sexta-feira, 2 de junho de 2017

A propósito da venda de Sacko

Uma das críticas mais persistentes que tem sido feita à atual direção tem sido o fraco aproveitamento das contratações feitas. Um desses exemplos foi, precisamente, o jogador cuja venda foi anunciada hoje: Hadi Sacko. O francês foi contratado para juntar-se à equipa B, fez alguns bons jogos, mas nunca demonstrou qualidade para integrar o plantel principal.

Considerando os valores investidos pelo Sporting na maior parte das suas contratações, o normal é que nunca se venham a revelar material para serem jogadores de primeira linha. Aliás, a regra, em qualquer clube grande português, é que se falhe muito mais do que acerte. O que varia é o custo incorrido com essas contratações falhadas e o lucro / rendimento desportivo que se obtém com aquelas que correm bem.

No caso de Sacko, falamos de um jogador que acabou por dar, entre o valor da compra e o valor da venda (a que se deve juntar o fee de empréstimo da época que agora acaba), um lucro superior a 1 milhão de euros - mantendo o clube direitos sobre uma eventual futura mais-valia, que poderão tornar o negócio mais interessante. É, obviamente, um cenário "do mal o menos": nunca tendo dado retorno desportivo, deve-se considerar o custo de oportunidade da sua contratação - o milhão gasto poderia ter sido utilizado noutro jogador - e dos salários que auferiu enquanto jogou de leão ao peito, mas pelo menos, no final do dia, acabou por dar um retorno financeiro interessante (lucro superior a 100% do investimento).

Parece-me uma boa oportunidade para fazer um balanço de como têm corrido, do ponto de vista financeiro, os negócios envolvendo os atletas contratados por esta direção. Os quadros que se seguem estão separados por: jogadores que deram lucro; jogadores cujo investimento foi recuperado; jogadores que deram prejuízo. Os valores de compra incluem comissões pagas. Os valores de venda são líquidos de comissões, ou seja é o resultado da subtração do valor da transferência pelo valor de comissões pagas. Não estão incluídas as contratações feitas para os escalões de formação.

A. Contratações que deram lucro



B. Contratações cujo investimento foi recuperado



C. Contratações que deram prejuízo



D. Jogadores que ainda têm contrato com o clube



De um modo global, parece-me que tem havido muito mais critério na venda do que na compra, o que tem permitido que o clube poucas vezes perca dinheiro nas contratações - e quando perde, nunca falamos de valores elevados. O plantel atual inclui vários jogadores que interessa manter e que facilmente poderiam dar lucro caso fossem vendidos - como Paulo Oliveira, Bruno César, Schelotto, Coates ou Bas Dost. Podem não parecer muitos jogadores, mas é uma consequência lógica da existência de um peso grande de jogadores da formação entre os mais utilizados.

A maior dificuldade está em conseguir bons negócios daqueles que não têm espaço no plantel e que tiveram um preço de contratação não negligenciável - como Heldon, Slavchev, Rosell, Jonathan, Ewerton, Bryan Ruiz, Teo, Douglas, Castaignos e Petrovic. Está aqui um dos grandes desafios deste defeso para a direção.