segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Analisando o programa de Bruno de Carvalho

Bruno de Carvalho apresentou um programa com 111 pontos que, na sua maioria - como seria de esperar -, revelam uma aposta na continuidade das políticas desenvolvidas durante o primeiro mandato.

Retirei do programa as medidas que me parecem merecer maior destaque, seja por bons motivos ou por me parecer não fazerem sentido, e as que me parecem necessitar de esclarecimentos adicionais. Coloco-as pela ordem que aparecem no programa, e não pelo nível de importância. A negrito está o texto do programa, seguindo-se, a fonte normal, os meus comentários.



Positivo

Clube Jubas, dedicado a Sócios infanto-juvenis, com conteúdos específicos, merchandising próprios e iniciativas específicas. Os miúdos adoram o Jubas. É fácil ver, em dias de jogo, que ficam loucos quando aparece a mascote no setor para tirar fotos. É um ponto que está subaproveitado, quer ao nível do merchandising, quer ao nível da Sporting TV - pode perfeitamente haver um programa dirigido às crianças, baseando-se na figura do Jubas.

Estabelecer parceria estratégica duradora com um clube na zona norte do país de modo a reforçar a presença em tão importante área geográfica. Existe muito talento na região norte do país, ao qual não temos acesso nas idades mais jovens. Estabelecendo-se um protocolo com um clube da região, o Sporting passaria a ter meios para chegar a esse talento mais cedo, prevendo uma posterior transferência para Lisboa caso os jogadores continuem a revelar potencial nos escalões seguintes.

Centro de Atletismo de Alto Rendimento Professor Moniz Pereira, criar um centro de alto rendimento, em parceria com uma instituição de referência,visando proporcionar as condições necessárias aos nossos atletas de alta competição que lhes permitam melhorar as suas performances e simultaneamente perpetuar e honrar a figura ímpar e inspiradora que confere nome a este Centro. A tradição que o Sporting tem no atletismo traz a responsabilidade de dar as melhores condições possíveis aos nossos atletas.


Negativo

A equipa B é uma aposta para manter no triénio assumido, mantendo os objectivos da equipa na lógica de formação do atleta e de jovens talentos como última etapa do processo de formação. No fim do triénio estudaremos a possibilidade de clubes satélites ou equipa B. Infelizmente, isto parece ser uma confirmação de que não existe uma estratégia bem definida para a equipa B. É necessário haver uma maior ligação com a equipa principal. Neste momento, essa ligação é nula, o que, a meu ver, acaba por se refletir na motivação dos jogadores da equipa B.

Manutenção do modelo de comunicação Sporting Clube de Portugal “a uma só voz”, manter o modelo de gestão da comunicação assente num modelo centralizado de forma a permitir a definição das mensagens do Sporting Clube de Portugal de forma integrada, coerente e consistente, definindo-lhes a cada momento, o conteúdo, a forma e a oportunidade de divulgação, possibilitando-lhe assim que o Clube e a SAD continuem a falar em toda a sua extensão a uma só voz. Aqui, a palavra chave é manutenção. Não teria nada a opor se a comunicação do Sporting estivesse a funcionar bem, mas é mais do que evidente que isso não está a acontecer. Que o clube fala a uma só voz, isso é indesmentível. O problema é que escolhe mal os timings para falar, e falha muitas vezes no conteúdo. Manter, neste caso, está longe de ser suficiente.

Sporting Rádio, dar continuidade aos estudos iniciados para criação de uma rádio oficial do Clube que possa gerar sinergias com as plataformas existentes e que à semelhança da Sporting TV apresente um modelo de sucesso e sustentável.  Não vejo que necessidade existe em se criar uma rádio, quando há ainda tanto para melhorar na Sporting TV - nomeadamente na qualidade e quantidade dos diretos. A criação de uma rádio apenas contribuirá para uma dispersão de recursos.

Concertos e grandes eventos em Alvalade, com possibilidade de oferta integrada de Estádio José Alvalade e Pavilhão João Rocha. Eu não arriscaria dar cabo do relvado, depois do sofrimento que foi para se conseguir ter um tapete decente em Alvalade - vamos ver como continua. Concertos no pavilhão, nada contra.


A necessitar de mais esclarecimentos

Reforçar a política de atracção de novos parceiros e patrocinadores. Aqui, a palavra chave é reforçar. Há muito trabalho a fazer nesta área. Exemplos: não se conseguiu encontrar patrocinador para a equipa de futebol feminino, para as equipas de formação, e para a Academia, que teve uma exposição mediática global em 2016, graças aos Aurélios.

Licenciamento, reforço da área de licenciamento ao nível de produtos e serviços, explorando todo o potencial da marca mas também da sua defesa, através do controlo, vigilância e luta contra a contrafacção, desenvolvendo também acções de sensibilização para este flagelo que afecta gravemente as receitas do nosso Clube. Aqui posso falar com algum conhecimento de causa. Já tive ocasião de ouvir mais do que um relato, em primeira mão, da dificuldade que é conseguir um licenciamento do Sporting para o desenvolvimento de produtos. Os relatos a que me refiro são de sportinguistas, para não se pensar que pode ser uma questão de má-vontade. Pelo que me disseram, é muito mais fácil trabalhar com Benfica e Porto. Sinal, portanto, que há que trabalhar muito melhor neste departamento.

Reforço das áreas Corporate, fortalecendo as ligações com os parceiros a par da dinamização da componente de activação de marcas, plataformas de comunicação e explorando e aprofundando o CRM como ferramenta fundamental neste domínio. O reforço é fundamental, porque também aqui estamos muitos furos abaixo do que se faz nos nossos rivais, em termos do acompanhamento de potenciais clientes - com o inevitável reflexo nas poucas receitas que conseguimos em comparação com Benfica e Porto. Há que fazer muito mais e melhor nesta área.



A ideia que considero mais interessante é a da parceria com um clube da região norte. De resto, na generalidade, é a continuação daquilo que foi feito no mandato que está agora a terminar. Nuns casos, parece haver consciência de que há pontos a melhorar (patrocínios, licenciamento e corporate), noutros (comunicação) nem tanto.

À tarde farei a minha análise ao programa de Pedro Madeira Rodrigues.