sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Platini e o exemplo do rugby

Platini, em entrevista, abre a porta a uma alteração das regras de forma a penalizar no próprio jogo as equipas mais faltosas.

in maisfutebol.pt

O presidente da UEFA, Michel Platini, propôs trocar os cartões amarelos por exclusões temporárias do jogador.

«Eu mudaria o sistema de advertências, os cartões», disse o francês em entrevista ao AS. Platini explicou depois que em vez de receber um cartão amarelo «um jogador ficaria 10 ou 15 minutos fora do jogo».

O presidente da UEFA considera que «dessa forma, o benefício é da equipa opositora, no mesmo jogo, em vez de uma punição que transita para o jogo contra uma terceira equipa, a próxima no calendário».

Depois de lançar «apenas uma ideia», Platini concluiu: «Agora precisa de amadurecer para vermos se pode realmente ser bom para o jogo. É uma proposta a ser explorada.»

Se é para seguir o exemplo das boas medidas adotadas pelo rugby, proponho que a primeira seja a possibilidade de os médicos e massagistas poderem assistir um jogador lesionado com o jogo a decorrer, sem que se tenha que ser interrompido. 

A quantidade de vezes que um jogo é interrompido para assistências médicas (ou pseudo-assistências é uma aberração, e se essa medida fosse aplicada todos sabemos que as lesões de jogadores cairiam a pique.

A questão de penalizar as equipas mais faltosas no próprio jogo parece-me interessante, mas a proposta de Platini parece-me demasiado penalizadora. O rugby é um desporto com uma componente física que permite um nível de contacto completamente diferente, que  não é permitida no futebol e que por vezes não pode ser evitado. E com a quantidade de amarelos que os árbitros mostram por cá pouco seria o tempo em que se jogaria 11 contra 11.

Por exemplo, talvez fosse mais apropriado retirar um jogador de campo por n minutos por cada 5 faltas que uma equipa comete. Ainda seria mais justo se um jogador saísse de campo temporariamente por cada 3 faltas que cometesse, mas isso se calhar seria demasiado difícil de controlar -- e temos que considerar que nas ligas inferiores o controlo de uma regra destas exigiria recursos que não estão disponíveis.

E ainda há as questões da introdução da tecnologia e da avaliação de lances polémicos através de vídeo nas competições principais, mas isso parece algo bastante mais difícil de implementar, principalmente quando a FIFA não demonstra grande vontade de ir por aí.

De qualquer forma, parece-me bastante positivo esta abertura de Platini à revisão de algumas regras. É que uma coisa é certa: há muito por onde melhorar o futebol e não deve haver tanto receio em experimentar medidas novas. Lembro, por exemplo, a proibição de os guarda-redes agarrarem a bola quando são atrasos com o pé. Deu origem a alguns casos polémicos, mas o balanço é bastante positivo.