quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Na luta até ao fim

Se houver uma nota artística aplicada ao pragmatismo de uma exibição, então penso que se pode dizer que o Sporting atingiu praticamente a perfeição no jogo de ontem contra o Olympiacos. Jogo completamente controlado do início ao fim, capacidade para criar várias ocasiões de golo sem oferecer aos gregos espaço para contra-atacar, e bom nível de eficácia no momento de meter a bola na baliza. Um desnível acentuado que ajudou a recordar que o domínio registado no jogo da Grécia - numa altura em que tínhamos o melhor onze disponível - não foi nenhum acidente, e que consolida um percurso europeu que, mesmo se não acabar como todos desejamos, tem de ser considerado muito positivo.




Na luta, a um jogo do fim - quando o sorteio agrupou o Sporting com estes três adversários, terão sido muito poucos aqueles que imaginavam que seria possível estarmos a disputar a passagem à fase seguinte no arranque da última jornada. Será muito díficil chegar ao 2º lugar? Certamente que sim, mas olhando para o que tem sido a qualidade de jogo das várias equipas neste grupo, não é de todo impossível. Defrontaremos um Barcelona já com o 1º lugar assegurado que terá margem para rodar a equipa, e os italianos vão a um estádio sempre complicado - onde o próprio Barcelona não passou. Resta saber qual a carne que os gregos colocarão no assador, tendo o seu destino europeu já definido. Mas, seja qual for o desfecho das partidas que restam, nada pode apagar uma participação muito meritória de um clube que, após alguns anos traumáticos, se voltou a habituar a jogar de igual para igual com qualquer equipa da Europa.

Killer Dost - o holandês estreou-se a marcar na fase de grupos da Liga dos Campeões (já tinha marcado um golo em Bucareste), respondendo da melhor forma à oportunidade falhada no início da partida. Está de regresso à sua melhor forma, voltando aos registos assombrosos de eficácia finalizadora. Se continuar assim, estaremos muito mais perto de vencer os jogos que se seguirão.

O regresso de alguns dos lesionados - ainda não foi desta que o Sporting conseguiu juntar o seu onze mais forte (Coates e Acuña, por motivos distintos, não puderam jogar), mas a presença de Mathieu, William, Piccini e Coentrão eleva a capacidade desta equipa para um outro nível: os laterais, mantendo a qualidade defensiva a que já nos habituaram, estiveram muito mais ativos na manobra ofensiva do que tem sido habitual, enquanto a presença de Mathieu e William acrescenta, por si só, uma segurança muito maior nas saídas para o ataque. Mas é justo referir que tanto André Pinto como Bruno César, os dois jogadores que renderam Coates e Acuña, estiveram também a um nível elevadíssimo.

Gestão de jogo perfeita - controlo total do ritmo de jogo, resultado resolvido relativamente cedo, e até deu para utilizar as substituições para poupar alguns dos jogadores regressados de lesões. O golo sofrido não belisca uma gestão de jogo perfeita.



Banco muito curto - felizmente não foi necessário, mas as alternativas que havia no banco não eram propriamente tranquilizadoras, na eventualidade de acontecer alguma lesão ou haver necessidade de promover alguma alteração tática. Apenas dois jogadores de cariz ofensivo, sendo que um deles pouco ou nada tem rendido, e, tirando Podence, o melhor que se pode dizer de todos os jogadores que estavam sentados no banco é que podem ser úteis em situações muito específicas. Se por acaso o jogo se complicasse, dificilmente seria resolvido através de substituições. Há trabalho para fazer na janela de transferências de janeiro.



Foi um jogo entretido que não provocou grandes sobressaltos ao tão massacrado coração do adepto sportinguista, que deu mais três pontitos, mais um milhão e meio de euros para a nossa conta bancária (claro que haverá quem diga que é tudo para pagar à Doyen), e que coloca a Juventus em estado de alerta máximo para a última jornada. All in all, nada mau para uma noite de quarta-feira. Mas agora, como disse ontem um reputado treinador nacional, temos de pensar que há vida depois da Champions: é fundamental mudar o chip para o campeonato. Essa, sim, tem de ser encarada como a principal prioridade, agora e sempre.