sábado, 2 de dezembro de 2017

Rescaldo dos jogos de ontem

Por questões familiares (das boas) calhou não poder ir ao estádio ver o Sporting - Belenenses. Fui acompanhando o jogo como pude. A equipa pareceu entrar com vontade de marcar cedo, e marcámos cedo. Infelizmente, a vontade de resolver o jogo cedo não foi tão grande como a de marcar cedo, e gradualmente a equipa foi perdendo agressividade e velocidade. Na segunda parte registou-se uma penosa continuidade do crescente desinteresse dos últimos 15 minutos da primeira, o que, não sendo um indicador desejável, sempre é melhor do que ser penosa pelos arrepios criados pelos adversários junto à nossa baliza. Neste aspeto, não há nada a apontar à segurança defensiva da equipa e à (excelente) gestão de tempo que fizemos no final: a última vez que o Belenenses colocou a bola na nossa área foi aos 83'48''.

O Sporting precisava de ganhar para poder assistir de cadeirinha ao clássico, e ganhou. Há uma semana, precisava de ganhar em Paços para aproveitar o deslize do Porto na Vila das Aves, e também ganhou. A nota artística tem estado abaixo do que todos gostaríamos, mas houve, pelo menos, pragmatismo q.b. para assegurar os três pontos em ambas as ocasiões. Quando entrámos na última paragem das seleções, estávamos a quatro pontos do Porto e à beira de entrar num estado de depressão. Duas jornadas depois, partilhamos a liderança com o Porto. Daqui a uma semana pode calhar-nos a nós um mau resultado, mas está visto que não vale a pena ficar deprimido pela perda de pontos num jogo, pois está visto que este campeonato não ficará decidido em fevereiro ou em março, para nenhum dos três candidatos.

Depois, o clássico. Estava a torcer pelo empate e, felizmente, os nossos rivais, o Jorge Sousa e o Marega fizeram-me a vontade. Parecia quase impossível, mas o trabalho do proclamado melhor árbitro português conseguiu ser ainda pior do que o do Benfica - Sporting da época passada. Perdoou uma expulsão a Felipe logo no início da partida - uma varridela bárbara por trás a Jonas. No final da primeira parte, não viu uma mão de Luisão na área: se o jogador está de frente para o lance, se o cruzamento não é feito na queima e se não há qualquer ressalto, então a abordagem de Luisão ao lance é imprudente e tinha de ser marcado penálti. Pior ainda, foi o VAR não ter visto. Não há qualquer desculpa: esta decisão é uma autêntica vergonha. Vergonhosa também foi a decisão do fiscal-de-linha em assinalar um fora-de-jogo num lance que viria a terminar dentro da baliza de Varela. O VAR, aqui, não podia fazer nada, pois o árbitro tinha apitado décimas de segundo antes de Herrera finalizar. Já tinha acontecido no Sporting - Braga, e voltou a acontecer aqui: não é admissível que os árbitros não esperem para ver o que lance dará. Se for golo, têm todas as condições para tomar uma boa decisão recorrendo às imagens. Jorge Sousa não é um árbitro inexperiente. Seria bom que esclarecesse por que razão agiu assim, mas já sabemos que os árbitros só podem falar publicamente sobre um jogo como operação de limpeza de imagem após roubarem escandalosamente o Sporting. Mas mostrou bem o segundo amarelo a Zivkovic, um ou dois minutos depois do primeiro por não ter dado espaço à marcação de um livre.

Foi má de mais a arbitragem. Repito, Jorge Sousa é considerado o melhor árbitro nacional, e voltou a ter uma prestação lastimável num jogo entre grandes (curiosamente a beneficiar novamente o Benfica). Infelizmente, tem sido esta a regra das arbitragens nas últimas semanas. A APAF devia fazer um favor ao futebol português e decretar greve pelo menos até 2025.

Em relação ao jogo jogado: sem jogar especialmente bem, o Porto fez mais do que o suficiente para ganhar confortavelmente, mas o Marega de outros tempos voltou na pior altura possível, desperdiçando três ou quatro oportunidades flagrantes. É por isso que disse, quando o Benfica ficou a 5 pontos de Sporting e Porto, que me continuava a preocupar mais o Benfica do que o Porto. Sérgio Conceição tem feito um início de época acima de todas as expectativas, mas o campeonato é longo e o Porto é a única equipa que não tem um finalizador nato. Aboubakar tem marcado muitos golos mais devido ao elevado volume ofensivo, muito à conta de Brahimi, do que graças à sua eficácia. Com o inverno a chegar, não acredito que Brahimi e Aboubakar consigam manter um rendimento semelhante. O Benfica tem matadores, tem muita experiência e sabe sofrer, e também tem os padres. 

Voltando ao jogo, foi impressionante ver a diferença da capacidade física entre as duas equipas. A partir dos 55/60 minutos, o Porto não deixava o Benfica respirar, ganhava todas as segundas bolas e chegava com enorme facilidade à área. O único período em que o Benfica conseguiu sacudir essa pressão foi com a entrada de Zivkovic. Infelizmente para o Benfica, a sua presença em campo apenas durou cerca de 6 minutos.

O Benfica sai obviamente satisfeito com o empate, porque com menos sorte podia ter saído do Dragão com um cabaz dos antigos. O Porto sai obviamente insatisfeito, porque, para além de ter empatado um jogo importante que mereceu ganhar, viu o seu avanço a ser reduzido de 4 e 5 pontos sobre os perseguidores para 0 e 3 pontos no espaço de uma semana. O Sporting, a partir do momento em que fez a sua obrigação, saíria sempre satisfeito. Mas este empate é, a meu ver, aquele que nos era mais favorável.