia, mesmo fazendo parte do mesmo grupo empresarial. Compreendo que o Mais Futebol se solidarize com o seu colega, mas parece-me pouco sensato que um projeto que ainda vai marcando a diferença pela positiva em relação a tudo o resto que é feito, se cole ao lixo televisivo que é o Mais Bastidores / Mais Transferências. O respeito só é devido a quem o merece.

Contradições, por Rui Pedro Braz



O que Bruno de Carvalho disse no dia da conferência The Future of Football:

"Antes de sair a decisão eu disse logo que o Sporting, se perdesse, iria fazer um recurso. E que o recurso não era suspensivo. (...) Toda a gente sabe que nós perdemos no caso. Ao perder, você tem duas opções: ou paga, ou recorre e não paga, e sabe aquilo que acontece, que é como se o seu dinheiro ficasse ali no banco. (...) Mas há outra situação que as pessoas se esquecem: de que o Sporting já tinha aprovisionado nas suas contas esse valor. Isto significa que temos uma dupla almofada, que é o aprovisionamento nas contas e o dinheiro das competições europeias."

Podem ver as declarações neste LINK.


O que Bruno de Carvalho disse na Assembleia Geral:

"Significa que aquilo que se passa não é nenhuma penhora da UEFA. Houve uma decisão, de que o Sporting recorreu, e por isso não pagou porque acha que tem razão no processo. Aquilo que acontece é que fizemos uma provisão nas contas e - aí já estava salvaguardado esse assunto -, para além disso, exatamente porque não é suspensivo, a UEFA faz um congelamento das possíveis verbas."


Apesar de ter havido a utilização de algumas palavras diferentes num e noutro momento, não existe qualquer contradição entre o que foi dito no Congresso e na AG. Rui Pedro Braz lá saberá o que ouviu para ter chegado a uma conclusão diferente.

Acredito que o contexto fosse completamente inocente, mas...

... isto, ouvido assim, não soa nada bem, ó Mister... :)

(via página Facebook SL Colinho)

Falando hipoteticamente

E se o Sporting pagasse já à Doyen os €14M, ainda antes de o recurso ser julgado pelo Tribunal Federal Suiço?

Pagando já à Doyen, que garantias teria o Sporting que o fundo devolveria o dinheiro, caso nos fosse dada razão no recurso?

O Sporting exerce a sua atividade num meio regulado por um conjunto de organizações que garantem o cumprimento das sentenças. Mas, e a Doyen? Quem controla a Doyen? Como se força uma empresa sediada num paraíso fiscal a pagar o quer que seja?

A Doyen Sports é uma empresa do universo Doyen, do qual fazem parte inúmeras empresas. A Doyen Sports não tem um nome ou uma marca que não possam ser recriados instantaneamente sem grandes danos. Não pode ter prémios de participação em competições cativados nem ser coagida com ameaças de penalizações desportivas porque não é um clube. Quem garante que, num cenário em que o Sporting ganhasse o recurso e tivesse direito a receber o dinheiro de volta, a Doyen Sports não decidiria, de um dia para o outro, passar todos os seus ativos para uma outra empresa qualquer do grupo, e declarar insolvência? 

Numa situação dessas, como faria então o Sporting para recuperar o dinheiro?

Ficam estas ideias para reflexão.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Estamos em semana de clássico e de possível decisão da Liga






Nota: esta decisão do tribunal foi em novembro, mas foi dada como se fosse notícia de hoje










E no programa Mercado, na CMTV...











O negócio Oblak

Em junho de 2010, o Benfica contratou Oblak, então com 17 anos, ao Olimpija Ljubljana. O valor exato da contratação nunca foi anunciado. No entanto, uma referência no R&C de 2009/10 a um conjunto de jogadores adquiridos, permitiu estabelecer uma estimativa do custo do guarda-redes esloveno:


Não é certo que tenham sido 3,9 milhões, no entanto. No momento da aquisição de Jara e Gaitan, o Benfica fez comunicados separados onde indicou os tais 5,5 e 8,4 milhões, respetivamente, pagos aos clubes de origem dos jogadores. No entanto, é possível que o "montante global" de investimento de 17,76 milhões inclua as comissões pagas a intermediários da transferência dos argentinos, o que faria com que o valor de aquisição de Oblak fosse inferior.

No R&C do 1º semestre de 2010/11, pode-se ver que o Benfica detinha 90% dos direitos económicos do jogador.


Algures entre dezembro de 2010 e junho de 2013, o Benfica adquiriu os restantes 10% do passe. Numa altura em que o jogador nunca tinha alinhado pela equipa principal, o valor pago por esses 10% não deve ter sido nenhuma extravagância.


Em agosto de 2013, ou seja, depois de cumprido pouco mais de metade do contrato (que terminava em 2016 - o que significa que metade do investimento no seu passe já estava amortizado), o jogador renovou até 2018.

Em julho de 2014, após não se ter apresentado para a pré-temporada, Oblak acabou por ser transferido para o Atlético Madrid por 16 milhões de euros, que correspondiam ao valor da cláusula de rescisão.


De notar que a cláusula de rescisão não foi formalmente batida, pois teria que ser o próprio atleta a acioná-la e a pagar o valor estipulado, mas, em tudo o resto, pode-se dizer que se tratou de uma venda pela cláusula de rescisão: pelo montante da transferência e pelo facto de o Atlético ter pago a totalidade da verba a pronto.


Considerando que uma boa parte do investimento no jogador já se encontrava amortizado, e considerando que o Atlético se dispôs a pagar a cláusula de rescisão a pronto - o que dispensava grandes negociações entre os clubes -, é curioso verificar que a mais-valia registada pelo Benfica tenha sido de apenas 9,5 milhões de euros.


Isto, num jogador que já tinha a maior parte do seu passe amortizado e que, ao ser vendido pela cláusula, não justificava o pagamento de grandes honorários a intermediários. No entanto, houve 6,5 milhões de euros que o Benfica não registou como mais-valia da venda.

Mais um exemplo de um negócio mal explicado entre Benfica e Atlético Madrid, à semelhança do que se passou nas transferências de Roberto, Pizzi ou Jimenez.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Prémios da UEFA no prego

Anda tudo muito entretido a falar sobre a penhora dos futuros prémios da UEFA do Sporting... mas aparentemente há outros que também as têm no prego.

Vem no âmbito dessa enorme salganhada que é o dossier Ola John. Já vão perceber, lendo isto: LINK

A isto chama-se jogar em todas as frentes

É o que dá vontade dizer, olhando para as nomeações de Vítor Pereira para os jogos do próximo fim-de-semana. A escolha de Artur Soares Dias para o Porto - Sporting faz sentido, há que admitir. Mas depois temos:

Benfica - V. Guimarães: Bruno Paixão
Dispensa comentários.

Estoril - Marítimo: Carlos Xistra
O Marítimo tem 6 jogadores em risco de suspensão para a jornada seguinte contra o Benfica. Nomeou-se o árbitro que, há exatamente uma volta, efetuou, em Guimarães, a mais escandalosa arbitragem desta época, poupando o Benfica de dois penáltis contra e três expulsões. O mesmo Xistra que mostrou os amarelos a Leandro e Gonçalo Paciência que os deixaram de fora contra o Benfica, há três jornadas (obrigado, Cantinho).


E na II Liga, competição em que uma equipa B de um determinado clube da capital luta pela manutenção...


Braga B - Benfica B: Luís Ferreira
Um dos expoentes máximos da nova leva de árbitros do Benfica Lab. Se o Braga B quiser ganhar o jogo, então é melhor apostar nos remates de meia-distância. Se os jogadores do Braga entrarem com a bola na área do Benfica e se houver o mínimo contacto com um defesa, será assinalada falta atacante. É só perguntarem ao Tondela como foi na Luz.

Atlético - Santa Clara: Nuno Almeida
Aqui é indiferente. Ambas as equipas estão a lutar pela manutenção.

Leixões - Famalicão: João Capela
Mais uma vez, dispensa comentários.

Varzim - Mafra: Jorge Ferreira
O árbitro conhecido por "Esquiça" é, ao que se diz, benfiquista ferrenho. Sugiro aos jogadores do Mafra que tapem a boca com fita adesiva, não vá o árbitro pensar que ouviu um insulto a meio do jogo. Podem falar com o André Simões, se tiverem dúvidas. E cuidados com os mergulhos dos avançados do Varzim, não vá suceder mais um penálti tipo o do Jonas Piscinas em Paços de Ferreira.

Chaves - Farense: Tiago Antunes
Falamos de um árbitro que, muito recentemente, favoreceu o Benfica B na vitória em Famalicão (podem ver neste LINK, aos 4m20s). Podem ver uma outra curiosidade AQUI.

terça-feira, 26 de abril de 2016

A dupla almofada

Bruno de Carvalho referiu a existência de uma dupla almofada para fazer face ao pagamento de 14 milhões de euros à Doyen: a provisão colocada nas contas do último semestre e a solicitação feita pela Doyen à UEFA para cativar os prémios das competições europeias que o Sporting receberá no futuro. Segundo o presidente, a existência dessa dupla almofada faz com que o Sporting não precise de vender jogadores.

Compreendo que o presidente diga que não tem necessidade de vender jogadores - admiti-lo seria estar automaticamente a enfraquecer a posição negocial do clube -, mas não estou a ver como isso será possível.

Independentemente de haver almofadas para arranjar o dinheiro (através de reservas próprias - já agora, a simples existência de uma provisão, por si só,  não é garantia de que tais reservas existam - ou do congelamento dos prémios da UEFA), o Sporting tem um outro problema para além da questão de tesouraria: não pode apresentar prejuízos no final desta época, devido ao que ficou acordado com a UEFA, há um ano, por causa do Fair Play Financeiro. Se o Sporting não alcançar o break-even (semelhante ao apuramento dos resultados do R&C, mas em que o clube pode deduzir certos tipos de despesa, como custos de formação e investimentos em infra-estruturas), terá que pagar à UEFA uma multa de €2M.

Considerando que a SAD apresentou um prejuízo de €18,2M no final do primeiro semestre, não será nada fácil atingir o tal break-even sem a obtenção de mais-valias com a venda de atletas. Normalmente, o segundo semestre é mais penalizador para as contas de uma SAD do que o primeiro (em termos de operações correntes excluindo transações de jogadores), mas é preciso considerar uma série de fatores que poderão influenciar as contas finais:

  • as contas do primeiro semestre até ficariam relativamente equilibradas caso o Sporting não tivesse que colocar a provisão de €14,2M por causa da perda no TAS do caso Rojo;
  • no segundo semestre já será contabilizada a venda de Montero;
  • no segundo semestre já poderemos contar com os proveitos da publicadade das camisolas - acredito que seja um valor bastante significativo, pois terá sido uma forma de contornar a cláusula que garantia ao Benfica uma revisão dos seus valores dos seus direitos televisivos com a NOS;
  • no segundo semestre, a folha salarial já estará limpa dos encargos de uma série de excedentários, como Labyad ou Viola, mas em contrapartida haverá que contar com os vencimentos dos reforços de inverno.


Considerando tudo o que foi exposto, parece-me, portanto, que é inevitável a venda de jogadores até 30 de junho. Mas, ao contrário dos nossos rivais, a maior parte dos nossos atletas renderá mais-valias muito próximas do seu valor de venda, pelo que um jogador bem vendido será suficiente para que o Sporting apresente lucro no final da época. Se tivesse que adivinhar que jogador será esse, arriscaria o nome de Slimani: tem mercado em Inglaterra - onde uma cláusula de rescisão de €30M não é um enorme obstáculo - e, fazendo 28 anos em junho, provavelmente estará agora no seu pico de valorização.

É esta a grande vantagem do saneamento financeiro que foi levado a cabo no Sporting por esta direção: mesmo num ano em que não houve receitas da Liga dos Campeões e houve um encargo extraordinário com a decisão do TAS no caso Rojo (de relembrar que o Sporting teria tido lucro na época passada mesmo se não tivesse entrado em litígio com a Doyen), a ausência de gorduras faz com que seja possível resolver estes dois problemas sem haver necessidade de provocar uma revolução forçada no plantel.

Na realidade, a dupla almofada que Bruno de Carvalho referiu não está na provisão nem no congelamento dos prémios da UEFA. Está no notável trabalho de equilíbrio das contas ao longo dos últimos três anos (aumento significativo das receitas e redução quase total em custos supérfluos) e no upgrade competitivo que permitiu uma valorização exponencial dos seus ativos.

P.S.: quanto à "notícia" dada pelo Correio da Manhã sobre a incapacidade alegada pelo Sporting, perante o Tribunal Federal Suíço, em pagar à Doyen, é apenas mais uma tentativa de desestabilização que não tem qualquer correspondência com a realidade. Esta "notícia" nem sequer é novidade, pois já outros jornais a tinham avançado há mais de uma semana. É normal que o Sporting use todos os argumentos possíveis para adiar / suavizar / reverter a obrigação de pagamento ao fundo - incluindo a dramatização dos efeitos da sentença. Qualquer exercício de transposição para a realidade financeira do clube é apenas e só mais uma forma de meter carvão.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Lutar até ao último minuto

O Benfica venceu ontem o jogo que, em teoria, era o mais complicado dos quatro que restavam. Com uma boa dose de sorte, é certo, mas a sorte faz parte do jogo e, quando é assim, não há nada a dizer.

Nada disto muda a obrigação do Sporting: vencer no Dragão, vencer ao Setúbal, e vencer na Pedreira. Teríamos que vencer mesmo que o Benfica escorregasse em Vila do Conde, pelo que na realidade mantém-se tudo na mesma no que diz respeito aos embates que nos restam. Não vai ser fácil, como é óbvio, mas não há outro remédio. O pior que nos poderia acontecer era o Benfica cometer um deslize e nós não o aproveitarmos por também desperdiçarmos pontos. Lutemos, portanto, até ao último minuto. No final é que se fazem as contas.

domingo, 24 de abril de 2016

O Mundo Sabe Que, de fora do estádio

(vídeo de Ricardino Gomes)

Grande vídeo! (só é pena que não tenha apanhado a segunda parte da música, em que os decibéis sobem bastante)

Vitória tranquila com o Dragão já no pensamento

É um sinal de saúde competitiva quando vemos o nosso clube dominar totalmente o adversário durante 90 minutos, mesmo sendo óbvia uma certa gestão física e naturais cautelas na abordagem de lances divididos, naturais para quem já tinha o jogo do Dragão no pensamento. O Sporting marcou dois golos cedo e nunca teve necessidade de elevar o ritmo ao máximo das capacidades, mas mesmo em velocidade de cruzeiro criou oportunidades suficientes para construir um resultado bem mais volumoso.



Positivo

Marcar cedo - fundamental para quebrar a confiança de equipas como o União, que entram em campo sobretudo com a ideia de não sofrer golos. Valeu o bom nível de eficácia finalizadora que tanta falta nos fez noutras ocasiões.

O cruzador holandês - (ainda) não estou convencido que Zeegelaar possa vir a ser o lateral esquerdo de que precisamos. Essa minha opinião tem-se baseado sobretudo pela falta de confiança que o holandês demonstra no apoio ao ataque. No entanto, ontem, foi decisivo por ter feito as duas assistências para golo. Percebe-se perfeitamente a preocupação de Jesus em dar-lhe minutos para atacar esta ponta final (nomeadamente no Porto e em Braga), pelo que esta injeção de confiança vem na melhor altura.

Mais um golo de Teo - desbloqueou o resultado com um cabeceamento na pequena área, levando já seis golos marcados nos últimos cinco jogos. Para além disso, teve uma primeira parte globalmente positiva.

Rui Patrício a segurar - pouco depois do golo de Teo, fez uma enorme defesa a remate de Danilo, que impediu o empate do União. Mais um cromo na caderneta desta época das grandes defesas de Rui Patrício.

Outros destaques - William confirmou mais uma vez que está no melhor momento da época; Coates é classe dos pés à cabeça, e foi uma pena que não tivesse cruzado melhor depois daquela jogada em que levou a bola de uma área à outra; Schelotto esteve muito dinâmico pelo seu lado e voltou a fazer um bom jogo.


Negativo

Quebras de concentração - apesar do domínio generalizado, não foi um jogo isento de sustos, que aconteceram sobretudo por falhas de concentração da nossa parte. Quando a estratégia passa por gerir o resultado já alcançado, não se pode facilitar, sob pena de o adversário reentrar no jogo.

Exibições pouco conseguidas - Bruno César e Gelson ficaram vários furos abaixo do exigível, raramente as coisas lhes saíram bem; apesar do golo, João Mário teve uma exibição aquém do que lhe é normal; Slimani esteve infeliz na finalização; Barcos teve pouco tempo para se mostrar e revelou alguma ansiedade quando a bola lhe era dirigida.



Sexta vitória consecutiva, com um parcial de 20-5 em golos. Bom momento para ir visitar o Dragão, para um desafio absolutamente decisivo para o nosso objetivo final, contra um Porto que não pode ser, de forma alguma, subestimado.

sábado, 23 de abril de 2016

Objetivo Champions alcançado

Não servirá de consolo para um eventual fracasso na conquista do campeonato, mas a garantia de que o Sporting participará na próxima edição da Liga dos Campeões é um facto cuja importância não pode nem deve ser minimizada.

A folga financeira que a Champions nos dará poderá ser, se bem aproveitada, uma alavanca para tornar o clube ainda mais competitivo na próxima época - sendo que o Sporting é o único dos grandes que poderá sequer considerar aumentar o orçamento. Para além disso, não teremos uma pré-temporada condicionada pela incerteza do dinheiro com que se poderá contar ou por não ter que se incluir a preparação dos playoffs no meio do ataque a uma longa e desgastante época. 

O projeto desportivo está planeado a três anos, e continuará com Jorge Jesus ao leme - quer o Sporting seja ou não campeão (a não ser, claro, que algum tubarão se interesse nele). Aquilo que foi conseguido hoje é um importante passo na evolução desse projeto, pois dar-nos-á boas hipóteses de estarmos ainda mais fortes em 2016/17.

O silêncio da estrutura

Esteve muito bem Bruno de Carvalho a apontar dois bons exemplos da hipocrisia que existe no futebol português: a reação da estrutura "silenciosa" do Benfica e o castigo ao fiscal-de-linha que validou (corretamente) o golo de Slimani em Moreira de Cónegos.


Em relação às reações do diretor de comunicação e de um membro dos órgãos sociais, é a isto que se refere Bruno de Carvalho:



Bruno de Carvalho pode falar muito, mas o número de intervenções que faz não se aproxima minimamente da avassaladora quantidade de recados dados pelos peõezinhos de Vieira. E, no entanto, esta forma de atuação da estrutura do Benfica raramente é criticada da mesma forma pela comunicação social. Por que será?

Super Bock: O caminho de um sonho

A Super Bock publicou ontem um pequeno vídeo sobre a iniciativa de trazer Marcelo a Alvalade. Maravilhoso.

Jorge Jesus contra-ataca

Muito interessante a conferência de imprensa de ontem de Jorge Jesus. Para além do lançamento do jogo com o União da Madeira, abordou o tema da sua expulsão em Moreira de Cónegos (com críticas fortes ao comentador da Sport TV) e a legalidade do golo de Slimani, recorrendo a imagens gravadas pela equipa técnica do Sporting do outro lado do campo.

Aqui fica, para quem não teve oportunidade de ver.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Comparação da diferença de pontos para o topo ou para o rival mais próximo

O leitor Duarte Manoel enviou-me uma interessante análise comparativa do desempenho do Sporting ao longo das últimas épocas, baseada na diferença pontual do clube para o topo da classificação (não estando em primeiro) ou para o segundo classificado (estando em primeiro). Aqui fica a análise.



Diariamente, ouvimos comentadores ou amigos dizerem que (1) Jorge Jesus está a fazer um mau trabalho – perdeu a vantagem que tinha, caiu cedo nas Taças (de Portugal, da Liga e Uefa), perdeu na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, e melhorou pouco (se é que melhorou!) o trabalho realizado por Leonardo Jardim e Marco Silva no campeonato -, e que (2) Bruno de Carvalho prejudica o Sporting.

Tinha a firme convicção de que isto não fazia sentido nenhum: o Sporting melhorou muito com Bruno de Carvalho e muitíssimo com a entrada de Jorge Jesus. Mas para não me basear apenas na minha convicção, fui analisar os números: fui ver, nas últimas sete épocas, jornada a jornada, a quantos pontos estava o Sporting do primeiro lugar ou, caso estivesse em primeiro lugar (muito raro, como sabemos), quantos pontos de vantagem tinha sobre o segundo.

(1) Jorge Jesus está a fazer um mau trabalho



O primeiro gráfico permite desde logo tirar algumas conclusões: Jorge Jesus colocou o Sporting efectivamente na luta; foi a única época em que o Sporting consistentemente esteve em primeiro lugar ou muito perto disso. Mais: nunca o Sporting, nesta época e até agora, esteve a mais de 2 pontos do primeiro lugar.

Vejamos agora o gráfico apenas com as épocas de Leonardo Jardim, Marco Silva e Jorge Jesus (três últimas épocas).



Ninguém concordou com todos os factos invocados para o despedimento do Marco Silva, dos quais a questão do fato de treino representa o ponto mais baixo de um processo infeliz, de ambas as partes. Agora, comparar-se a época que Jorge Jesus está a fazer com a época que fez Marco Silva (que comparando com os anos anteriores, foi excelente) é pura brincadeira. Marco Silva à 9ª jornada estava a 6 pontos do primeiro e essa foi a menor distância até ao final do campeonato.

Aliás, quem se aproxima mais de Jorge Jesus é Leonardo Jardim. Contudo, à 14ª jornada o fosso começa a cavar-se, e à 18ª jornada ficou a 5 pontos do primeiro e não mais voltou a diminuir essa distância. Ora, é muito diferente, como todos sabemos, estar à frente ou a menos de 1 jogo de distância, do que estar a 2 jogos de distância, que dá uma almofada de conforto a quem vai à frente.

(2) Bruno de Carvalho prejudica o Sporting



Quanto ao mandato de Bruno de Carvalho, basta comparar as suas 3 épocas completas com as 4 épocas da anterior direcção. Parece brincadeira, tendo em conta a grandeza do Sporting, mas nas quatro épocas anteriores a Bruno de Carvalho, o Sporting terminou o campeonato a 36, 28, 16 e 36 pontos do primeiro lugar. A meio de todas essas épocas (à 15ª jornada), em apenas uma delas o Sporting estava a menos de 10 pontos do primeiro (a 9). Na jornada seguinte, também nessa época, ficou a mais de 10 pontos.

Olhamos para as três épocas de Bruno de Carvalho e, apesar de as duas primeiras não terem sido ideais para os pergaminhos do Sporting, mostraram uma evolução brutal face ao passado. O trabalho está feito? Nem pensar, mas estamos no bom caminho.

Bruno de Carvalho é prejudicial? Jorge Jesus é um mau treinador? “Sim", responderão a ambas as questões os rivais do Sporting, que estavam habituados aos 10, 20, 30 e quase 40 pontos de diferença, e agora têm que suar e muito para ficar à nossa frente.

O Sporting vai ganhar os últimos quatro jogos? Creio que sim.

O Sporting vai ser campeão este ano? Creio que não.

Vou estar em Braga para, qualquer que seja o resultado deste final de época, demonstrar o meu apoio e agradecimento à Direcção, Equipa Técnica e Jogadores? SEM DÚVIDA.

Ouro Medeiros

Compilação de todos os golos marcados esta época por Iuri Medeiros, assistências (não estão todas) e outros bons momentos do jogador. Pura classe.

Introducing Diogo Luís

Diogo Luís. Até ontem, o nome não me dizia nada. Fui investigar: falamos de um antigo jogador do Benfica (fez uma época na equipa principal no início do século, suponho que vindo das camadas jovens do clube), e faz comentários (tentem conter as exclamações de surpresa com o que vos vou revelar) na Bola TV. 

Vem isto a propósito da sua participação no programa A Bola da Noite de quarta-feira, onde dissertou prolongadamente sobre os temas da atualidade dos três grandes. Devo dizer-vos: fiquei impressionado. Pedindo antecipadamente desculpa pela extensão deste post, vamos ver algumas das suas intervenções.


Começou por falar do Sporting, dizendo que fica triste pela forma como Augusto Inácio tem intervindo na praça pública. Ficámos a saber que Diogo Luís considera que o passado de Inácio, enquanto jogador de futebol e treinador, deveria condicionar as suas intervenções enquanto dirigente do Sporting. Se fosse assim em todas as áreas profissionais, não haveria carreira que resistisse a duas promoções. Melhor ainda foi a alegação de que Inácio está a desvalorizar o trabalho de Rui Vitória. É de fazer chorar as pedras da calçada. "Sobretudo", continuou, sendo "um ex-jogador do Porto da década de 80, e nós sabemos o que é que se passou na década de 80". Para uma pessoa que não gosta que pessoas do futebol desvalorizem o trabalho de colegas ou ex-colegas de profissão, esta boca mandada a Inácio coloca um pouco em causa a coerência do próprio. Vamos continuar.


Oi? Paulo Futre? Paulo "ex-jogador-do-Porto-da-década-de-80" Futre? Pelos vistos não, senão também teria tido direito a uma boca de Diogo Luís. Deve ser outro Paulo Futre. Em frente.


Reforçando a ideia de que Inácio está a ser um mau colega <lágrimas> para Rui Vitória, Diogo Luís virou então a agulha para Bruno de Carvalho. Refere a acusação de Bruno de Carvalho para os discursos de quem tenta pressionar os árbitros, tenta encontrar outros exemplos e... só se lembra de Bruno de Carvalho e Octávio Machado. Nenhuma referência a Luís Filipe "roubo em letras bem grandes" Vieira, a Rui "não quero ser comido de cebolada" Vitória, a João "o título do Porto é um tributo aos árbitros" Gabriel, a Rui Gomes da Silva ou a Pedro Guerra. Memória bem seletiva. Siga.


Diogo Luís, no meio de elogios irónicos, diz que Bruno de Carvalho está a atacar o Benfica desde o primeiro dia e nunca atacou o Porto. Só se considera que foi Bruno de Carvalho que atirou os petardos para o meio dos adeptos do Sporting e reagiu dizendo que se tratava de folclore. Só se considera que a contratação de um treinador com quem o Benfica não queria renovar foi um ataque. Deve estar esquecido das acusações que foram feitas a Jorge Jesus desde se mudou para o Sporting - começou tudo com a acusação de uns SMS que nunca chegaram a aparecer (tipo a Montblanc de Júlio César). Mais um caso de memória seletiva. Prosseguindo.


Volta implicar com Inácio porque este, ao dar um exemplo de um jogo em que o Benfica foi beneficiado, referiu o de Guimarães, que se disputou há 17 jornadas. É óbvio, para qualquer pessoa não benfiquista, que Inácio tinha que falar no jogo de Guimarães, pois é, de longe, aquele que teve a arbitragem mais escandalosa deste campeonato. E até podia ter falado no Estoril, na primeira jornada. Os erros de arbitragem não prescrevem ao fim de quinze dias. Têm influência durante toda uma época.

Falemos agora dos elogios feitos por Bruno de Carvalho a Jorge Jesus.


Portanto, ficamos a saber que os elogios ao treinador são também uma forma de pressão. Se Bruno de Carvalho critica, é pressão. Se Bruno de Carvalho elogia, também é pressão. Fantástico.

Bom, chega de falar de dirigentes do Sporting. Diogo Luís, o que tem a dizer sobre a reeleição de Pinto da Costa? É o homem certo para recuperar o Porto no mandato que se segue?


Portanto, para Diogo Luís, Jorge Nuno "presidente-do-Porto-na-década-de-80" Pinto da Costa é... alguém com muito conhecimento e muita categoria. Ainda haveremos de descobrir que quem tratava da fruta, das viagens ao Brasil e dos quinhentinhos era o Inácio.

Diogo Luís, falemos agora do Rio Ave - Benfica.


Diogo Luís diz que, do ponto de vista do Benfica, é preferível que o Rio Ave jogue o jogo pelo jogo. Mas se Pedro Martins decidir colocar um autocarro (e tentar explorar o contra-ataque com jogadores rápidos como Heldon ou Ukra)... é porque o Sporting lhe ofereceu um grande prémio. OK, Diogo, estamos todos esclarecidos. Esperemos então que o Rio Ave jogue da forma que for mais conveniente para o Benfica. 

Só para terminar, o que tem a dizer sobre o Sporting - União da Madeira?


Portanto, o que Norton de Matos deve fazer é colocar um autocarro e tentar explorar o contra-ataque com os jogadores rápidos que tem. Está certo...

quinta-feira, 21 de abril de 2016

O caso Harramiz

Sobre o caso da punição do Farense em dois pontos por ter utilizado irregularmente Harramiz contra o Benfica B, o blogue Tribunal do Dragão já apresentou os factos todos que devem ser considerados: LINK.

Vou acrescentar apenas um par de ideias sobre tudo o que aconteceu.

Só existem duas hipóteses que expliquem a decisão em colocar o jogador em campo contra o Benfica B: ou os responsáveis do Farense a tomaram de forma consciente - o que transforma tudo isto num ato criminoso -, ou então tomaram-na de forma inadvertida - o que transforma tudo isto num ato de incompetência extrema.

Para aceitarmos a hipótese da ação inadvertida, isso implica que:

  • O jogador não tinha consciência de que está emprestado pelo Benfica B.
  • Nenhum elemento da equipa técnica tinha conhecimento da situação contratual do jogador.
  • Nenhum dos dirigentes do Farense (incluindo o delegado ao jogo) tinha conhecimento da situação contratual do jogador.

Bastava uma pessoa que levantasse a dúvida para alertar todo o grupo de trabalho, e essa situação poderia ser corrigida em tempo útil. É verdade que não é impossível haver um caso de amnésia coletiva desta magnitude, mas convenhamos que é não é algo que aconteça todos os dias. Seria apenas mais uma originalidade em que, por acaso, o beneficiado é o Benfica.

Também uma palavra para os responsáveis do Benfica que estiveram presentes nesse jogo. Não tinham nenhuma obrigação de o fazer, mas por uma questão de desportivismo e ética podiam ter alertado o adversário (e neste caso um adversário que até tem sido um parceiro privilegiado) assim que viram o nome de Harramiz na ficha de jogo. Fizeram aquilo que era mais previsível: a ética não é um valor que esteja propriamente enraizado para aquelas bandas.

Candidato ao prémio "Pior photoshop do ano"

Parabéns, jornal A Bola!


Caso Rojo II: O Regresso

Avaliando o impacto mediático e as exibições públicas de regozijo dos nossos rivais a que assistimos nas últimas 24 horas - em reação à divulgação, pelo Football Leaks, dos detalhes da decisão do TAS sobre o caso Rojo -, uma pessoa menos atenta até poderá ter ficado com a impressão de que o Sporting foi condenado uma segunda vez, e que terá a pagar ainda mais €12M à Doyen.

Na realidade, a única verdadeira novidade foi o facto de se ter conhecido de forma mais detalhada como o TAS chegou ao montante de €12M que condenou o Sporting a pagar. Sabemos agora que o TAS considerou que a Doyen também tem direito a receber 75% do salário de Nani que o Manchester United suportou na época passada, ou seja, cerca de €1,8M. Ou seja, esses €1,8M não são nenhum adicional agora descoberto: já estavam incluídos nos €12M que o Sporting foi condenado a pagar em dezembro.

Pagar um salário de €1,8M a Nani, um jogador de grande nível, não é nenhum escândalo. Há, neste momento, vários jogadores do Sporting a ganharem mais do que isso. De registar, no entanto, a confirmação de que o jogador abdicou de cerca de metade do seu salário para jogar no Sporting, pois Nani auferia cerca de 5 milhões de euros anuais.

Resumindo: a muito desagradável notícia que recebemos em dezembro não se tornou pior, apenas ficou mais esclarecida.

O que não gostei tanto de saber foi a questão da penhora dos prémios da UEFA. Não que não fosse expectável, não por qualquer questão relacionada com as contas do clube (é sobretudo um problema de planeamento de tesouraria), mas pelo facto de termos sabido disso através dos jornais. Bruno de Carvalho disse ontem que é algo que já era conhecido há três meses. No entanto, eu não me recordo de isso ter sido divulgado publicamente pelo clube ou pela comunicação social. Bruno de Carvalho deveria tê-lo feito, por uma questão de transparência e de informação completa aos sócios. Há que manter o padrão num ponto em que, felizmente, o Sporting tem sabido marcar a diferença pela positiva.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Reconstituição 3D do fora-de-jogo de Slimani

O mais interessante deste trabalho é que o autor do vídeo mostra todos os passos que fez para a reconstituição. Mostra também o ângulo de visão do ponto de vista do fiscal-de-linha. Tal como está, não há fora-de-jogo, pois apenas o braço parece estar para além da tal linha. 

Consigo detetar um erro, no entanto: a linha não devia ter sido colocada na ponta do pé de Schelotto, mas sim na bola. Uma questão de poucos centímetros que, admito, podem ser suficientes para que haja fora-de-jogo.

Uma coisa é certa: era uma decisão extremamente complicada. Nenhuma pessoa conseguiria ter a certeza, naquelas circunstâncias, se era ou não fora-de-jogo. Como tal, o benefício da dúvida dado ao atacante pelo fiscal-de-linha aceita-se perfeitamente. 




P.S.: E como disse bem o JMF num comentário mais abaixo, é inadmissível que o CA tenha colocado o fiscal-de-linha na jarra por causa da decisão que tomou neste lance.

The Future of Football

Para quem não sabe, é possível acompanhar em direto na Sporting TV o congresso organizado pelo Sporting. Existe tradução em simultâneo, pelo que a questão do inglês não é um problema. Estão a ser abordados temas muito interessantes, vale bastante a pena.


Obrigações & cortinas de fumo

Não, este post não é sobre o empréstimo obrigacionista de €50M lançado pelo Benfica. É sobre a obrigação que o Sporting tem de ganhar o campeonato, segundo o artigo de opinião de Fernando Guerra publicado ontem no jornal A Bola.

(via @diniscosta)

"O Sporting ganhar o campeonato será normal pela aposta que a SAD fez. Surpresa será o contrário. Isto é, se Jesus não for capaz de dar vida ao sonho da família leonina". Foi este o mote dado por Fernando Guerra na sua página de opinião de ontem, em mais um exercício de desonestidade intelectual extrema.

Que o Sporting apostou forte nesta época, não há dúvidas. Contratou o treinador bicampeão nacional, num esforço financeiro significativo. Assegurou o concurso de jogadores consagrados, como Ruiz, Teo, Aquilani ou João Pereira, que acrescentaram importantes experiência e maturidade a um plantel formado maioritariamente por jogadores jovens. Renovou o contrato com vários jogadores que justificavam aumentos salariais significativos, em função do rendimento demonstrado em campo, como Slimani, William, João Mário, Carlos Mané, Rúben Semedo ou Tobias Figueiredo. Tudo isto provocou um inevitável e significativo aumento da massa salarial da equipa de futebol: o Sporting gastou praticamente o dobro em relação a 2015/16.

Mas será isto suficiente para se considerar uma surpresa se o Sporting não ganhar o campeonato? Vamos analisar:


1) A continuidade e experiência do plantel

Ambos os clubes mudaram de treinador. O Benfica manteve praticamente todo o plantel que venceu o bicampeonato. Do onze titular apenas saíram Maxi Pereira e Lima. Ou seja, manteve o núcleo duro da equipa, formado por jogadores habituados a ganhar. O Sporting, por sua vez, perdeu Nani e Cédric. Por aqui, existe um certo equilíbrio.


2) O investimento em novos jogadores

O Sporting contratou (em parêntesis o custo de aquisição, incluindo comissões): Azbe Jug (0€), Aquilani (€1M), Paulista (emprestado), Ruiz (€1,32M), Naldo (€3,01M), João Pereira (0€), Teo Gutierrez (€3,74M), Bruno César (€1,3M), Schelotto (€0,2M), Zeegelaar (€0,49M), Coates (emprestado, €0,075M) e Barcos (€0,08M). Ou seja, houve um investimento total de €11,215M.

Por sua vez, o Benfica investiu nos seguintes jogadores (nem todos os jogadores incluem comissão): Jimenez (€9,836M), Pizzi (€7,260M), Jovic (€7M), Carcela (€3,411M), Saponjic (€3M), Taarabt (€2,925M), Grimaldo (€2,2M), Bilal (€1,25M), Mitroglou (€0,8M), Murillo (€0,75M), Ederson (€0,5M), Diego Lopes (€0,1M), Marçal (0€) e Pelé (0€). Ou seja, houve um investimento total de €39,032M.

Em ano de contenção anunciado pelo seu presidente, o Benfica investiu praticamente 40 milhões de euros no seu plantel, mais do triplo em relação ao Sporting.


3) A massa salarial

Olhando para os custos com pessoal de ambos os clubes (ou seja, os salários de estrutura, equipa técnica e jogadores) reportados nos relatórios do primeiro semestre da época, temos:

Sporting: €23,481M
Benfica: €23,888M

Ou seja, as despesas com salários do Benfica são marginalmente superiores às do Sporting.


Comprovadamente, o Sporting fez uma aposta forte nesta época. Mas, por muito forte que possa ter sido, continua a gastar menos que o Benfica na equipa de futebol.

É fácil perceber o objetivo com que Fernando Guerra escreveu que será uma surpresa se o Sporting não vencer o campeonato: tentar ampliar o mais possível a desilusão que advirá desse eventual cenário, direcionando-a para os seus ódios de estimação (Jorge Jesus e Bruno de Carvalho), ao mesmo tempo que prepara uma cortina de fumo que ajudará a disfarçar o fracasso das opções de Vieira caso, nas últimas jornadas, o Sporting consiga recuperar a liderança e sagrar-se campeão. 

A desonestidade desta análise é óbvia, não só porque omite o facto de a aposta do Benfica ser, objetivamente, superior à do Sporting, mas também porque a fez numa altura em que faltam apenas 4 jornadas para o campeonato, com o Benfica a levar 2 pontos de avanço e tendo um calendário teoricamente muito mais simples. Neste momento, é claro que será mais surpreendente se o Benfica não ganhar do que o contrário.

O que é indiscutível é que há muito que o Sporting não chegava a 4 jornadas do fim na discussão do título. Isto significa que a tal aposta rendeu frutos. Houve um elevar da fasquia competitiva do clube, que se deveu tanto a Jorge Jesus com ao aumento do orçamento, agora mais próximo do dos rivais. O aumento do orçamento valeu a pena? Na minha opinião, sim, sem dúvida, quer o Sporting se sagre campeão ou não. Mas isso será tema para ser desenvolvido em outros posts no futuro.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Nomeações para a 31ª jornada

in Mais Futebol

Num quadro de árbitros como este, é difícil ficar tranquilo, mas dentro do que está disponível parecem-me boas nomeações. Que os árbitros saibam corresponder à nomeação e sejam um elemento invisível nas partidas.

Hoje é dia de nomeações

Aqui ficam as minhas previsões para quem vai ser nomeado para o Rio Ave - Benfica:

1º Tiago Martins
2º Bruno Paixão
3º Carlos Xistra

Considerando a importância do jogo, o árbitro deveria ser Artur Soares Dias. Vamos ver o que decide Vítor Pereira.

Mística Leonina

Retirado do Instagram de Chico Geraldes, que fez ontem 21 anos. Sportinguista doente. Espero poder vê-lo em breve a mostrar a sua enorme classe na equipa principal.


Para quem não viu, vale MESMO ler a entrevista que Francisco Geraldes deu há umas semanas ao blogue Domínio Táctico. Aqui: LINK




O negócio Jovic

O futebol é pródigo em situações de inflacionamento de passes de jogadores, mas poucos casos atingirão a dimensão do caso de Luka Jovic, recente reforço do Benfica.

O jogador sérvio, de 18 anos (não fez parte da equipa campeã do mundo sub-20 devido a lesão), a quem é reconhecido bastante potencial, era presença habitual na equipa principal do Estrela Vermelha. Na primeira metade da época de 2015/16, participou num total de 23 jogos, quase sempre como suplente (foi titular em apenas 5 partidas), marcou 6 golos e fez 2 assistências (segundo as estatísticas do Transfermarkt).

Segundo esse site, o jogador estava avaliado, em novembro de 2015, em €1,75M.

O Football Leaks revelou recentemente um conjunto de documentos que revela detalhes bastante interessantes sobre a sua transferência do Estrela Vermelha para o Benfica, nomeadamente a existência de um clube de passagem: o Apollon Limassol.

Tudo o que se escreve de seguida nada tem a ver com o potencial desportivo do atleta. É apenas sobre o negócio propriamente dito.


Os documentos revelados pelo Football Leaks

25/01/2016: Transferência dos direitos federativos e de 30% dos direitos económicos do jogador por €600.000 para o Apollon Limassol. O Apollon já era detentor de 70% dos direitos económicos, pelo que ficou na posse da totalidade do passe de Jovic após esta operação. Isto significa que o passe do atleta foi avaliado, na sua totalidade, em €2M. Isto não quer dizer, no entanto, que o Apollon tenha pago €1,4M pelos 70%. O mais provável é que o Apollon tenha pago menos, já que, neste tipo de negócio, as últimas tranches costumam ser mais elevadas que as primeiras.


25/01/2016: Contrato entre Jovic e o Apollon, segundo o qual o atleta recebe um salário anual bruto de cerca de €360.000 (correspondendo a €300.000 líquidos). Não ficou definida qualquer cláusula de rescisão.

31/01/2016: Transferência dos direitos federativos e de 100% dos direitos económicos do jogador do Apollon para o Benfica, por €7M, ou seja, houve uma valorização de €5M no espaço de apenas 6 dias. Este contrato está assinado por todas as partes e reconhece a participação de um intermediário, mas não inclui comissões ou despesas de intermediação - que deverão estar definidas num outro documento entre o clube e o intermediário, não revelado pelo Football Leaks.


31/01/2016: Contrato entre Jovic e o Benfica, segundo o qual o atleta recebe um salário anual bruto de €600.000, que deverá corresponder a um salário líquido semelhante ao que acordou com o Apollon (a diferença de impostos nos dois países é enorme). Ficou definida uma cláusula de rescisão de €60M.


Curiosidades

#1: O Apollon Limassol é um clube que se diz estar na esfera de influência do empresário Pini Zahavi.


#2: Pini Zahavi é detentor de 50% dos direitos económicos de André Carrillo. Quando o contrato do Sporting expirar, o empresário perderá esses direitos e não poderá recuperar o dinheiro investido.

#3: Algures entre 25 e 31 de janeiro de 2016, ocorreu um outro facto digno de registo, em que tanto Zahavi como o Benfica eram partes interessadas: o Benfica assegurou a contratação de André Carrillo, mais precisamente a 29 de janeiro. Essa ligação seria assumida oficialmente a 2 de fevereiro.

#4: Os dois casos podem não estar relacionados, mas é um facto que, no espaço de dois dias:
a) O Benfica contratou Carrillo a custo zero e impediu em definitivo que Zahavi tivesse qualquer tipo de retorno com uma eventual transferência do jogador peruano;
b) O Benfica contratou um jogador (aparentemente sobreavaliado) que terá dado (pelo menos) €5M de lucro a um clube ligado a Zahavi.

#5: Quinze dias antes, o Benfica contratou Saponjic ao Partizan por €3M, clube onde Zahavi costuma comprar muitos passes de jogadores, como Markovic ou Zivkovic. Um responsável do Partizan disse, entretanto, que o a oferta que o Benfica fez ao Partizan por Saponjuc foi de apenas €1,5M pelo jogador.

#6: Apesar de o contrato revelado pelo Football Leaks, que se encontra assinado por todas as partes, mostrar que o Benfica acordou pagar €7M por Jovic, no prospeto do empréstimo obrigacionista que o Benfica está atualmente a realizar, está escrito que o valor da contratação é de €6,583M. Que motivo existirá para esta discrepância?


#7: O relatório e contas semestral do Benfica, emitido a 29 de fevereiro de 2016, refere-se da seguinte forma às contratações de Jovic e Saponjic (sem fazer qualquer referência ao valor das mesmas):


Destaco o "tendo em comum o facto de serem jovens jogadores que procuram demonstrar o seu potencial futebolístico". Considerando que o Benfica gastou €10M pelos dois jogadores, estaremos, provavelmente, perante o understatement do ano.