sábado, 10 de junho de 2017

E, de repente, Pedro Guerra é persona non grata no Benfica

Ontem, quando entrava para AG do Benfica, Pedro Guerra foi apupado e insultado por alguns dos sócios benfiquistas presentes nas imediações do Estádio da Luz. Reflexo, evidentemente, do envolvimento do diretor de conteúdos da BTV no episódio dos mails trocados com Adão Mendes.


Este episódio não foi um caso isolado. No dia anterior, dois notáveis benfiquistas expressaram, de forma explícita, o desagrado pelo facto de o Benfica recorrer aos serviços de Pedro Guerra.

Os notáveis a que me refiro são António Simões e Bagão Felix que, curiosamente, o fizeram em plena BTV, perante o óbvio desconforto de Hélder Conduto que, como se sabe, é subordinado (ou, não estando na dependência direta de Guerra, colega) do visado.

Aqui está o excerto do programa em que Simões e Bagão dão a sua opinião sobre Pedro Guerra:


Não deixa de ser curioso que este tipo de contestação nunca tenha aparecido durante os anos e anos em que Pedro Guerra andou a debitar trampa nas televisões. Porque, não haja dúvidas para ninguém, existe um a.G. e um d.G. no futebol português. O surgimento de Guerra elevou o ódio clubístico a patamares nunca antes visto, mesmo considerando que o futebol português nunca foi um jardim florido e perfumado nos últimos 30 anos - pelo contrário.

Por que motivo, então, de repente Guerra parece ser persona non grata no Benfica? Para ser justo, acredito que há muito que existem benfiquistas que não suportam Guerra ou o seu estilo, mas, mesmo para essas pessoas, por que motivo só agora o começam a dizê-lo em voz alta? Por que motivo não o fizeram antes? 

A resposta à última pergunta é fácil: nunca houve contestação antes porque Guerra, apesar de não ser apreciado, era tolerado por ser considerado uma pessoa útil para o Benfica.

A resposta à outra pergunta é mais complicada, mas muito interessante: por que razão Guerra passou a ser contestado agora? Por causa dos mails, obviamente. Mas, na minha opinião, Guerra nem escreveu nada de mal... as despesas da polémica foram alimentadas exclusivamente por Adão Mendes. Objetivamente, as únicas coisas de que Guerra pode ser responsabilizado são:

1) Não ter apagado os mails tal como solicitado por Adão Mendes;

2) Ter sido apanhado.

Curioso que, no entanto, ninguém questione as responsabilidades de quem paga a Pedro Guerra para fazer o que faz.

Just let that thought sink in for a minute.

Há quem pense que Pedro Guerra será usado como bode expiatório e afastado do clube, mas não tenho tanta certeza. Não acredito que Vieira o descarte, por um motivo muito simples: considerando a mentalidade arquivista de Guerra, é bastante provável que tenha guardado, numa arrecadação qualquer, muita informação incómoda. Possivelmente em papel...