quarta-feira, 12 de julho de 2017

Intervalo

Em agosto de 2013, comecei a escrever porque sentia necessidade de falar sobre assuntos que, a meu ver, não estavam a ser suficientemente explorados nos diversos espaços onde se falava de futebol. Já havia vários blogues a escrever muito e bem sobre o Sporting, mas achava importante haver uma abordagem mais completa e intensa sobre a parcialidade da comunicação social desportiva e sobre determinadas manobras menos claras por parte de determinados atores do futebol nacional. Foi essencialmente por isso que apareceu O Artista do Dia.

Os primeiros três meses de atividade foram os mais desafiantes. Não tendo contas pessoais no Facebook e no Twitter, desconhecia totalmente o potencial de divulgação das redes sociais. Também não conhecia ninguém da blogosfera, pelo que a evolução do número de visitas foi lentíssimo. Estamos a falar em médias de 20, 40, 60 visitas por dia. Eventualmente, o passa-palavra e a partilha de posts por parte dos leitores nas caixas de comentários de outros blogues, começaram a dar maior visibilidade ao Artista. O passo seguinte foi chegar às barras laterais de outros blogues sportinguistas com maior visibilidade (creio que o primeiro foi o A Norte de Alvalade), e, a partir daí, o número de leitores deste espaço começou a crescer muito mais rapidamente.

O arranque foi bastante lento e aos solavancos, mas tentei manter sempre - umas vezes melhor, outras vezes pior - a cadência, a qualidade e coerência dos posts. Isso nunca dependeu do número de visitas, tanto o fiz quando tinha 50 visualizações diárias, como o continuei a fazer com 50.000. No entanto, é óbvio que é extremamente gratificante ver que há tanta gente que aprecia e se revê no que escrevo. Esse foi sempre - a par com o desejo de servir o clube dentro das minhas limitadas capacidades - o principal combustível que me foi dando energia, pelo que tenho que agradecer a todos aqueles que estiveram e estão desse lado.

Nos quase quatro anos de atividade deste blogue, devem contar-se pelos dedos de uma mão o número de ocasiões em que estive mais do que dois dias sem escrever. No entanto, ao longo dos últimos meses tenho sentido necessidade de parar durante um bocado, sobretudo por causa do cansaço físico acumulado de noites consecutivas a pesquisar e a escrever. Isso refletiu-se, por exemplo, na minha reduzida presença na caixa de comentários, bastante inferior ao que desejava. Fiz um esforço para terminar a época, mas depois, com o aparecimento dos mails do Apito Abençoado, acabei por adiar a pausa que já tinha decidido fazer.

O meu primeiro desafio nesta paragem será conseguir vencer o hábito de escrever. Às tantas, a escrita tornou-se rotina e a rotina tornou-se num pequeno vício. Vou continuar no Twitter, para não ressacar completamente, e admito fazer um post ou outro ocasional se os acontecimentos assim o exigirem. Tenciono regressar - não sei se daqui a 2, 3, 4, ou mais semanas -, mas ainda não sei se no mesmo formato e regularidade. Logo verei quando chegar o momento.

Tanta coisa para estar a dizer que vai tirar umas semanas de férias?, perguntarão alguns de vocês. Bem, apesar de tudo o que escrevo ser exclusivamente um reflexo das minhas opiniões e experiências, tentei sempre manter o blogue tão impessoal quanto possível, de forma a manter o foco nos temas - e evitar apontá-lo para o próprio blogue e para o seu autor. Mas agora que vou fazer uma pausa que, para mim, é inédita e - admito - difícil, senti agora ser importante abrir um bocadinho o jogo daquilo que se passa neste lado, para ajudar a explicar a decisão que tomei. Creio que devo isso a quem tem seguido regularmente este blogue.

Perdoem-me, portanto, esta pequena quebra de "protocolo", mas posso assegurar-vos que, quando voltar, o foco continuará a ser, como sempre foi, o Sporting: para elogiar tantas vezes quanto conseguir, para criticar construtivamente quando achar necessário, e para defender sempre, com unhas e dentes - mas procurando fazê-lo sempre com coerência e honestidade intelectual. Sei que por vezes posso não ter razão no que escrevo, mas quando isso acontece nunca é por má vontade, preguiça, ou calculismo. É, simplesmente, porque sou falível como qualquer outra pessoa.

Obrigado por estarem desse lado e até breve, quando quer que isso seja - porque só há uma coisa que sei sobre o futuro: o futuro é Sporting, sempre.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Ofertas e "desenrascanço" de bilhetes para o futebol

"A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou esta segunda-feira que estão em curso diligências para que os três secretários de Estado que solicitaram este domingo a exoneração do Governo sejam constituídos arguidos no caso Galpgate. Fernando Rocha Andrade, João Vasconcelos e Jorge Oliveira deverão ser notificados rapidamente para serem ouvidos nos próximos dias na Polícia Judiciária como suspeitos da alegada prática do crime de recebimento indevido de vantagem, tal como o Observador já tinha avançado.
Estão em causa “viagens, refeições e bilhetes para diversos jogos da seleção nacional no Campeonato Europeu de futebol de 2016″, refere o comunicado da PGR."
“No âmbito do inquérito relacionado com viagens ao Euro2016, o Ministério Público determinou a constituição como arguidos de três secretários de Estado agora exonerados (Internacionalização, Assuntos Fiscais e Indústria), estando em curso diligências para a concretização desse despacho”, informa a PGR. 
Fonte: Observador (LINK

A notícia é de ontem. Três secretários de Estado, com pastas que, direta ou indiretamente, tutelam áreas de interesse da Galp, viajaram e assistiram a vários jogos da seleção portuguesa no Euro 2016 por conta da empresa. Por causa dessas ofertas são agora suspeitos do crime de recebimento indevido de vantagem.

Recebimento indevido de vantagem é um crime que está dentro da esfera da corrupção. A moldura penal prevê uma pena até cinco anos de prisão para quem usufrui dessa vantagem, e três anos de prisão para quem a dê ou prometa. É considerado menos grave que corrupção passiva porque, para haver corrupção passiva, é necessário que seja praticado algum ato ou omissão contrário ao dever do cargo. Ainda assim, é de corrupção que estamos a falar.

Apesar de recebimento indevido de vantagem ser um crime apenas aplicável a titulares de cargos públicos, é impossível não fazer a transposição para aquilo que os emails do Benfica revelaram sobre ofertas dos bilhetes a dirigentes e funcionários da Liga e Federação. Ao contrário do que os benfiquistas dizem, não falamos de cedências de bilhetes previstas nos regulamentos, pois nos regulamentos não estão previstas ofertas de convites duplos a quem quer que seja. Tem direito ao bilhete o dirigente ou funcionário em causa, não havendo direito a acompanhantes. Para além disso, cedências de bilhetes previstas nos regulamentos não têm que ser alvo de discussão interna entre administradores e assessores da SAD. Ou têm direito ou não têm. No âmbito dessa discussão interna, ficou claro que, em várias circunstâncias, o Benfica ofereceu bilhetes na perspetiva de obter vantagens para si ou como agradecimento por benefícios obtidos no passado.

Para quem diga que os dois casos são diferentes pelo facto de falarmos de bilhetes de futebol e de o Benfica ser um clube de futebol... seria menos grave se a Galp oferecesse combustível aos secretários de Estado? Obviamente que não. E seria menos grave se o Benfica oferecesse combustível aos dirigentes e funcionários da Liga e Federação. Claro que não.

Recuperemos os casos que envolvem o Benfica:
  • Cinco elementos da secção não profissional do Conselho de Disciplina terão recebido, cada um, um convite duplo para o Benfica - Juventus, porque, segundo Paulo Gonçalves, "estavam cheios de moral". Dias antes, este mesmo órgão tinha livrado Jorge Jesus de um castigo pesado.
  • Andreia Couto, Nuno Cabral e Emídio Fidalgo terão recebido convites para a final da Liga Europa entre Benfica e Sevilha, por, segundo Paulo Gonçalves, terem "de alguma maneira (...) ajudado o SLB no passado". Nuno Cabral era o delegado da Liga que, apenas um mês antes, tinha enviado documentos a Paulo Gonçalves e Vieira, na ânsia de se tornar "o menino bonito do Benfica". Emídio Fidalgo era o responsável dos delegados que, oito meses antes, fez vista grossa aos incidentes que envolveram Jesus e a polícia num jogo em Guimarães.
  • O mesmo Nuno Cabral terá recebido cinco convites para assistir ao Benfica - Nacional. A particularidade que torna este exemplo ainda mais delicioso, é que o Benfica sabia que dois desses convites se destinariam a árbitros assistentes... Por seu turno, Ferreira Nunes, responsável pelas classificações do árbitro, foi mais afortunado: ele e o filho tiveram direito a lugares no camarote presidencial.
  • Simões Dias, antigo delegado da Liga, viu-lhe serem "desenrascados" dois bilhetes para o Benfica - Nacional, jogo do título de 2015/16. Os bilhetinhos foram oferecidos porque, segundo Paulo Gonçalves, Simões Dias fez uma omissão num relatório de jogo que o "safou" a ele e a Nuno Gomes de uma sanção mais pesada, acabando, o próprio Simões Dias, por sofrer as consequências dessa omissão ao ser supenso por 18 meses por falsificação de relatório.
  • Luciano Gonçalves, presidente da APAF, solicitou 50 bilhetes a preços de amigo. Domingos Soares de Oliveira "insistiu" que se oferecessem esses bilhetes, "tendo em consideração quem é" a pessoa em questão. Paulo Gonçalves concordou com a oferta, pois, segundo o que escreveu, nunca é bom ter alguém como Luciano Gonçalves contra o Benfica, ainda mais quando o presidente da APAF seria uma das testemunhas a ser ouvida num processo que interessava ao clube.

Só não percebe as motivações destas ofertas quem não quiser. Falamos de pessoas que ocupam ou ocupavam cargos em que a isenção é um fator essencial, algumas das quais com poder para influenciar o desfecho de situações que podem afetar o decurso das competições. Algumas delas cometeram, comprovadamente, atos ou omissões contrários ao seu cargo com o intuito consciente de ajudar o Benfica. Tudo junto, e à luz do que podemos observar no caso da Galp, vamos continuar a fingir que, no caso do Benfica, não existem fortes indícios de corrupção?

P.S.: a imagem que coloquei para ilustrar este post é de um bilhete oferecido pelo Gabinete Jurídico do Benfica (onde trabalha Paulo Gonçalves)... ao irmão de Nuno Cabral, árbitro de futebol (LINK). Ninguém revelou emails sobre esta oferta em particular, pelo que não sabemos por que motivo o dito bilhete foi oferecido. Mas lá que é mais uma oferta curiosa, lá isso é...

Onda Verde na Suiça

Foi fantástica a receção que os jogadores do Sporting tiveram na chegada a Genebra. Para um clube que não é campeão há tanto tempo, é extraordinária a devoção que ainda desperta junto de quem vive tão longe e, mais impressionante ainda, de miúdos tão novos, que não sabem o que é festejar um campeonato.

Agora imaginem o que será quando o clube voltar a ganhar com regularidade.

Ficam as imagens captadas pela Sporting TV:





segunda-feira, 10 de julho de 2017

Resumo dos emails do Apito Abençoado

Foram tantos os emails revelados do Benfica, que acabou por ficar difícil reter todas as informações relevantes que passaram a ser conhecidas do domínio público. Para além disso, como os ditos emails foram sendo divulgados em blocos temáticos, perdeu-se um pouco a perceção da relação temporal entre todos eles.

Como tal, achei que seria útil fazer um apanhado de tudo o que foi publicado, quer no Porto Canal, quer no Expresso, ordenado cronologicamente, e com destaque para aquelas que me pareceram as passagens mais relevantes.

Não é impossível que me tenha esquecido de algo importante, pelo que se detetarem algo que não foi incluído, por favor digam-me.

Aqui fica então o resumo cronológico dos emails do Apito Abençoado:

























É feriado hoje, c@%@$&o!!!, parte 2

Vídeo de GonzaaL.Vale a pena ver.









É feriado hoje, c@%@$&o!!!

Faz hoje um ano que o futebol português viveu o momento mais alto da sua história, através dos pés do mais improvável dos heróis.










sábado, 8 de julho de 2017

#juntos


As águias fazem boicote à consagração. Os árbitros também faltaram como forma de protesto. Os premiados benfiquistas não marcaram presença. O árbitro Jorge Sousa também não foi receber o prémio que lhe foi atribuído. 

É bonito. Os padres e os acólitos, os templários e os bispos, todos em sintonia. Poderia dizer que são duas faces da mesma moeda, mas isso seria demasiado redutor para descrever um objeto que já se viu ser bastante mais complexo, tantas são as faces que se vão descobrindo. Seria injusto deixar de forma os delegados, os dirigentes associativos, os dirigentes da liga, o César da mala, a legião de candidatos a meninos bonitos e de malta que se faz a uns bilhetinhos nos grandes momentos.

Nunca fez tanto sentido ver aparecerem lado a lado duas notícias que, à primeira vista, não estão ligadas entre si. Na realidade, é a consagração daquilo que realmente deveria ser consagrado.

#juntos

Rola a bola!


Empate a um golo contra o Belenenses no primeiro jogo da pré-temporada. Como é evidente, não faz qualquer sentido estarmos a tirar quaisquer conclusões definitivas daquilo que tivemos oportunidade de assistir. De qualquer forma, aqui ficam aqueles que, para mim, foram os destaques pela positiva:

1. Petrovic, após uma entrada em jogo hesitante, conseguiu libertar-se e mostrou velocidade e verticalidade

2. Gelson Dala, Iuri Medeiros e Leonardo Ruiz, a espaços

3. João Palhinha a varrer defensivamente

sexta-feira, 7 de julho de 2017

21.959

Retirado do site do Sporting (LINK):

"Amanhã, 8 de Julho, assinala o arranque da fase de vendas da Gamebox 2017/2018
O Sporting Clube de Portugal informa que encerrou a fase de renovações com 21.959 lugares anuais vendidos para a nova época desportiva – o melhor registo de sempre na primeira fase de vendas do novo Estádio José Alvalade - sendo que o limite de Gamebox vendidas para 2017/2018 são 30.000 unidades em exclusivo para Sócios do Sporting Clube de Portugal."

Bons números, que reforçam a tendência dos últimos 4 anos de recuperação do hábito de ver os jogos no estádio - apesar de o clube continuar há imenso tempo sem conseguir ganhar o campeonato. Continuando assim, será uma questão de tempo até as casas cheias se tornarem algo rotineiro.


BOMBA: imagens exclusivas do choque entre BdC e JJ sobre Ié



Imagens chocantes, que demonstram até alguma violência naquilo a que o Correio da Manhã designou, algo eufemisticamente, de "choque". Os rostos não se percebem claramente, mas as palavras que se conseguem ouvir não enganam.

Aqui fica o vídeo:







Rúben Neves, Casillas e o Fair Play Financeiro

Parece inegável que a pré-temporada do Porto está a ser fortemente condicionada pela sua situação financeira. Os fortes prejuízos dos últimos dois anos, aliados à dificuldade de valorização de atletas face à ausência de sucesso desportivo, fazem lembrar - sem o mesmo nível de gravidade, pelo menos por agora - aquilo que o Sporting viveu durante a presidência de Godinho Lopes.

A forma como Rúben Neves está a ser negociado é uma consequência desses constrangimentos. No âmbito da falta de cumprimento por parte do Porto do Fair Play Financeiro, a UEFA aplicou várias medidas que o clube terá que cumprir religiosamente. Uma das imposições da UEFA definem que o Porto teria que chegar ao fim de 2016/17 com o máximo de 30 milhões de prejuízo. Como a época terminava oficialmente a 30 de junho, o Porto deixou passar para a imprensa que o jogador estaria vendido, mas a verdade é que até à hora em que escrevo este texto, nada foi oficializado.

Ainda na quarta-feira passada, ou seja, no dia 5 de julho, ou seja, já em período de 2017/18, Nuno Espírito Santo referiu-se ao negócio e confirmou que ainda não está fechado. No entanto, tenho poucas dúvidas de que o negócio de Rúben Neves entrará nas contas de 2016/17, à imagem do esquema que o Porto montou na venda de Jackson Martinez ao Atlético Madrid. Para quem não se recorde desse episódio, o Porto anunciou a venda, sem explicitar montantes, após as 23h do dia 30 de junho - que, em Espanha, já correspondia ao mês de julho, devido à diferença horária. Só cerca de duas semanas depois o acordo foi realmente fechado, mas ambos os clubes meteram o negócio no exercício que lhes interessava. O que não se compreende é como é que a CMVM permite operações destas..

Poderia ser um grande sarilho para o Porto não cumprir o primeiro passo de um acordo bastante favorável que a UEFA estipulou, mas esse problema parece resolvido. De qualquer forma, nem tudo foram rosas. A necessidade de vender acabou por retirar poder negocial ao clube, que se viu condenado a ter que recorrer aos serviços de Jorge Mendes - quer na venda de Rúben, quer na venda de André Silva. Ambos os negócios são, a meu ver, bons para o Porto, se considerarmos apenas aquilo que os atletas têm feito dentro de campo, e se não olharmos para o seu potencial. Mas convém não esquecer que os negócios com Mendes implicam, normalmente, outro tipo de obrigações.

A imposição da UEFA que, a meu ver, é mais complicada de atingir, é a de adequar os custos com pessoal para uma percentagem (não divulgada) das receitas operacionais excluindo venda de jogadores. É um desequilíbrio que, para ser resolvido, implicará a redefinição do plantel através  de cortes sempre dolorosos. E aí, o anúncio de Casillas em acionar a opção de mais um ano de contrato acaba por complicar as contas. Sendo o jogador mais bem pago em Portugal, acredito que o Porto veria a sua saída de bom grado - mesmo considerando a excelente segunda época que fez de dragão ao peito -, ainda para mais quando se sabe que o Real Madrid já não comparticipará 50% do salário na época que agora começa. Resta a dúvida sobre se o guarda-redes espanhol aceitou abdicar da parte do vencimento que era coberto pelo seu antigo clube, e, em caso negativo, se também aqui existirá alguma solução contabilisticamente criativa que ajude a contornar o problema que isso constituiria para o acordo com a UEFA. A forma como o Porto irá gerir a tesouraria nos próximos meses poderá ajudar a perceber se houve ou não cedência por parte do jogador.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

A polémica Coentrão


No final da tarde de ontem, o Sporting divulgou um curtíssimo vídeo de Fábio Coentrão, com o novo equipamento, em que passa uma mensagem no âmbito da campanha "Feito de SporTIng":



A reação nas redes sociais não se fez esperar, principalmente à custa de muitos adeptos benfiquistas que não gostaram do que viram. Algumas das reações foram degradantes, com ataques violentíssimos ao jogador e à família. Nada - atenção - que não se tenha visto em adeptos de outros clubes, noutras ocasiões. Mas a reação com maior visibilidade acabou por ser a de um antigo companheiro de equipa de Fábio Coentrão:


Salvio, que foi companheiro de Coentrão no Benfica em 2010/11, poderia ter-se dispensado de fazer este comentário. Em primeiro lugar, porque nunca se sabe o que o futuro lhe reserva. Depois, porque tem na sua equipa um caso de um jogador que deu uma facada imensamente superior no rival. Falo, obviamente, de André Carrillo.


Acredito pouco em juras de amor por parte de jogadores profissionais de futebol e dou-lhes, habitualmente, pouco valor. Parece-me óbvio que Coentrão foi muito feliz enquanto esteve no Benfica, e, por isso, é natural que sinta gratidão para com o clube. E também é normal que os adeptos de um determinado clube reajam negativamente quando alguém que envergou a sua camisola assina por um rival.

Não ignorando o efeito que este tipo de transferências tem nas rivalidades, não vejo a vinda de Coentrão para o Sporting uma facada no Benfica. Falamos de alguém que esteve seis anos no estrangeiro, em quem o Benfica não tinha interesse, e que, mesmo que o Benfica tivesse interesse, dificilmente regressaria à Luz enquanto tivesse contrato com o Real Madrid (em virtude do recente conflito entre os dois clubes por causa de Garay). Coentrão, em momento algum, foi desrespeitoso para com o Benfica. Ao invés, Carrillo recusou-se a renovar com o Sporting, mandando fora o investimento de tempo e dinheiro que o clube fez em si durante 5 anos, impedindo que obtivesse retorno com uma venda, e ainda arranjou tempo para picar o Sporting através das redes sociais. Não me parecem casos minimamente comparáveis.

No sentido inverso - para não se dizer que só há facadas num único sentido -, temos, por exemplo, o caso de Nélson Évora.

Quanto ao ser "Feito de Sporting", é o motto sportinguista para a época. Mas mesmo que se queira fazer uma interpretação mais literal e pessoal, Coentrão até tem alguma legitimidade para dizer o que disse.


Coentrão assistia, em miúdo, a jogos do Sporting no norte do país, integrado nas claques sportinguistas. É, efetivamente, sportinguista desde pequenino.

Voltando ao início do texto, obviamente que tudo isto vale o que vale, mas o que é realmente importante é que há vários sinais que me fazem crer que Coentrão vem muito motivado para regressar ao seu melhor nível. Se o irá conseguir, se o corpo o irá permitir, cá estaremos para ver. Mas que parece vir com ganas, lá isso parece.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

O mural do pavilhão


Considerando que a promessa era a colocação de um mural com todos os nomes, era complicado fazê-lo de forma que todos consigam ver os seus nomes sem dificuldade. A área é de 130 m2, o que significa que, para ficar legível, teria que haver um máximo de 2 metros de altura, o que implicaria 65 metros de comprimento.

Talvez, com alguma criatividade, se pudesse encontrar outra solução, mas duvido que fosse possível ir ao encontro do gosto de todos. (há alguma coisa no Sporting que consiga agradar a todos?)

O resultado final parece-me bastante bom. Simples e elegante, perpetuará os nomes de todos os que contribuíram para a sua construção.

Bem-vindo, Fábio!

Não estou propriamente confiante com a contratação de Fábio Coentrão, devido às questões físicas que o têm assolado nos últimos anos. Creio, no entanto, que é um risco que vale a pena correr, nomeadamente nos moldes que ficaram acordados entre Sporting e Real Madrid: empréstimo. Melhor, apenas se houvesse uma opção de compra garantida.

O melhor Fábio Coentrão seria uma adição extraordinária ao plantel. Ainda há dois anos era, na minha opinião, um dos três jogadores mais importantes da seleção nacional. A dúvida - pertinente - que se levanta é se o melhor Coentrão ainda é recuperável, física e psicologicamente. A última está sobretudo dependente da primeira. Jesus conhece-o melhor que ninguém, e Coentrão sente-se perfeitamente confortável com Jesus. Logo, se Coentrão estiver em condições de jogar regularmente, a questão psicológica ultrapassar-se-á facilmente - caso os sportinguistas saibam ter a paciência necessária. Infelizmente, isso nem sempre tem acontecido...

Bem-vindo, Fábio!


A entrevista de Bruno de Carvalho à Bloomberg

Bruno de Carvalho deu uma entrevista à Bloomberg onde abordou dois tópicos da atualidade extremamente sensíveis: a podridão que se consegue depreender dos emails do Benfica (e não só), e o dinheiro das transferências que sai do futebol para os bolsos de comissionistas e oportunistas. O primeiro tem sido tema central nos últimos tempos, pelo que me vou debruçar no segundo.

O futebol português está carregado de indícios de que há demasiado dinheiro a sair de circulação sem que as autoridades demonstrem qualquer tipo de preocupação em investigar o destino desses desvios. Infelizmente, também não há qualquer interesse por parte da imprensa desportiva em analisar de forma séria este caso. Mas não é por falta de oportunidade. Temos dois dos clubes que, ao longo da última década, mais faturaram a nível mundial, e que, em simultâneo, gastam dinheiro nas transferências mais estapafúrdias que se possa imaginar: os sul-americanos e africanos que vão parar à equipa B do Porto com cláusulas absurdas, os Jovics e Saponjics que apenas servem para rechear bolsos de empresários, para não falar dos Franciscos Veras da vida. Olhando para o estado das contas e para a forma como certas personagens se movimentam no mercado, já todos perceberam que o panorama financeiro está longe de ser tão fulgurante como se tenta fazer crer. Há muito dinheiro que não está onde se pensa que está.

Bruno de Carvalho já percebeu como funcionam as coisas cá dentro. As instituições nacionais, por respeitarem demasiado o status quo - heranças do salazarismo? -, não mexem uma palha para mudar aquilo que tem de ser mudado. Exemplos, temos vários: presidente do Sporting à parte, não houve em Portugal uma única voz anti-fundos, até lá fora terem decidido acabar com eles; e o mesmo se aplica ao VAR, cujas virtudes só começaram a ser mencionadas por cá depois de a sua implementação estar consumada. 

Como tal, a estratégia de Bruno de Carvalho em falar para os media internacionais é inteligente. Nem foi preciso entrar em demasiados pormenores, porque o essencial é que o tema comece a ser debatido lá fora. As forças que são colocadas em causa na peça da Bloomberg dizem respeito a atores demasiado poderosos, com laços demasiado estreitos com aqueles que, por cá, deveriam fazer o imprescindível escrutínio. É bem provável que o presidente apareça, em breve, a falar para outros órgãos de comunicação social estrangeiros.

É certo que a FIFA já lançou umas medidas para regular as finanças dos clubes e a atividade dos agentes e intermediários, mas também já todos perceberam que ficaram muito aquém das necessidades. O Financial Fair Play tem uma eficácia discutível, pois, nos moldes atuais, pouco pode fazer contra clubes que decidam recorrer a formas mais criativas de mascarar contas deficitárias. E as guidelines para a atuação dos agentes tiveram um resultado ainda mais inócuo. Mas parece-me que é uma questão de tempo até começarem a ser estudadas e aplicadas outro tipo de medidas. O futebol começa a gerar montantes de faturação demasiado altos para se manter um nível de fiscalização tão pequeno como aquele que existe atualmente. As mudanças poderão não aparecer agora, ou nem sequer no próximo ano ou dois, mas são inevitáveis.

A quem diz que esta postura de Bruno de Carvalho é autodestrutiva e não passa de uma espécie de política de terra queimada... basta olhar com olhos de ver para perceber que o solo está esturricado há muito tempo.

terça-feira, 4 de julho de 2017

A "fonte oficial do Benfica" contra-ataca

Depois de um mês de paragem, a época 2017/18 está agora a dar os primeiros passos. Os jogadores começam a dar as primeiras corridas, enquanto os treinadores e dirigentes vivem numa azáfama para construir o melhor conjunto de jogadores possível. No entanto, o nível de desinformação lançado pelas máquinas de propaganda dos clubes, que não tiveram direito a descanso, parece continuar num ritmo absolutamente inexcedível.

Ontem, no programa Dia Seguinte, discutia-se o contrato de prestação de serviços de macumba assinado por Rui Gomes da Silva, em nome do Benfica, com o General Nhaga, quando Paulo Farinha Alves lançou uma hipótese para a forma como o Porto terá tido acesso aos emails do rival:


A reação da máquina benfiquista não se fez esperar. Ainda não tinham passado 8 minutos - OITO MINUTOS! - após as palavras de Farinha Alves, e já Paulo Garcia puxava dos galões e anunciava, com toda a pompa e circunstância, que o Benfica não tinha sido alvo de buscas.

(via @JomesBand)


A informação dada pela fonte oficial do Benfica cheirava a esturro, a ponto de Guilherme Aguiar a questionar veementemente logo no momento.

E fez bem em questioná-la, porque no dia 11 de outubro de 2016 - ou seja, há menos de 9 meses - aconteceu isto:

(via @JomesBand)

Para além desta, convém relembrar que também existiram buscas no âmbito do caso da Porta 18. Mais uma vez, as fontes oficiais do Benfica a demonstrarem um relacionamento difícil com a verdade, na ânsia de resolver de imediato situações incómodas, nem que para isso lancem cortinas de fumo que podem ser facilmente disspadas. Perante isto, a hipótese de Paulo Farinha Alves acaba por ganhar força.

Mas não foi o único momento interessante do programa. Antes deste episódio, Rui Gomes da Silva negou que a assinatura no contrato de prestação de serviços de macumba fosse sua:


Francisco J. Marques também não tardou a reagir, mas apresentou-se melhor munido de argumentos do que a fonte oficial do Benfica...


segunda-feira, 3 de julho de 2017

Falar à Sporting


Foram vários os bons momentos da IV Gala Honoris, mas gostaria de destacar a pequena entrevista dada por Matej Asanin à Sporting TV à entrada para o evento. As palavras do guarda-redes da equipa de andebol resumem aquilo que se deseja de qualquer atleta do clube: compreensão daquilo que é o Sporting e ambição total.

"[A época] Não foi perfeita, porque só conseguimos dois títulos de três. Se foi uma época positiva? Foi.".

"No nosso pavilhão, com esses adeptos que temos? Não vai haver adversário que não vão ter medo.".

Aqui fica a entrevista completa, que demorou cerca de dois minutos. Vale a pena ver.


Mathieu já treina


Plantel bastante mais composto nos trabalhos na nova semana, com a presença de Bas Dost, dos jogadores que estiveram no europeu sub-21 - Podence, Iuri, Geraldes, Tobias e Bruno Fernandes -, mas também de Jeremy Mathieu.

Parece-me bastante prudente e sensato o acordo que o Sporting conseguiu com o Barcelona. Não tenho dúvidas que o jogador tem todos os atributos técnico-táticos necessários para ser o central de que precisamos, mas há sempre a questão física e motivacional. As três semanas que ambos os clubes definiram para avaliar o estado do jogador é bastante conveniente para o Sporting, para evitar situações como as de Ciani.

Parece-me que o facto de o jogador ter aceitado este período à experiência significa, pelo menos, que vem motivado para agarrar a oportunidade. Resta saber se as lesões que o apoquentaram na época passada estarão totalmente ultrapassadas.

Estado de choque


E foi logo em dose dupla...


domingo, 2 de julho de 2017

Lá estão os lagartos com a mania das teorias da conspiração

Andam os lagartos a criticar os jornalistas pelos comentários feitos sobre o futuro de Adrien e Gelson, mas também houve uma referência na flash interview ao futuro de Pizzi e disso não falam...

Aqui fica o meu mea culpa: de facto, também se falou do futuro imediato de Pizzi - de quem se diz, como se sabe, estar na lista de potenciais contratações do Monaco. Para que não me acusem de desonestidade intelectual, aqui fica o vídeo com o momento.






A imbecilidade do costume

Entrevistas rápidas no final do Portugal - México.

João Pedro Mendonça pergunta a Adrien: "E agora regressa aonde? A Alvalade?". 

Resposta de Adrien: "Sim, agora sim."

João Pedro Mendonça pergunta a Gelson: "E é em Alvalade que se vai apresentar?". 

Resposta de Gelson: "Claro, é o meu clube."

O que diz o brilhante Hugo Gilberto ao retomar a emissão em estúdio?



Hugo Gilberto a querer regressar ao nível que o celebrizou. Afinal, falamos da personagem que teve esta prestação no final de um jogo que apurou Portugal para um mundial...

sábado, 1 de julho de 2017

As novas camisolas

Foram ontem apresentados os novos equipamentos para a época 2016/17.

Como seria de esperar, a maior expetativa recaía na camisola alternativa, escolhida a partir das criações dos sportinguistas no âmbito de um concurso lançado na época anterior. Não posso dizer que esteja a morrer de amores pelo resultado final. Os pormenores são muito interessantes e bem conseguidos, mas a escolha daquele verde...

Ainda assim, nas imagens, a camisola parece-me melhorzita. Mas a primeira impressão, ao vê-la envergada na gala pelos jogadores, não foi boa. Só conseguia ver mangas...

Aqui ficam as imagens divulgadas pelo Sporting.






111 anos de histórias para contar

Está-se a preparar um grande dia para celebrar o 111º aniversário do Sporting. Depois de a Gala Honoris ter iniciado as comemorações, os sportinguistas poderão, durante o dia de hoje, entre outras coisas, visitar o estádio, o museu, o novo pavilhão e as infraestruturas adjacentes, tudo com entrada livre.


Mas, para além dos eventos preparados nas imediações do estádio e pavilhão, há ainda a oportunidade para as crianças experimentarem jogar rugby na Cidade Universitária.


Não podia haver melhor forma de assinalar 111 anos de histórias maravilhosas para contar. Viva o Sporting!